Capítulo 29

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Os dias passaram tão rápido que Aisha teve dificuldade em acompanhar tudo.

O salão de entrada fora esvaziado e os criados arrumavam tudo com a precisão de uma lâmina. Cortinas eram lavadas, o piso encerado, os lustres limpos e os espelhos esfregados. Nada ficava imune ao ar de antecipação da cerimônia de maioridade de Aisha.

Sua mãe ia e voltava da cidade, chamando alfaiates e testando roupas. June queria que a filha estivesse magnífica e não pouparia esforços.

Mina James, a melhor amiga de Aisha, visitava ela com frequência, mais ansiosa que a jovem ruiva para a festa. As duas combinaram de vestir vestidos gêmeos, como na cerimônia de maioridade de Mina, representando o sol, a lua e as estrelas. Mina seria o sol e Aisha a lua e as estrelas. Ansiosas, elas davam pulinhos e criavam coisas na cabeça.

Os convites haviam sido entregues à duas semanas atrás, mas aparentemente June ainda se preocupava que todos fossem avisados. As cartas de confirmação chegavam repletas de parabéns e felicidades.

O Duque de Ulysses estava hospedado na mansão que tinha na capital, mas não houve um dia que não esteve na mansão Castillo. Ora discutindo com Carston, ora maquinando com Aisha. Eles conversavam e discutiam teorias, porém nada tirava Timotthe da cabeça da jovem.

Ela ainda remoía a briga que haviam tido e as palavras dele. Eles não estavam trocando cartas e ela estava ansiosa para quando ele chegasse na cerimônia, mas nunca admitiria isso. Sua ansiedade chegou num pico, que até mesmo Thomas percebeu, num dia em que eles conversavam nos jardins.

O jovem herdeiro estava dizendo algo, mas Aisha não prestava atenção. Ele franziu a testa, vendo o olhar vago da jovem garota e perguntou:

- Você está bem?

Aisha piscou, surpresa com a pergunta.

- Ah, sim. Estou sim.

Thomas ergueu uma sobrancelha e ela suspirou.

- Tá bom, talvez não muito. - disse, por fim.

- O que aconteceu? - Thomas perguntou.

Aisha olhou para as mãos apoiadas no colo e disse:

- Timotthe. Ele aconteceu. - ela riu, pesarosa. - Às vezes sinto como se tivéssemos algum problema de confiança. 

- Problema de confiança? - Thomas perguntou, se escorando no banco que estavam sentados. Ele cruzou o tornozelo sobre o joelho e ergueu uma sobrancelha. Seus olhos dourados pareciam perscrutadores, mas ao mesmo tempo, receptivos.

Aisha franziu a testa e disse:

- Timotthe parece querer que eu conte tudo para ele, cada detalhe das coisas que planejo. Como se achasse que eu preciso da ajuda dele. Eu sempre me virei sozinha sem ele antigamente, não é agora que vou depender de um homem!

Ela olhou para uma sujeira no chão, sentindo sua pulsação aumentar. Aisha sempre se virou sozinha, tendo que confiar apenas em si mesma e Timotthe vinha querendo dizer que ela deveria contar seus planos para ele. Como podia confiar tantas coisas em alguém que estava acostumado a esconder o rosto durante anos? Durante uma conversa, a expressão era o mais importante para enganar alguém. As reações inevitáveis do corpo, aquelas pequenas coisas denunciavam a realidade.

- Acho que ele não quer que você dependa dele. - Thomas disse, olhando para Aisha. - Talvez Timotthe apenas queira que você peça a ajuda dele.

- Mas eu não preciso da ajuda dele, Thomas. Essa é a questão. - ela retrucou.

- Aisha, sempre precisamos da ajuda das outras pessoas. - o jovem herdeiro disse, sorrindo como se compreendesse aquele fato mais do que gostaria.

- O que quer dizer? - Aisha perguntou, olhando-o.

Aisha - A Filha Do DuqueWhere stories live. Discover now