Capítulo 10

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UM BEIJO ROUBADO

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UM BEIJO ROUBADO


EU DEI UM GRANDE PASSO para minha independência, percebi. E nem estou falando do veículo. Isso era importante, claro, mas a sensação de ter feito algo sem ligar para a opinião dos outros, pela primeira vez, foi o que me deu certo orgulho. Era ótimo ter um pouco de orgulho de mim de vez em quando.

Apesar dos meus dezenove anos, James nunca me deixou ter um carro. Ele sempre me levava para todo lugar que eu fosse, mesmo que eu tivesse carteira de motorista desde os dezesseis anos. Quando no ensino médio viajei para fazer um curso de italiano em Milão, mesmo em outro continente, não me senti tão livre quanto me senti hoje.

Meu primeiro passo para uma vida adulta sem supervisão.

Só mesmo o inconveniente na primeira loja de carros conseguia colocar uma névoa cinzenta sobre o dia. Eu precisava entender o que tinha acontecido. Porque Vivian pareceu terrificada quando viu o tal vendedor que tinha o mesmo sobrenome de Trevor.

Vivian estava de pé, experimentando minhas roupas enquanto eu tentava colocá-las em cabides. Depois de tanto tempo, finalmente encontrei tempo para organizar tudo no closet. Ignorei o trabalho que isso daria caso Nicholas me expulsasse do apartamento.

Minha nova melhor amiga, de pé, frente ao espelho, se admirava num dos meus suéteres largos e confortáveis. Linda e divertida, não parecia a mesma garota amedrontada. Senti um ímpeto de protegê-la absurdo.

Do que ou de quem era o que eu precisava descobrir.

— Ficou lindo em você. – Elogiei sinceramente – Que tal vir aqui e falar sobre aquele assunto que ficou pendente?

Vivian deixou cair os ombros, muito de leve, e perdeu a postura de supermodelo que reproduzia frente ao espelho. Sentou-se comigo na cama. Ponderou um pouco, mas cedeu e passou a me contar um pouco de seu passado. Encarando algum ponto fixo na mente, era como se estivesse vislumbrando outra vez qualquer que fosse sua tragédia.

— Eu conheço aquele homem. O sr. Mitchell. Conheci ele numa das festas na casa dos meus pais.

— As suntuosas festas beneficentes que me falou?

— Sim, uma dessas daí mesmo. Eu estava entediada, tanta gente fingindo que se importa com alguma coisa, quando sei que é apenas hipocrisia, consegue exaurir suas forças. Decidi ir para a varanda da casa, fiquei algum tempo lá, então ouvi alguém quase atrás de mim. Era ele. Falamos mal dos meus pais, sorrimos um pouco. Ele me contou quem era e o que fazia.

— Continue... – Disse em tom tranquilo para lhe passar as forças para continuar.

— Apesar de agora estar mal-acabado, ele era bem bonito. Muito bonito, na verdade. Parecia divertido. Ele conseguiu me seduzir e, com o tempo, foi começando a passar a mão em lugares que não deveria. Ele sempre obedecia, mas digamos que um dia perdeu a paciência.

Um Amor em East ValleyWhere stories live. Discover now