320° capítulo

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Henrique.

Eu não queria chorar mas eu tava bem emotivo pra falar a verdade.

Não deixaram Melissa entrar no quarto por causa da aglomeração, mesmo ninguém usando máscaras além dos profissionais nessa sala, mas tinha outros lá fora que não estavam.

Porém, quando Maria começou a apagar e os batimentos ficarem altos, a obstetra da Maria, que chegou logo depois que ela começou a sentir as dores, disse que isso era normal e que ela estava assim por causa da ansiedade e dor.

E graças a deus ela acordou.

Também se não acordasse iria ter que ser feito cesária e Maria não queria.

Eu prefiro, sinceramente acho que seria menos dor e esforço pra ela, mas ela quem decidiu e eu não iria ficar contra.

- fala com ela e mantém ela acordada, se não teremos que fazer uma cesária de emergência. - concordei já estando do lado da Maria, que acordava.

- mor.. mor olha pra mim, tem que fazer força. - dava carinho no rostinho dela e uma enfermeira secava seu suor.

Maria levantou o pescoço, olhou pra todos os lados sonolenta e logo as pupilas  ficaram dilatadas e só ouvi o grito dela.

- AAAAAAAAAA! - apoiou os cotovelos na cama e tive um pouco do sentimento de culpa por fazer ela estar passando por isso tão nova.

Ela tava sentindo dor, parecia sofrer e eu estava ficando enjoado.

- daddy... - dizia ofegante. - tá doendo, não quero mais, eu não quero. - o peito dela subia e descia e ela suava muito, além dos olhos cheios de lágrimas e aquele olhar de socorro. 

- amor... Olha pra mim. - olhou. - tem um quarto lá em casa todo cor de rosa, um bercinho que você mesma arrumou de um jeitinho pra ela... Demos um nome pra ela... Não quer ela em casa? Não quer ver ela? - Maria me olhou triste e logo concordou. - então vamos contar até três e a Maria faz força tá? - concordou com medo.

- vai no seu tempo, e saiba que estamos aqui, a primeira pessoa que vai tocar nela depois do médico é você. - disse a enfermeira do outro lado da Maria e isso ajudou muito, ela ficou bem confiante.

- tá bom.. - a voz saiu trêmula.

- então.. - a médica começou e fui no embalo. - 1.. 2.. 3 e força! - Maria fez tanta força, chegando a ficar tão vermelho e suar mais, porém foi só uma vez também.

O médico disse algo e em poucos segundos um choro tava ecoando no quarto todo.

Um chorinho feminino e fofo e comecei a chorar sem nem mesmo ver ela.

Maria por outro lado tava exausta e a respiração foi ficando mais tranquila.

- não foi... Tão ruim... Vou fazer de novo... Daqui a dez anos, tá? - ri negando e beijei ela.

Vi de relance, por que não queria acompanhar o parto de perto sem ficar longe da Maria, então não vi como foi mas vi um bebê sendo limpo ali mesmo e enrolado num pano azul marinho.

Entregaram ela pra Maria e eu não sei qual o tipo de reação que eu poderia ter.

Era branquinha, cabelos clarinhos e mesmo com o rosto inchado, lembrava demais a Maria, principalmente o narizinho.

A gente chorou juntos e ela mais ainda segurando Helena.

Era pequenininha e chorava bastante, ficando toda vermelha.

- daddy... Ela chegou. - me olhou e olhou pra ela e beijei Maria toda tentando não chorar mas era impossível.

Agora sei como é difícil ficar normal numa situação dessas.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 2Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora