Capítulo 3 - Anthony

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Fui pro meu quarto não acreditando muito nas palavras de meu pai, mas ao entrar não vi nem um sinal de Anrie.

Olhei até dentro do armário.
Nada.

Meu pai me olhou como se já pensasse nos nomes de psicólogos pra me levar.
– Vou falar com seu pai – disse Anwar antes de se afastar.

– Ótimo amanhã já terei uma psicanalista – acabei por falar em voz alta.

– Oras, pares de reclamar, piralho –
Ouvi a voz um tanto grossa dizer.

Jack está sentado na minha cama lixando as unhas enquanto sorria debochado.

Me sinto na obrigação de dizer que Jack é assustadoramente bonito, digo, ele tem cílios de um tamanho médio, mas são bem curvados o que dá certo charme, as sobrancelhas são grossas bem desenhadas, os lábios são cheios e fazem o desenho de um coração, não sei ao certo a cor já que nunca o vi sem o gloss cor de cereja que sempre usava, ele tinha pintas envolta da clavícula esquerda que formavam a constelação da ursa menor.

E eu acho isso bonito, de alguma forma.

– Não me chame de piralho, eu já tenho 14 anos, farei 15 em poucos meses – disse acabando por inflar as bochechas.

– Grande merda – disse revirando os olhos.

– Veio aqui pra ficar me irritando? –  perguntei.

– Não, não amorzinho – disse sorrindo me puxando pela cintura me fazendo ficar sentado em seu colo –  Senti sua falta – disse perto do meu ouvido como se soubesse que sua voz me afetava, como se eu fosse um adolescente cheio de hormônios.

Já que realmente era.

Meu corpo arrepiou automaticamente como sempre fazia quando eu acabava por ter um contato mais íntimo com qualquer garoto.

– Enim, vi que fez um amiguinho novo – sorriu debochado.

– Você o conhece?

– Não, mas já ouvi falar...

– Dele?

– Não, da espécie.

– Hm? – disse claramente confuso.

– Esquece você não vai entender, não agora... Mas... Não deixe ele chegar muito perto você sim?

– Ué, deu pra ser ciumento agora? –  perguntei passando as mãos envolta de seu pescoço, vendo-o torcer o nariz numa reação quase que cômica.

– Não seja idiota – deu um peteleco na minha cabeça – é que nessa idade "eles" geralmente copiam as atitudes para enfim criar uma personalidade encima disso.

– Hmm, e porque isso seria ruim?

– Ele tecnicamente mora no seu quarto e vê o que acontece, certo?

– É, eu acho...

– Então... – coçou a própria nuca – seus pais já...

– Já?

"Bang"

Que?

– Que merda Max! – praticamente gritou com o rosto corado – Eles já foderam no seu quarto entendeu?!

– MAS O QUE! E porque você sabe disso?

Ele não me respondeu apenas ficou mais vermelho e sumiu.

Safado.

Nem podia dizer que eu e meus pais tínhamos que ter uma "conversinha", me pergunto o que eles fazem quando não estou aqui.

Olhei o relógio.

04:30 am

Anrie provavelmente não vai aparecer de novo.

Dormi algumas horas depois disso, até as 07:00 logo que minhas aulas começavam as 08:30.
Levantei a desamasando o pijama do homem-aranha que eu simplesmente não conseguia jogar fora.

Enquanto andava os mordomos me davam bom dia com sorrisos - nunca sabia dizer se eram verdadeiros ou não.

Meus pais se encontravam na cozinha preparando o café, logo que Pierre achava uma afronta contratar alguém pra fazer isso.

Os esperava com homens de branca com uma camisa de força nas mãos, mas eles pareciam até calmos.

Provavelmente Anwar ajudou muito o meu lado.

O clima ali parecia até de uma família normal.

Pierre virava panquecas numa frigideira ao fundo da cozinha de design americano e Anwar tomava café enquanto reclamava que os New York Giants perderam de novo.

– Bom dia pai, bom dia papai – tive a coragem de falar.

– Bom dia Max – disseram em uníssono.

-Meninos o café já está pronto, vou ter que ir embora agora - disse Pierre - e não esqueça de conversar com Max sobre aquilo - disse um tanto ameaçador pra Anwar que apenas o puxou pela nuca pra dar-lhe um selinho.

" É assim que se cumprimenta por aqui não é? " lembrei de Anrie ter tido, e é realmente praticamente isso aqui, meus pais sempre se beijam a dar bom dia e pra qualquer outro cumprimento.
Tenho que ensina-lo...

-Tchau Max, tenha um bom dia - disse meu pai me dando um beijo na testa antes sair.

-Então let's conversar - disse Anwar.

-Hm eu tenho que arrumar pra escola e eu disse que acompanharia aquele menino lá.

- O Anthony?

Ah, esse é nome dele.

-É, isso o Tony, vou acompanhar ele.

-Tudo bem - disse suspirando - pelo menos vai se ocupar com meninos reais - murmurou essa última parte.

Eu apenas revirei os olhos, se Jack ouvisse isso não ia ficar nada feliz.

Fui pro meu quarto, dei uma boa checada em cada canto do guarda-roupa, mas não havia nenhum sinal de Anrie.

Simplesmente peguei meu uniforme (uma camisa social branca, colete cinza, gravata e calças jeans pretas) e suspirei pensando onde Anthony morava.

The Monster in my ClosetWhere stories live. Discover now