XII

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Estava deitado em sua cama. Meg trocou a companhia dele por uma viagem de volta ao passado. Pensava no que isso poderia significar quando seu celular tocou. Era ela. Sua voz estava tensa. Algo não sairá como ela imaginara. Ele precisava ajudá-la. Largou tudo e foi ao seu encontro.



Renato começa a recobrar os sentidos. Ainda sente a parte da nuca doendo fortemente. Anna está caída ao lado dele desacordada. Estão em um porão mal iluminado, sem muitas coisas guardadas. Ele vai até ela e tenta acorda-la. Demora algum tempo e assim que abre os olhos, ela se sente muito confusa. Mas logo começa a se lembrar do que aconteceu e, então, seus olhos se enchem de lágrimas.

- Renato... onde...Oh, meu Deus...meu pai...ele estava sentado...ele...ele estava...morto — ele a abraça. Pergunta se ela se lembra do que aconteceu depois, mas ela responde que não. Deve ter levado uma pancada por trás das costas, como ele, o que não permitiu que visse seu agressor.

A porta que dá acesso ao porão é aberta. Pela pequena escada de madeira, desce um homem alto, moreno, com um dos braços tatuados e a barba espessa. Ele para no meio da escada. Olha para trás e avisa a quem quer que fosse que os dois estão acordados. O homem termina de descer as escadas. Fica parado bem em frente aos dois.

Logo em seguida, uma mulher magra e de cabelos ruivos longos e volumosos desce ao porão pela mesma escada. No momento que ela entra no campo de visão dos dois, eles falam ao mesmo tempo o nome dela, surpresos: - Meg!

- Você a conhece? — Anna pergunta para Renato. Não acha uma coincidência muito boa o fato de ele conhecer sua irmã.

- Claro que nos conhecemos — Meg sorri e se aproxima de Renato — Somos amigos muito íntimos.

Renato a olha com raiva enquanto ela ri. Anna fica chocada ao saber que houve alguma coisa entre eles. Nunca se deu bem com a irmã e sente que essa aproximação entre eles não foi uma acaso do destino. Meg está aprontando. A verdade estava quase na cara de Anna, mas ela ainda não conseguia, ou não queria admitir o que era.

- O que está fazendo aqui Meg? Por que nos prendeu nesse porão? — pergunta Renato. Ele se levanta. O homem que acompanha Meg vai para cima dele, mas ela o impede. O homem então vai se sentar em um canto. Só agiria se ela mandasse.

- Concluindo meus planos, querido. Fazendo com que todos paguem por terem me feito sofrer. Dois da minha lista já foram. Agora só falta uma - ela olha sugestivamente para Anna que estremece com as palavras.

Dois da minha lista já foram.

- Você... — Anna não queria acreditar, mas a verdade estava ali — Você matou o papai.

- Seu pai na verdade — diz com desprezo — Eu era somente a filha bastarda que ele usava da forma que lhe fosse mais conveniente depois te ter matado a minha mãe por dinheiro. Será que consegue deduzir quem foi a outra pessoa que eu matei?

- Alex - Anna conclui num sussurro.

- Sim, ele merecia depois de ter me largado no altar para fugir com você — Renato não foi o único que Anna havia magoado em sua obceção de ficar com Alex. Quando começou a sair com o empresário depois de se conhecerem na exposição descobriu que ele era noivo da irmã que não via desde a adolescência. Meg solta uma gargalhada — Sabe que foi engraçado ver você ser acusada por um crime que eu cometi. Ter passado aqueles dias na rua, fugindo. Até finalmente resolver pedir abrigo para um aliado meu.Anna sentiu seu coração gelar. Aquilo não poderia estar acontecendo.

- Eu não sou nem nunca fui seu aliado Meg — responde Renato com raiva.

- Verdade. Você estava mais para fantoche. O idiota que precisa ser consolado porque a mulher que amava o havia trocado por outro. Ele ficou realmente arrasado Anna quando soube que você ia se casar só por dinheiro.

- Eu não sabia Meg — Anna se levanta — Eu não sabia que Alex era seu noivo.

- Mentirosa — Meg a olha gelidamente — Você podia não saber logo que o conheceu. Mas seu querido pai te convenceu a se casar por dinheiro. Você não pensou duas vezes em passar por cima de mim. Assim como fez a vida inteira. Nunca se preocupou comigo que vivia o inferno na mão daquele homem enquanto você estava perfeitamente bem. É por isso que você é a próxima Anna. — Meg puxa a arma que trazia presa ao cós da calça jeans e apontou para Anna — Pode levar esse idiota embora, não tenho nada contra ele — fala para o homem que observa toda a cena em silencio.

- Não — grita Renato se colando na frente da Anna — Você não vai fazer isso.

- Tudo bem, então. Eu mato os dois.

- Meg não era isso que você tinha me dito que ia fazer. Ia só dar um susto neles lembra? - o homem interfere.

- Vai ficar com pena deles agora! - grita ela, mas depois percebe pela expressão do homem que aquela não era a melhor saída — Eu estou quase lá, querido. Falta pouco para eu ter paz. Ai, poderemos ficar juntos para sempre.

- Não acredite nela! — Renato vê a sua chance de tentar reverter à situação — Ela só está te usando. Ela só pensa nela. Você é só mais um fantoche. Ela fez a mesma coisa comigo, fingiu que era minha amiga. Quem garante que ela não vai te trair?

O homem olha de Renato para Meg. A semente da dúvida está plantada. Ela só o procura  quando precisa de um serviço. Como na noite em que precisou fugir da mansãoapós matar o ex-noivo. Será que ela realmente queria ficar com ele como ele queria ficar com ela?

- Cale a boca! — Meg grita para que Renato se cale - Não dê ouvidos a ele!

- Meg, por favor, vamos conversar...

- Não. Eu vou terminar isso com ou sem a sua ajuda - ela aponta a arma na cabeça de Renato, mas não percebe que o seu comparsa já está com uma arma apontada para ela — Vai me matar então? Vamos ver quem atira primeiro.

Os dois puxam o gatilho ao mesmo tempo. Anna grita ao ouvir o barulho dos disparos. O tiro de Meg atinge o homem no braço. Já o dele abriu um buraco no abdômen dela. Ela olha espantada para o ferimento, quis dizer mais alguma coisa, mas tudo que saiu foi um som engasgado pela dor. Ela olha com puro ódio para Anna antes de cair de joelhos no chão. Seu arquejar sufocado logo termina. Meg está morta.

- Saiam daqui os dois — grita o homem para Renato e Anna. Eles hesitaram — Rápido!

Anna puxa Renato pelo braço. Eles sobem as escadas correndo, passam pelo corpo desfalecido do pai na sala e só param quando chegam ao carro. Já era tarde da noite. Renato acelera sem destino. Só queriam ir para o mais longe possível.

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