Capítulo 7 - Canguru e Serpentes

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Yumi estava num campo vasto e a grama alaranjada como as folhas caídas de uma árvore no outono, cobria seus tornozelos. Ela olhou em volta e não viu sequer uma árvore, construção ou mesmo alguém, e só percebeu que estava sonhando quando viu um canguru de dois metros de altura pulando até si com um laço de cetim vermelho. Yumi era louca mesmo em seus sonhos, psicodélicos o suficiente para fazê-la acordar rindo, como da vez que sonhou que virara uma borboleta amarela e foi até um show de stand-up, onde todos os comediantes e apresentadores tinham a cara do ator Terry Crews. O canguru parou na sua frente e Yumi o encarou por um instante. Em qualquer outra situação ela estaria gritando de medo, mas naquele momento ela estava apenas curiosa. O canguru não era um animal comum, sua inteligência era como de um humano e Yumi percebeu isso quando ele tomou sua mão e começou a fazer o laço mais lindo que ela ia vira em toda sua vida. O cetim vermelho lhe caía lindamente, como um vestido feito sob medida, fazendo ela sorrir e encará-lo mais uma vez. Ele parecia simpático, puxou uma ponta do laço e se afastou pulando na direção oposta que viera. Yumi estava curiosa para saber onde ele ia e ficou com a mão esticada conforme andava atrás do canguru pulando. A grama foi se tornando mais verde e mais alta enquanto caminhava incansavelmente atrás do canguru que em certo momento, parou e continuou de costas para Yumi, percebendo que ele estava movimentando seus braços curtos e ao parar, ele se afastou e Yumi finalmente pôde ver que ele amarrou a outra ponta do laço em alguém. Estava claro com o sol do meio dia, mas Yumi não conseguia enxergar a pessoa, como se ela fosse apenas um borrão e apesar disso, Yumi conseguiu perceber o seu cabelo vermelho como cetim. Não se movia e nem falava, mas transmitia uma energia aconchegante, como se Yumi tivesse acabado de chegar para a festa de Natal com sua família. Ela perguntou quem era, mas sua voz não saiu, fazendo apenas sua boca gesticular as palavras. Ela se assustou com aquilo, e se assustou ainda mais quando viu que o borrão estava correndo em sua direção, mas ele não saía do lugar. Yumi estava apavorada, aterrorizada, pressentindo que uma coisa ruim aconteceria se ele chegasse perto. Então ela mesma começou a correr na direção oposta dele, mas o laço ainda estava preso em seu dedo e depois de se afastar um tanto, o laço a impediu de continuar, fazendo ela recuar uns passos e cair de bunda na cama verde. Ela tentou soltar o laço, mas aquele canguru havia feito algo que tornou impossível de se livrar dele. Ao virar para trás, o borrão estava há três passos dela. O desespero gritou dentro de si por dois segundos, até sentir o laço se afrouxando e o borrão se tornou um belo rapaz de cabelos vermelhos como o cetim. Ele se abaixou e sorriu, exibindo suas covinhas charmosas. Yumi parou de sentir medo, queria poder segurar a mão dele, dizer que ele foi cruel em aparecer tão repentinamente e de forma tão assustadora. Antes que ela pudesse fazê-lo, o som da cadeira arrastando lhe acordou. Seus olhos se abriram assustados e sua respiração perdeu o controle por alguns instantes.

— Amor? Calma, eu estou aqui. – San disse se levantando da poltrona que havia arrastado até ficar ao lado de Yumi, que estava na cama do hospital. Yumi não ficou tão feliz em ver o rosto preocupado de San, estava mais interessada no rapaz de cabelos flamejantes e covinhas fundas. Ela acabou se lembrando que sentiu muita dor enquanto fazia o raio x e recebeu um sedativo, talvez tenha feito ela dormir todo aquele tempo. — Como você está se sentindo? Seu dedo está bem melhor agora, ainda está doendo? – Ele perguntou enquanto acariciava seus cabelos. Yumi olhou sua mão e lembrou do canguru amarrando a fita vermelha naquele dedo mindinho que estava rosado, voltando a sua cor normal.

— Só cansada. Que horas são? As meninas estão em casa? – Ela perguntou sentindo a voz falhar.

— Ainda são nove da noite, a Minsun desceu na lanchonete para comer alguma coisa. Ela não saiu daqui o dia todo. – San disse, voltando a se sentar. Yumi se mexeu na cama e percebeu que seu corpo estava mais leve do que esperava, então conseguiu se sentar sem dificuldades. — Os resultados dos exames de sangue saíram. – Ele disse com a expressão passiva. Yumi o olhou com ansiedade e esperou pelo pior. — Ainda não é hora de sermos pais, deu negativo. – San acabou rindo com o Yumi fingindo um desmaio de alívio.

Red Line - Stray KidsWhere stories live. Discover now