Capítulo 5 - Encontro Oficial

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Mina queria dizer que não estava ansiosa e já que havia se acostumada a sair com Felix, mas saber que iria em um encontro "oficial" com ele, a fez acordar cedo e passar meia hora pensando em tudo que poderia e provavelmente daria errado.
— Do jeito que eu sou azarada, é capaz que eu destrua alguma coisa. – Mina disse de boca cheia, enquanto tomavam café da manhã.
— Você já teve sorte de ter o Akai Ito com um cara rico, azar seria encontrar um chinelão igual o San. Se você destruir alguma coisa ao menos ele vai ter dinheiro para consertar, se isso acontecesse com o chinelão vocês teriam que fugir. – Minsun sabia que aqueles tipos de comentários não atingiam San e muito menos Yumi, mas um dos dois sempre tentavam argumentar.
— Ei, eu não sou totalmente chinelão! Meus pais são parcialmente ricos, eu estudo numa das melhores universidades da Coreia! – San nunca tinha o tom realmente zangado, mas ele sempre falava alto.
— Dois pontos a serem ditos: primeiramente, eles são _parcialmente_ ricos, ou seja, eles poderiam comprar uma casa mas não um carro junto. Segundo ponto, eles são ricos e não você. – Han dormiu ali na noite anterior assim como San, e apesar dos dois se darem muito bem, era comum que jogassem certas verdades um na cara do outro.
— Fique quieto esquilo cracudo, você tem horário pra chegar em casa. – San disse enchendo a boca com torrada coberta de geleia.
— A gente poderia não falar sobre dinheiro logo no café da manhã? - Mina pediu com a mão na testa e Yumi até então só conseguia se equilibrar para não dormir em cima da mesa.
— O que vocês vão fazer hoje? Quer que eu separe sua roupa? – Yumi perguntou sonolenta e encostou a cabeça no ombro de San que lhe abraçou de lado.
— Ainda não decidimos, mas aparentemente ele quer ir ao boliche. – Mina havia ido pouquíssimas vezes no boliche, mas sempre se divertia muito quando ia.
—  Certo, nada de saias então. – Yumi respirou fundo e quis se fundir com San, querendo ficar naquela posição pra sempre.
— Vocês dois fizeram a maior bagunça ontem, então vão limpar a sala. Yumi fica com o banheiro e Mina com o quarto. Eu limpo a cozinha e a lavanderia. – Mal acabaram de comer e a mãe Minsun já estava atacando. Ela se levantou e começou a tirar as coisas da mesa.
— Você vai fazer mesmo suas visitas limpar a casa? – Han perguntou indignado e Mina apontou uma faca sem ponta para ele.
— Vocês passam dias aqui, comendo, bebendo, fazendo bagunça e ainda tem a ousadia de se dominar visita? Oppa, vocês passam mais tempo na nossa casa do que na casa de vocês! – Minsun gostava quando Mina jogava a verdade na cara das pessoas, a maioria das vezes ela tentava ser a mediadora da situação.
— Se a menó falou é porque é. – San disse se levantando e deu dois tapinhas no ombro de Han que choramingou. – Vamos esquilo cracudo, quanto mais cedo começarmos melhor. – Ele disse se esticando e Yumi suspirou antes de fazer o mesmo.
— Tá tudo bem? – Minsun perguntou para Yumi quando as duas ficaram a sós na cozinha. — Desde que você acordou, eu vi você suspirar e respirar fundo umas dez vezes. – Ela observou e Yumi até então não tinha reparado aquilo.
— Eu estou fazendo isso? Não aconteceu nada, nem percebi o que estava fazendo. – Yumi disse e de repente falar se tornou alguma coisa pesada. Sentiu algo no coração, um aperto de angústia que poderia remeter a saudades de alguém. Uma careta automática se formou em seu rosto e Minsun se assustou ao vê-la colocar a mão no peito.
— Yumi, o que você tá sentindo? Vamos para o hospital. San! – Ela disse enquanto via Yumi se sentar parecendo exausta e puxando o ar com mais dificuldade.
