321° capítulo

845 95 17
                                    

Melissa.

Empurrei o copo de água a sua frente e o encarei.

- olha, a menos que esteja com uma quedinha por mim, não acho normal me ligar 17 vezes. - me sentei de mal jeito na cadeira, acostumada a interrogar alguém nessa sala quase sempre.

- olha, não é oque parece, muito menos isso. - tentava se explicar e não lembro de o ver com essas olheiras antes.

Aliás, não o vejo faz um tempo.

- problemas entre você e Mari? - Ben passou as mãos nos cabelos cacheados e loiros e suspirou, bem nervoso.

- eu acho que é isso.

- e precisou me ligar 17 vezes de um telefone fixo? - me olhou.

- por que atendia se sabia que era eu?

- não sabia, decidi rastrear o número quando me ligou pela terceira vez. Eu sabia que era da sua casa e que só você tinha o meu número pessoal. - me sentei direito. - pela tremedeira, as olheiras... Falta de cuidado com o cabelo e roupas... - me aproximei lentamente. - tá usando drogas? - me olhou espantado.

- não.. - riu. - a questão não é essa. - se levantou e Ben é inofensivo, mas tava sob o efeito de algo.

- então qual a questão das ligações? É Mari? É sobre ela e você? - a expressão dele dizia tanto.

- talvez.. não sei. - se sentou novamente.

- Ben, aqui é uma sala onde interrogamos gente que comete crimes ou pode ser um perigo pra humanidade... Seus problemas podem ser resolvidos na minha casa, na sua... Num lugar que você se sinta confortável. - toquei suas mãos tentando ser maternal.

- eu tô... Meu pai... - ouvi ele engolindo em seco.

- não estão se dando bem?

- não é isso. - foi um pouco grosso e colocou as mãos no rosto. - é difícil, eu não sei... Eu tô sendo um bom filho pela minha irmã... - com as mãos nos cabelos, ele apertou bem fortes os mesmo e depois ficou com as mãos no rosto.

- sei que tem 19 anos, mas você não pode ficar se drogando dessa maneira... Ben, confio minha filha sair com você.

- eu nunca faria nada com ela, eu nunca abusaria dela...

- hummmm.. essa é a questão? - me olhou espantado.

- o que? Por que? Como assim? - se espantou.

- eu sou sua sogra e amiga, sabe disso não sabe? Quero que ache conforto em mim igual Mariana, sinta-se a vontade em me contar o que quiser, tá bom? - peguei suas mãos novamente. - mas não use essas coisas, por favor. - me levantei e dei a volta na mesa, sentando ao seu lado. - Ben... Seja lá o que for eu sei que vai demorar pra querer me contar, mas eu tô aqui, 24h, me liga, manda mensagem... Me conta as coisas, eu vou ficar do seu lado. - me olhou assustado.

- até se eu... Esconder alguma coisa.. ou demorar pra contar? - na minha cabeça ele tá passando por abusos, ou sexuais ou psicológicos.

- não tem problema, pode me procurar igual. - dei carinho nas suas costas e ele concordou.

Parecia atordoado, como se não dormisse a dias ou que estava sob o efeito de alguma droga forte.

Não era comum ver Ben naquele estado, mas quando Mari começou a namorar com ele, puxei uma fixa bem longa sobre ele, e sobre drogas, Ben já usou e já foi pego com elas no seu carro.

Foi multado algumas vezes por velocidade alta, sempre bebendo... Enfim, o namorado que nenhuma mãe quer pra sua filha.

Mas Ben tem responsabilidade se saber dar espaço pra ela, por que se deixar ele fica assim, sob o efeito de tudo pra deixar pra lá o que tá machucando dentro dele.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 2Where stories live. Discover now