Capítulo 15 - Negligência

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Mestre Chen os permitiu olhar ao redor por um tempo, esperando de lado antes de puxar duas pequenas bolas do nada. Ela nem se preocupou com qualquer intrusão, pois certamente saberia de antemão caso alguém se aproximasse.

Com um olhar relaxado, ela empurrou uma das bolas redondas nas mãos dele. Os dedos dela estavam envoltos por uma luva rendada e negra que coçou a palma da mão de Xie Yi quando ele pegou a recompensa. Atordoado, Xie Yi examinou a coisa que calorosamente repousava em sua palma.

Era perfeita, e portanto, artificialmente redonda, com um brilho sobre seu núcleo translúcido. A bola não era pesada - parecia mais como uma pena em sua mão - e era apenas do tamanho de uma noz. No entanto, Xie Yi não pôde evitar olhá-la. Ele sentiu um pouco de vontade de chorar, mas também se sentia feliz em segurá-la em sua mão. Isso não fazia sentido.

Com uma expressão igualmente confusa, Xu Yan olhou para a bola em sua mão, lutando para desviar o olhar para a Mestre Chen. "Mestre Chen, o que é isso?"

Ela sorriu estranhamente. Seus longos dedos estavam descansando sobre os braços cruzados, batendo levemente. Ela falou devagar. "Um cristal da alma. Se você forjá-lo em sua espada e manter ela com você, as chances de ganhar um espírito da espada serão maiores."

Ela levantou as sobrancelhas enquanto olhava para eles. "É uma recompensa muito boa, uma que até mesmo os Mestres não rejeitariam, então cuidem bem dos cristais. Vai levar alguns anos para que vocês consigam notar algo significativo, mas não os subestime. Acreditem em mim quando digo que muitas pessoas ficariam tentadas a roubá-los de vocês."

Xie Yi olhou para o cristal. Alguns anos? Não, de jeito nenhum. Talvez fosse porque sua alma não era tão experiente quanto seu corpo, mas ele pôde sentir imediatamente a conexão com o cristal.

A existência sensível dentro do cristal se enrolava firmemente, como se estivesse com medo, estremecendo ao toque da mente de Xie Yi com a sua.

Shi Yue disse que um espírito da espada era como uma parte de você mesmo.

Talvez seja por isso que o sentimento de o espírito em ascensão o rejeitando... fosse realmente desolador.

Incomodado, Xie Yi colocou a pequena pedra no interior de seu bolso, não querendo mais olhar para ela, mas também preocupado em perdê-la. Xu Yan apressadamente seguiu seu exemplo e Mestre Chen assentiu com a visão. Era sempre melhor não exibir suas recompensas na frente dos outros.

Ela bateu palmas levemente. "Bem, vão e encontrem um assento para si. Em mais alguns minutos, os primeiros alunos devem estar chegando para arrebatar os melhores lugares."

Com uma concordância silenciosa, as crianças se sentaram na área da frente. Assim como na outra sala, as mesas eram um pouco altas para eles, o que era desconfortável, mas não impossível de se trabalhar.

Xie Yi acariciou a madeira. Era notoriamente bastante velha e já havia sido usada há um tempo, mas ninguém tentou esconder os cantos lascados ou os cortes de faca que escorregavam dos materiais. Ele tinha acreditado o tempo todo que era a seita que não queria providenciar novas mesas, mas agora, ele sentiu que era mais provável que Mestre Chen apenas gostasse mais das coisas dessa forma.

"Você acha que há algum tipo de história por trás dessas mesas também?" Xu Yan perguntou ao seu amigo, o encarando. Seus pequenos dedos estavam traçando as numerosas linhas e marcas.

Xie Yi murmurou em resposta. "Talvez?"

Ele nunca tinha pensado em cicatrizes como algo que precisasse se importar. Se as tivesse ou não....

Sua pele não era totalmente sua, de qualquer forma.

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Shi Yue observava as carpas Koi circundando o pequeno pavilhão de novo e de novo, ansiosas para arrebatar quaisquer migalhas que o cultivador pudesse jogar na água. Apesar de tocar na superfície algumas vezes, seus movimentos não fizeram quase nenhum som, exceto pelo leve respingo de água escorrendo por suas barbatanas.

The Grandmaster's weird disciple (BL) PT-BROnde as histórias ganham vida. Descobre agora