— O que? – San perguntou tranquilamente ao entrar na cozinha, mas logo sua expressão mudou ao ver o estado de Yumi que ficara pálida.
— É só um mal estar, logo eu melhoro. – Yumi disse bebendo o copo de água que San lhe estendeu. Ele se ajoelhou na frente dela com os olhos preocupados e segurou sua mão.
— Talvez tenha sido a pressão dela, acontece às vezes. – Mina disse tensa na porta da cozinha e Han concordou. Ele já havia visto Yumi ficar daquele jeito repentinamente algumas vezes, então não ficava tão preocupado quanto à sua recuperação.
— Vá se deitar, eu lavo o banheiro. – San disse e puxou ela com cuidado para fazê-la se levantar. Ela continuava pálida e com a aparência cansada, mas já não estava com falta de ar. Yumi se deitou e San colocou sua pelúcia favorita da hello kitty ao seu lado, ela a agarrou e novamente respirou fundo antes de fechar os olhos. — Qualquer coisa é só gritar. – San disse preocupado para Mina que balançou a cabeça. Ela continuou a arrumar o quarto e vez ou outra perguntava se Yumi queria algo, estranhando que ela não tivesse dormido. Na verdade Yumi parecia bem desperta e pensativa.
— Vocês dois são iguais. Bobos a maior parte do tempo, mas é só acontecer algo grave que acabam virando os heróis da pátria pra salvar e cuidar de tudo. Que bom que ele cuida tão bem de você, espero que o Felix seja assim comigo. – Mina disse enquanto colocava algumas roupas no cesto de roupas sujas. A última frase ecoou na mente de Yumi numa repetição infinita. Felix era o destino de Mina, ele cuidar dela assim era o esperado da relação entre os dois. Já San… Yumi se apaixonava cada vez mais por ele e cada vez mais aquela dúvida enchia sua cabeça de medos. Medo de perder San, medo de ser inevitável, medo de que aquele amor de faculdade fosse mais profundo do que o necessário. Depois de quase uma hora, San voltou para o quarto e se espremeu na cama com ela, a abraçando com cuidado e firmeza. Mina já tinha acabado sua tarefa de limpeza ali e estava ajudando Minsun na cozinha.
—  Pelo menos você não está pálida ainda. – San disse olhando ela de cima, enquanto ela tinha o rosto encostado em seu tronco.
— Com você cuidando de mim, eu fico bem rapidinho. – Yumi disse sorrindo e recebeu um beijo. — Eu vou arrumar a roupa da Mina, depois podemos ir tomar sorvete? – Ela disse se afastando lentamente e San ainda parecia preocupado com o estado dela.
— Você está bem pra isso? – Ele perguntou se sentando e observando Yumi revirar algumas gavetas.
— Estou melhor do que antes, se eu ficar em casa eu sinto que vou ficar pior. – Yumi realmente não parecia tão pálida e cansada quanto antes.
— Tudo bem então, de lá nós vamos pro meu apartamento então. Vou fazer sua mochila, domingo à noite eu te trago. – San disse pegando a mochila dela e abrindo as gavetas para pegar as roupas. Yumi concordou enquanto analisava o guarda roupa e foi simples e certeira em sua escolha. Um vestido de tecido chiffon georgette, rosa de tecido fino, cheio de flores discretas num tom mais escuro de rosa. Obviamente o forro do vestido era mais grosso do que o chiffon georgette, mas o tecido em si dava impressão de elegância.
— Que cara de bocó. – Yumi disse ao encarar San que sorria para si parado na frente da cama.
— É que me lembrou do nosso primeiro encontro. – San viu Yumi mostrar para ele dois pares de sapatos. Uma sapatilha rose e uma sandália no tom do vestido, e ele escolheu a sapatilha porque sabia ser mais confortável para Mina. — Você estava usando um macacão jeans com um moletom amarelo, o cabelo enrolado num coque todo bagunçado. Achou que eu ia me incomodar com o seu desleixo, mas eu só consegui gostar mais de você. – Conforme ele se lembrava, Yumi se aproximava dele com um sorriso idiota. Foi exatamente daquele jeito que as coisas entre eles aconteceu.
