No Coração De Calisto - O Poder Adormecido [+12]

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A nave decolou a todo vapor em direção a Atrix. Precisavam chegar lá o mais rápido possível. Teriam que planejar um ataque, organizar defesas e pensar em algo que deixasse todos os habitantes seguros.
Mas o ponto agora era os poderes de Lya. Ela precisava o conhecer melhor, entender como funciona e como transmitir ele. Era mais complicado do que ela pensou que fosse.
Eu sou a multímodo, isso não deveria ser algo natural?! -Pensou.
As seis cabeças estavam a mil por hora e os detalhes de uma batalha tão importante e tão difícil estavam deixando eles malucos. Teriam alguns dias pra pensarem em tudo. Mas esses dias seriam suficientes. Teriam que ser suficientes.

Lya estava no seu ponto de paz da nave e era como se ela pudesse ver a sua curta vida passando como um filme na imensidão do espaço.
Sua vida havia se tornado uma loucura e isso só tinha um mês. Aconteceu tantas coisas ao mesmo tempo dentro desse mês, que ela se sentia com 30 anos, como se o tempo tivesse acelerado freneticamente. Ela mal conseguia processar o fato de ser a multímodo e agora, o poder adormecido estava mais acordado que nunca dentro dela.

Axel estava preocupado com isso. Lya mal teve tempo pra pensar em alguma coisa, foi tudo muito rápido, ele sentia o quão cansada ela estava e tentava, o tempo todo, deixar claro o quanto a amava e que estaria ao lado dela a todo momento.
Rasmus, apesar de estar sempre fazendo piadas e sendo sarcástico, estava confuso. Parou de processar os acontecimentos quando a nave caiu na Terra. Depois disso foi como se ele tivesse estagnado, não prestava mais atenção em nada. Pra sua sorte ele tinha Zoe. Ela era como uma âncora, estava sempre mantendo ele com os pés no chão e não o deixava nunca abaixar a cabeça ou desistir. Eles eram o porto seguro um do outro.

Ella estava radiante como nunca, depois que Kate finalmente cedeu aos seus encantos. Ella simplesmente amava Kate. E Katherine também amava Ella. Não na mesma intensidade, Kate ainda estava entendendo melhor seus sentimentos, mas a amava. E Ella estava feliz de mais pra ficar triste ou preocupada com o que vinha pela frente.

O plano deles agora era simplesmente pensar em algo, que não envolvesse sangue e nem muitas mortes, mas que acabe com Calique de forma rápida e ágil.

K-Lya! -Disse Kate, entrando na navegação da nave- Preciso conversar com você.

L-Está tudo bem, Kate? -Perguntou, preocupada.

K-Sim. Mas é algo sério. -Disse firmemente.

L-Está me deixando preocupada...

K-Foi o Brandon... Quer dizer, o Caine! -Revirou os olhos, não gostava de chamar o irmão assim- Ao me despedir dele, quando estávamos fugindo do castelo, ele me disse algo...

Lya inclinou-se para frente, prestes a sacudir Kate se ela não dissesse logo o que era.

K-...Ao me abraçar ele disse que daria um jeito em Calique. E o jeito que ele me olhou... Confiante de mais... Como se...

L-Como se fosse capaz de matar a própria mãe?! -Completou Lya- Não acredito que ele seria capaz de algo assim...

K-Bran... Caine realmente não seria capaz de matar ninguém. Mas você não o conhece e não faz ideia do quão ambicioso ele é. -Ela dá alguns passos para mais perto de Lya.

L-Ambicioso?... Então você quer dizer que ele mataria Calique pra ficar com o trono? -Diz enquanto cruza os braços.

K-É algo terrível, mas, sim. Eu creio que sim. Você não viu o olhar dele Lya. Ele disse com uma convicção, uma confiança... Ele vai fazer algo pra parar Calique. Tenho certeza disso.

L-Isso seria, de fato, muito conveniente pra nós. Ele nos livrou daquele exército horrivelmente grande em Calisto. Nos livrar de uma batalha com a rainha de lá, não seria nada mal...

K-Você vai falar para os outros?!

L-Nós vamos. Mas não podemos ter certeza de nada e nem confiar inteiramente na ideia de que Caine de fato mate Calique.

K-Claro. Você tem razão.

As duas vão até uma sala, que tinha uma mesa muito grande e várias cadeiras em volta, que mais parecia uma sala de guerra, ou de reuniões (ou os dois) e no meio do caminho, Lya pede para que Rasmus chame os outros.
Alguns minutos depois estão todos sentados a mesa e Kate conta a eles o que o irmão havia dito a ela.

Era de fato, algo difícil de acreditar. Ninguém ali acreditava que Caine mataria alguém por interesse. Mas... Um trono parecia tentador e aos poucos a ideia foi se tornando menos absurda e um pouco mais sugestiva. Mas eles só teriam certeza disso, se Calique não chegasse a Atrix. Ou, se chegasse, Caine a matasse lá, na frente dos outros, e desse a ela um pouquinho de prazer em tentar matar o que havia sobrado de habitantes em Atrix.

~

O caminho até Atrix diminuiu depois de duas noites de sono e a vista do espaço já era um tanto familiar para Lya, Axel, Rasmus, Ella e Zoe.
Mas, não foi só a vista que havia mudado.
O olhar de Kate também.
A ideia de ver o irmão matar uma pessoa por interesse havia consumido sua mente e ela não conseguia pensar em mais nada. Nem mesmo Ella conseguia livrar a moça desses pensamentos.

Lya avisou aos outros que já era possível ver o planeta pela janela e que em poucas horas estariam em casa de novo...
Era um pensamento tentador, mas estranho. Como será que as coisas estão por lá? Será que elas de fato mudaram? O pouco conhecimento deles em viagens espaciais não podiam dizer se haviam passado anos em Atrix ou apenas os 36 dias que eles haviam ficado longe.

Z-Estou tão animada pra voltar pra casa!... -Disse Zoe à Lya.

L-Eu também!... Se não fosse o pensamento em Calique, eu estaria roendo as unhas de ansiedade...

Z-Mas estamos roendo as unhas de medo, pra falar com sinceridade.

As duas riram e Lya concorda com o que Zoe disse.

L-Zoe... Obrigada.

Z-Obrigada pelo o que?

L-Por não ter me abandonado no meio disso tudo. -Lya segura as mão dela- Você foi muito importante pra mim. Só de saber que você esteve comigo todo esse tempo, me deu toda força pra não desistir.

Z-Você é minha melhor amiga! Ou melhor, minha irmã, estou com você em qualquer situação. Assim como eu sei que você está comigo também.

L-Sempre!

As duas se abraçam.

Axel entra no dormitório, onde as duas estão, e pede que se preparem para o pouso.
Lya sente o coração acelerar e suspira. Um suspiro de ansiedade, medo e alívio de voltar pra casa.
Não sabia o que ia encontrar. Mas sabia que, independente do que veria, teria que proteger o planeta, ou não o teria para chamar de casa novamente.