Capítulo 20

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O incidente foi resolvido sem problemas, já que o condutor da carruagem havia pulado dela antes que colidisse com a parede, saindo com ferimentos leves. A inspeção declarou que os freios estavam com defeito. Aisha achou isso extremamente suspeito, mas não fez nenhum comentário, acreditando que seria descoberto que fora apenas um problema nos pregos das rodas. Porém, ainda havia uma inquietude em seu corpo, mesmo quando Timotthe deixou-a em sua casa.

A mansão dos Castillo estava silenciosa, pois sua família continuara na festa. Alguns criados passeavam, porém já era tarde e a maioria fora dispensada. Aisha andou pelos corredores, sentindo um peso surpreendente sobre seus ombros. Estava cansada e apenas pensava na sua adorável cama. 

Subiu as escadas e abriu a porta de seu quarto, vendo a pilha de cartas que tinha para ler. Gemeu, apenas passando o olho por elas, para enfim decidir que resolveria tudo depois de uma soneca. Se jogou sobre a cama, sem nem mesmo trocar de roupa e adormeceu. Foi acordada pelo som de Gina entrando no quarto e exclamando:

- Oh, céus. Senhorita! Não sabia que chegaria a esse horário! E ainda está de roupa. Levante-se! Não pode dormir com as roupas, senão pode passar mal. Nem mesmo tirou o espartilho, pobrezinha!

Aisha gemeu, se virando na cama, mas já sentia um desconforto no peito. O espartilho lhe apertava, fazendo seus pulmões terem que se esforçar muito mais para abastecer seu corpo. A jovem deixou Gina erguê-la e retirar suas roupas, para logo em seguida dar um banho relaxante e enviá-la para a cama com um pijama confortável. Aisha caiu no colchão e adormeceu quase instantaneamente.

Quando acordou novamente, já era tarde da noite. 

Aisha se levantou, bocejando, completamente descansada. Sentia que não iria dormir mesmo, então aproveitou o silêncio para responder a enorme pilha de cartas em sua mesa. Passou pelo menos duas horas resolvendo negócios como Asher, para em seguida ver uma carta de Timotthe. Ele devia ter enviado enquanto ela dormia. 

Aisha se levantou da cadeira com a carta, levando uma vela e se dirigiu até a varanda. Apoiou a vale na mureta e se escorou lá, usando a luz fraca para ler a carta de seu noivo. 

*Aisha,

Me perdoe por hoje, acredito que a deixei aflita e espero que não tenha ficado com raiva. Fico preocupado como esteja sua saúde e desejo que nada de mal lhe aconteça. Em compensação pela preocupação, gostaria de convidá-la para passear comigo na próxima sexta, buscarei a senhorita em sua casa e podemos passar a manhã juntos. 

Com carinho, 

Timotthe.*

Aisha piscou. Estava suspeita de Timotthe, porém ficava apenas mais confusa com aquela preocupação e cuidado. Timotthe poderia nunca amar ela de forma romântica, mesmo depois de se casarem, porém Aisha tinha certeza de que cuidaria dela com o mesmo carinho de sempre. 

Mas o que incomodou a jovem não foi a preocupação e sim o convite para passar a manhã juntos. Já que sexta era o dia em que Aisha marcara de se encontrar com Asterope. Ela ficou pensativa, pensando em como conciliaria esses dois encontros, mas um plano já crescia em sua cabeça. 

Aisha voltou para dentro e respondeu a carta de Timotthe, pedindo para um dos criados que ainda estavam acordados enviar imediatamente. O garoto se assustou com o pedido repentino e tão tarde da noite, mas prometeu que seria entregue em segurança. 

Aisha fechou a porta do quarto e se escorou, desejando que os acontecimentos do dia passassem e ela pudesse respirar com mais facilidade. Ainda se lembrava da sensação das cicatrizes de Timotthe em seus braços, dos olhares repugnantes e da raiva que sentira ao perceber o quanto as pessoas eram horríveis. E pensando sobre isso, ela percebeu que não se incomodava com as cicatrizes brutais, apenas se preocupou com o que Timotthe estaria pensando e passando.

Aisha - A Filha Do DuqueWhere stories live. Discover now