— Eu só tenho quatro horas pra ficar pronta! – Mina entrou gritando em desespero no quarto, fazendo o casal interromper o beijo e tão pouco se importou com aquilo, se ela não começasse a se arrumar imediatamente, ela não poderia terminar a noite como eles.
— Você fica pronta em uma hora, não sei pra que o desespero. – San disse se sentando ao lado de Yumi que despejou a caixinha de bijuterias na cama para eles escolherem os acessórios.
— Uma hora? Você perdeu a cabeça, meu bom homem? – Mina perguntou alto e indignado. — Eu tenho que lavar o cabelo, secar o cabelo, fazer chapinha no cabelo, fazer as unhas e ainda tem a maquiagem! – Ela disse com rapidez e ansiedade.
— Uma hora. – San disse sorrindo e Mina grunhiu.
— Duas horas e olha lá. – Yumi disse se levantando e finalizou a organização do modelito que Mina usaria. — Vai tomar banho, eu vou separar as maquiagens e deixar o secador no jeito. – Ela disse paciente para Mina e a empurrou até o banheiro.
— O que vocês estão fazendo? – San perguntou fazendo careta ao ver Minsun e Han atracados no chão, parecendo travar uma luta importante.
— Quem ganhar vai pagar a janta de hoje. – Han disse enroscando as pernas no pescoço de Minsun.
— Você é tão burro, você sabe que ela sempre ganha. – San disse se jogando na poltrona e assistindo os dois brigarem.
— Eu andei treinando! – Han mal acabou de falar e deu de cara no chão com o empurrão que Minsun deu usando seus joelhos.
— Eu percebi, mas vai ter que fazer melhor do que isso. Vou querer comida japonesa. – Minsun disse ofegante mas não tão cansada quanto Han estirado no chão. Mais um dia normal naquela casa.
Depois do banho, Mina ficou vestida com o roupão enquanto Minsun secava seu cabelo e Yumi pintava suas unhas. A unha acabou antes de o cabelo secar, então Minsun continuou com seu trabalho e Yumi se encarregou de trazer guloseimas para sanar a ansiedade de Mina. Quando o secador parou, Yumi começou a maquiagem e Minsun fez a chapinha.
— É tanta arrumação que parece natal. – Han disse de boca cheia, vendo Minsun no cabelo e Yumi na maquiagem ao mesmo tempo. As três riram porque concordavam. Quase três horas depois, Mina finalmente colocou o vestido e os acessórios.
— Eu errei nas contas. Sempre fui ruim em matemática. – San disse risonho, vendo Mina se arrumando nervosamente na frente do espelho da sala.
— Ele perguntou se eu já estou pronta, o que eu falo? – Mina estava tremendo com o celular nas mãos.
— Você está pronta? – Yumi perguntou sorrindo zen e Minsun quis rir. Ela e o San sempre tinham aquele sorriso besta na cara.
— Física ou emocionalmente? Porque eu sinto que nenhum dos dois. – Mina disse e Minsun tomou o celular das mãos dela, mandando a mensagem dizendo que já estava pronta.
— Arrota na frente dele e prove que o Akai Ito não é interrompido nem com constrangimento – Han e seu super conselho causou crises de riso em San e Yumi. Em menos de uma hora, mina andou vinte quilômetros dentro de casa por causa do nervosismo, e quase teve um derrame quando a campainha finalmente tocou.
— Diga que eu viajei de última hora pra Croácia, volto em dois meses. – Mina disse, ameaçando correr para o quarto, mas Minsun a segurou e empurrou até a porta, a abrindo para Mina.
— Cuidado e avisem se forem chegar muito tarde. – Minsun disse colocando a carteira de Mina na mão dela junto com o celular.
Felix e seu cabelo cinza platinado estavam combinando perfeitamente com a camiseta branca e a jaqueta de couro, foi algo fatal para o coração de Mina.
