Amigo?

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Há pouco mais de cinco meses, Jungkook pensava que tudo estava resolvido. 

Ele finalmente havia se declarado para Taehyung. O destino ainda havia sido gentil o bastante para preparar a hora e o lugar, fazendo a casinha da árvore virar o palco daquele momento. Eles estavam felizes, Jungkook estava no céu com a liberdade de poder puxar Taehyung pela cintura e beijá-lo quando quisesse.

Mas é claro que nada era tão simples assim na vida de Jeon Jungkook.

Era uma sexta-feira pós expediente. Jungkook havia acabado de chegar no pub onde encontraria seus amigos. Quer dizer, seus amigos e Taehyung.

Porque Taehyung não era seu amigo. Não era seu namorado, mas não era só amigo. Certo? 

— Oi, Kookie — Ele foi recebido por Taehyung, que levantou de onde estava e o abraçou com carinho. — Os meninos já chegaram, só faltava você.

Jungkook correspondeu o abraço enquanto sussurrava uma saudação. Aproveitando a posição que se encontravam, ele depositou um beijinho no pescoço do mais velho. Não nos lábios como namorados fazem, mas também não na bochecha como se fossem só amigos. Não era pra ser tão difícil assim, era?

Seguindo Taehyung, Jungkook foi levado até uma grande mesa redonda onde seus amigos e conhecidos estavam sorrindo, comendo e conversando. Taehyung tratou de sentar numa das cadeiras acolchoadas e trouxe Jungkook para o seu lado.

Depois de breves cumprimentos, Jungkook viu-se bebericando uma cerveja e perdido na beleza de Taehyung enquanto este conversava animadamente com um dos integrantes do grande grupo que se formou na mesa.

— Ah, Jungkookie, eu esqueci de apresentar! — Taehyung sorriu, puxando de leve a manga da camisa de Jungkook para chamar sua atenção — Esse é o Doyoon. O hyung está me ajudando na edição do meu livro.

— Prazer, Doyoon-ssi — Jungkook sorriu e curvou a cabeça em sinal de cortesia. Já tinha ouvido falar dele e estava muito grato pelo homem ter dado uma chance para a história de Taehyung.

— Hyung, esse é o Jungkook, meu amigo que eu te falei — Com o mesmo sorriso, Taehyung apontou para o homem mais novo.

— Prazer, Jung- 

Amigo? — Jungkook interrompeu, esquecendo-se de qualquer etiqueta. Ele arqueou uma sobrancelha e olhou diretamente para Taehyung — Eu sou seu amigo? — Jungkook cutucou o braço de Taehyung de leve como uma criança birrenta — Me apresenta direito...

Taehyung mordeu o lábio para segurar o riso que ameaçou escapar. Jungkook olhava inconformado como se o mais velho tivesse falado algo absurdo, apesar de não ser o caso.

— Jungkookie, agora não. — Taehyung falou, rindo baixinho.

— Hyung... 

— E lá vão eles de novo — A voz de Jimin interrompeu o que seria uma cena de manha de Jungkook. Sentado ao lado de seu noivo, Jimin não pôde deixar de ouvir o diálogo — Se não quer que ele te chame de amigo, pede ele em namoro. Simples assim.

— Jimin, fica na sua — Taehyung jogou um amendoim no amigo na intenção de dispersar o assunto. Virou-se totalmente de frente para Jungkook e sorriu de forma carinhosa — Não liga pra ele, Kookie. Estamos bem, ok?

Jungkook apenas assentiu, relaxando. Ele repassou os últimos acontecimentos em sua mente como se fosse um filme. Certo, eles eram amigos. Se beijavam, estavam ainda mais grudados que nunca — coisa que nenhum deles achou ser possível —, mas eram amigos.

Não que não fosse uma honra e um privilégio ter Taehyung como seu amigo, mas Jungkook queria mais. Jungkook conhecia Taehyung o bastante para saber que ele se importava com esse tipo de coisa, que ele não era do tipo que mudaria o status de seu relacionamento sem antes ter uma conversa, um pedido...

Quando Taehyung voltou a dar atenção para as outras pessoas da mesa, Jungkook colocou-se a pensar. Eles passaram anos demais perdidos no silêncio ao invés de confessarem seus sentimentos, a falta de diálogo e de iniciativa atrasou tudo. Ele definitivamente não queria cometer o mesmo erro.

Jimin tinha razão; se ele não queria que Taehyung o chamasse de amigo, então ele precisava tomar uma atitude.

No final da noite, Jungkook acompanhou Taehyung até o apartamento do mais velho.

— Você ficou chateado, Kookie? — Ele perguntou de forma atenciosa. Assim como Jungkook, Taehyung não permitiria que a falta de diálogo fosse um problema entre eles outra vez.

— Claro que não, Tae — Jungkook sorriu, tranquilizando o outro.

Não era mentira; ele não havia ficado chateado. Havia sido pego de surpresa, mas o episódio serviu para acordá-lo e fez com que ele percebesse que ainda faltava um pequeno detalhe antes de ter tudo resolvido.

— Então tá bom — Taehyung devolveu o sorriso e puxou Jungkook pela jaqueta de couro que ele usava, fazendo com que seu corpo fosse pressionado entre o homem mais novo e a porta de entrada de seu aparamento — Agora vem cá, vem. Me beija.

Jungkook prontamente obedeceu, sabendo de cor o caminho. Suas mãos dividiram-se: uma foi para a nuca enquanto a outra se aventurou no quadril de seu hyung.

Desde a primeira vez que se beijaram, eles dividiram diversos tipos de beijos: os beijos de saudação, que normalmente eram um simples selinho; os beijos de despedida, que começavam leves até um deles decidir que não era o bastante e acabar intensificando o contato.

Tinham os beijos tímidos, que estavam ficando cada vez mais raros mas que consistiam em um súbito desejo de comprovar que aquilo estava realmente acontecendo, um beijinho delicado seguido de bochechas vermelhas e risadinhas.

Os beijos brincalhões eram deliciosos; eles costumavam interromper o que quer que o outro estivesse dizendo, misturando as risadas com o ato de beijar. Nesses beijos eles se lembravam que acima de tudo eram melhores amigos.

Haviam os beijos de reconciliação, pois duas pessoas que passaram a vida inteira juntas inevitavelmente discutiam. Esses era beijos com gosto de promessa: poderiam brigar, mas não desistiriam.

Tinham também os beijos mais quentes... Com bocas abertas, bastante língua, ofegos, olhos nublados de desejo. Esses normalmente aconteciam na privacidade do apartamento de um dos dois. Jungkook revezava entre explorar o corpo de Taehyung e permitir que Taehyung fizesse o mesmo com ele. Os beijos sempre acabavam com aquele conhecido gosto de "quero mais", calças desfeitas e cuecas úmidas.

O beijo que eles iniciaram na porta do apartamento de Taehyung era outro tipo, ele um beijo de cumplicidade. Era um beijo que dizia que estava tudo bem, que eles estavam bem e que lidariam juntos com qualquer eventual situação. Era de tirar o fôlego, nem tanto pela intensidade do ato, mas pela intensidade do que eles sentiam um pelo outro. Esse beijo dispensava palavras, mas dizia muito.

Depois de se despedirem, Jungkook seguiu seu caminho com seus pensamentos. Ele estava decidido: na próxima vez que Taehyung fosse apresentá-lo para alguém, não seria como amigo.

Mas antes, ele precisava de ajuda vinda dos céus.

Para Tu Amor || TAEKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora