▪Prólogo

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De repente, eu pensei que algo realmente incrível estava acontecendo comigo. Apenas porque eu vi algo que não deveria. Era bem cedo ainda e normalmente eu não chegava na escola naquela hora. Eu sempre me atrasava alguns minutinhos, porque eu não conseguia dar ouvidos ao despertador quando ele tentava interromper meu sono. Podiam passar anos que eu manteria a minha convicção de que nunca me acostumaria a acordar cedo. No entanto, era um mal necessário.

Mal tinham alunos pelo corredor de entrada da escola e chegar cedo foi mais uma das minhas ideias para desvendar o mistério no qual alguém havia me envolvido há alguns meses atrás. Meu coração estava palpitando e eu tentava dar passos silenciosos, para não espantar, seja lá quem fosse, do local do "crime".

Eu achei estar nervoso. Achei que meu coração não podia se agitar ainda mais. Então, eu o senti em minha garganta. Minhas mãos suaram, minhas pernas ficaram moles e fracas. Minha ideia simplória parecia estar indo bem, porque lá estava ele. Era Jeon Jungkook, o garoto por quem sempre fui apaixonado, que estava com uma atitude muito estranha de frente ao meu armário. Eu voltei a me esconder atrás da parede, para escapar dos seus olhares de cautela pelos arredores.

Meu coração começou a bater em um ritmo diferente — não era calmo, mas também não era tão angustiante quanto havia sido há segundos atrás — e eu mordi o meu lábio, me sentindo emocionado pelo que aquilo poderia significar. Ainda não era uma certeza, porém as chances eram grandes, porque o comportamento dele era um tanto suspeito e o que mais ele estaria fazendo ali? Qualquer um poderia ter a mesma ideia que eu. Eu estava certo de que eu não estava apenas me iludindo com o meu maior desejo.

Era verdade, que desde o começo dessa história, eu sempre quis que fosse Jungkook a pessoa por trás de tudo, então eu não queria me precipitar. Mesmo que ele estivesse ali, podia ser qualquer coisa. Eu precisava colher mais provas antes de ter esperanças demais.

Não fazia muito tempo que eu tinha começado a achar uma surpresa muito agradável em meu armário. Agradável e curiosa, para ser mais exato. Toda manhã, quando eu abria o meu armário para pegar os meu livros, achava um pequeno papel colorido. No primeiro deles tinha escrito: "She likes spring, I prefer winter" e nada mais, nenhuma assinatura ou inicial que me desse alguma pista de quem poderia ser. Eu não fazia ideia do que aquilo significava e eu admito que inglês nunca foi minha melhor matéria. Então eu joguei a frase no Google e descobri que era uma canção. A melodia era boa e a letra era doce, daquelas que faz seu coração aquecer ao desejar um sentimento como aquele.

Ainda assim, no começo, eu pensei que fosse um ato aleatório, alguma brincadeira que nem merecia tanta atenção ou até mesmo um erro. Esse tipo de coisa não era tão raro de acontecer, quando as pessoas deixavam recados para as outras no armário errado. Porém, no dia seguinte lá estava outro papel colorido, com aquela caligrafia bem desenhada e uma nova mensagem, ou melhor, uma nova canção para mim que era tão doce quanto a anterior. Então eu deixei de pensar que aquilo era um erro ou um acaso, já que todos os dias aquilo se repetia.

Depois, eu comecei a pensar sobre o que aquele gesto poderia significar e por mais que qualquer um usasse ou não a imaginação para chegar a uma resposta, parecia claro demais do que se tratava. Eram declarações diárias de amor.

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