— Você está… muito bonita. – Felix disse sem ar e envergonhado.
— Você também. Ficou muito bem de couro. –  Mina disse sendo empurrada vagarosamente por Minsun, até que ela estivesse do lado de fora. Ela segurou a jaqueta de Felix por um instante e sorriu, ouvindo a porta atrás de si fechar.
— Ah obrigado. – Felix disse contente e segurou suas próprias mãos. — Vamos indo? Nós temos horário marcado, acho que chegamos em uns trinta minutos. – Ele disse pegando o celular e dando espaço para Mina o acompanhar até a calçada.
— Nós vamos aonde? – Mina perguntou curiosa enquanto ele pedia um carro por aplicativo.
— Eu pensei muito em fazer algo diferente, então tive uma ideia interessante. Vou fazer surpresa, quando chegarmos você vai ver. – Apesar da curiosidade, Mina achou muito empolgante.
— Tô pensando na comida. – Os dois disseram em uníssono depois de alguns minutos em silêncio no carro. A risada foi instantânea, tal como os toques de mãos. Era tão automático, fazia parecer que os dois entrelaçavam os dedos daquela forma terna há anos. Apesar da vergonha, os dois continuaram de mãos dadas até o destino final.
— Pista Kart? – Mina perguntou surpresa, vendo o enorme letreiro com luzes vermelhas neon. Eram seis da tarde mas já brilhavam como se estivesse totalmente escuro.
— Tem outras coisas lá dentro, vamos. – Felix puxou ela até a entrada. Mina foi guiada por ele, enquanto olhava distraída aquele lugar. Havia grandes portões com letreiros de cores e tamanhos diferentes, mostrando as outras atrações que havia dentro daquele local. Até chegarem de fato na tal pista Kart, eles passaram pelo boliche, parede de escalada e o quarto cama elástica.
— Uau. – Mina disse admirada ao ver a pista cheia de muros feitos de um material resistente, na cor preta e vermelha, para separar e sinalizar as ruas onde os carrinhos corriam. O lugar era coberto e bem iluminado, não tão cheio quanto deveria estar, já que o lugar era incrível e todos deveriam conhecer.
— Você sabe dirigir? – Felix perguntou e uma memória automaticamente veio a mente de Mina, da época em que ela e Minsun moravam na fazenda com os avós e roubavam o trator para dirigir por aí.
— Sim, aprendi com a Minsun. – Ela disse simples os dois foram dar os nomes para poderem pegar as roupas e o capacete de proteção. — Que tal uma aposta? – Mina sugeriu enquanto se vestiam e Felix pareceu um pouco intrigado com aquele ato. Mina não tinha cara de quem fazia apostas, mas ela imaginou que fosse do feitio da família dela fazer coisas do tipo, uma vez que Minsun tinha cara de quem adorava uma adrenalina.
— O que sugere? Valendo um beijo? – Felix perguntou sorrindo de lado e viu Mina ficando vermelha até as pontas das orelhas.
— Não, isso não teria graça. Os dois sairiam ganhando com isso. – Mina disse sendo mais racional, apesar de estar tentada a aceitar. — Temos duas opções, ou o jantar ou o boliche. Quem perder paga um dos dois. – Ela disse ainda vermelha e Felix ponderou, aceitando a proposta.
— Mas e o beijo? – Ele perguntou vendo Mina sendo levada para o carrinho. Ela fez um gesto com a mão e entrou no carrinho, indicando que depois falavam sobre isso. Talvez ele estivesse subestimando Mina, já que se sentiu totalmente pressionado ao vê-la dar a volta na pista inteira em um minuto e quarenta e sete segundos.
— Meu bem, eu duvido que você faça melhor. – Mina disse com um tom desafiador, que fez o coração de Felix dar um pulo de tentação. Ele deu um sorriso convencido e segurou o queixo de Mina.
— Sente e assista, meu bem. – Ele gostou da expressão acanhada que acabou surgindo em Mina. Um pouco à toa, já que ela quem venceu.
— Por um instante, você quase me convenceu de que conseguiria me passar. Que peninha, vai ter que pagar o boliche. – Mina disse risonha e segurou Felix pelos ombros, lhe dando um abraço de consolação ao ver o riso derrotado dele.
— Ainda temos muito tempo, vamos correr juntos. – Felix disse levando ela até a pista de mão dupla e os dois se divertiram ali por uma hora. Logo, saíram na direção do boliche de iluminação escura, cheia de lâmpadas em cores neons que dava um contraste e conceito diferentes no local. Mina podia ser boa e rápida dirigindo, mas não chegava aos pés de Felix quando se travava de boliche.
— Já é o terceiro strike seguido que você faz, como isso é possível? Você contratou alguém pra derrubar os pinos ali não é? – Mina perguntou indignada, chacoalhando Felix que gargalhava.
— Se é assim, você também colocou alguém no seu lugar lá na pista! – Felix disse sacudindo ela de volta. Os dois riram e terminaram mais aquela rodada, antes de irem lanchar. — Olha tem pista de patinação também. – Ele disse olhando o panfleto enquanto comiam.
— Eu nunca aprendi a patinar. – Mina disse de boca cheia e Felix sorriu enquanto limpava o ketchup da bochecha dela.
— Então eu vou te ensinar, acabe de comer. – Ele disse simples e Mina concordou. O assunto dos dois fluía tão facilmente, principalmente quando falavam de filmes e animes, mentalmente Felix estava fazendo uma lista de presentes de artigos  de animes que ele poderia dar para Mina. Por outro lado, Mina estava se perguntando se aquilo era coisa do Akai Ito, mas eles só se conheciam há uma semana e a sensação que tinha é que sempre estiveram juntos, a contar pelo fato de que ficaram íntimos em um curto espaço de tempo. Assim que terminaram, os dois foram segundo as placas até a pista de patinação. Mina sentiu o coração falhando ao ver como era bonito, com aquele design retrô, era escuro com luzes coloridas rodando pelo enorme salão que tocava músicas românticas dos anos 80 e 90. Felix ajudou ela a colocar os patins cor de rosa e os amarrou. Ambos não paravam de rir um instante enquanto tentavam equilibrar Mina até a pista. Depois de algumas dicas, ela conseguiu não cair e seguir com cuidado Felix. Ela não tinha exatamente aprendido a andar, mas foi o suficiente para ter a mão de Felix em sua cintura enquanto andavam em círculos como os outros. Vez ou outra eles dançavam atrapalhados, com a música que se agitava em alguns momentos. Assim que sentiram as pernas pedindo descanso, eles saíram da pista e se sentaram nos bancos altos enquanto tomavam milkshake de morango.
— O que acha de brownies e cookies caseiros? – Felix sugeriu e o rosto de Mina se iluminou. Um de seus maiores vícios eram os brownies caseiros que Yumi fazia sempre que estava de TPM.
— Acho esplêndido, onde vamos achar? – Ela perguntou balançando as pernas.
— Na minha casa, eu sou o mestre dos cookies e brownies caseiros. – Felix disse convencido mas percebeu que Mina ficou um pouco assustada com a informação que iria para casa dele. — Só se você quiser ir, como eu vou na sua casa o tempo todo eu imaginei que estaria tudo bem. – Ele disse rapidamente e Mina sorriu enquanto negava com a cabeça.
— Não é isso, é que eu acabei percebendo que ainda não conheci sua casa mesmo. – Ela disse um pouco sem graça, mas ainda sorrindo. Felix perguntou mais duas vezes se ela tinha certeza que estava tudo bem irem, e Mina lhe deu um tapa na última vez, dizendo que não iria se ele continuasse com aquilo. Ela estranhou ver as luzes da casa de tamanho mediano acesas, mas preferiu não comentar.
— Chan hyung! Cheguei! – Felix gritou ao abrir a porta e Mina estranhou duas malas no canto da sala. Logo um rapaz que parecia um pouco mais velho e forte do que Felix saiu de um dos quartos, sorrindo de forma que suas covinhas chamassem atenção. Mina lembrou de Yumi no mesmo momento, ela sempre foi apaixonada por pessoas com covinhas. — Hyung, está é Yang Mina. Mina, esse é meu amigo Bang Chan, ou Christopher Bang, chame como preferir. – Felix os apresentou com certa animação, já estavam apresentando as duas pessoas que mais gostava no mundo. Mesmo que conhecesse Mina apenas há uma semana.
— Felix falou muito sobre você, espero que ele esteja sendo cavalheiro. – Chan disse ao dar um aperto de mãos com Mina que sorriu timidamente e balançou a cabeça positivamente.
— Muito mais do que você imagina, ele é muito gentil. – Mina disse gostando automaticamente da vibe e da aura que Bang transmitia.
— Ótimo, ótimo. Eu estou no quarto terminando de fazer minhas malas, então fiquem à vontade e finjam que eu não estou aqui. – Bang disse juntando as mãos e Mina fez uma breve reverência.
— Hyung, você fez aquilo que eu tinha pedido? – Felix perguntou um pouco ansioso antes que Bang saísse dali.
— Ah sim! Assim que você saiu eu fiz. – Bang disse sorrindo suspeito e fez um joinha com a mão. Mina não perguntou porque não viu motivos, então apenas seguiu Felix até a cozinha logo em seguida.
— Depois vamos fazer uma competição de quem faz o melhor brownie. Yumi vs. Felix, uma luta até a morte e que o melhor vença. – Mina disse enquanto fazia a massa do cookie e Felix o brownie. Ela estava se sentindo muito à vontade com os pés descalços e as mangas do vestido levantado.
— Meu forte são os cookies, mas eu tenho certeza que posso vencer isso. – Felix disse sem nenhuma confiança naquilo, mesmo que parecesse que sim. Mina riu e começou a despejar as gotas de chocolate.
— O seu amigo está indo embora de casa ou ele vai viajar? – Mina perguntou sem conseguir conter a curiosidade.
— Amanhã ele vai viajar para Austrália em trabalho, vou ficar sozinho por três meses. – Felix fez uma careta forçada de tristeza, arrancando um riso de Mina. — Ele é produtor musical, normalmente faz trabalhos para cantores iniciantes, mas tem muitas músicas de grupos de empresas de entretenimento aqui na Coreia. – Falando daquela forma, parecia uma coisa realmente grande. Mina se perguntou se ele ganhava bem com aquilo, já que moravam numa casa que não era tão maior do que a sua, apesar da ótima localização. Depois de colocarem o brownie no forno e deixar a massa do cookie no congelador por alguns minutos, Felix buscou jogos de cartas e tabuleiro, levando Mina para o quintal de trás. Seus olhos dobraram de tamanho ao ver uma barraca branca de acampar, iluminada com piscas-piscas brancos por toda extensão da entrada. No chão havia uma espécie de colchão fino, também branco e várias almofadas espalhadas.
— Isso é lindo, Felix. Nunca me fizeram algo assim. – Mina disse emocionada enquanto caminhava pela grama em direção à barraca. Felix sorriu aliviado e feliz de ver que estava se saindo muito bem. Obviamente aquela era a tal coisa que Felix havia pedido para Bang, e como um bom músico, ele havia deixado uma caixinha de música e uma pequena lista de músicas que poderiam ouvir enquanto estivessem ali.
— Depois recompense o trabalho que o hyung teve para montar isso. Ele achou a Yumi muito bonita, há uma semana eu vejo ele stalkeando ela todos os dias. – Felix disse risonho e Mina riu surpresa.
— Eu faria isso em outra situação, mas ela está totalmente apaixonada pelo San agora. Nunca vi a unnie tão firme em um relacionamento, acredite ou não, três meses é o recorde de duração de um namoro dela. – Mina sentou de pernas cruzadas e colocou uma almofada rosa no colo.
— Que pena, os dois combinam. – Felix disse embaralhando o uno. — Pronta para perder pra mim de novo? – Ele perguntou com um olhar engraçado de desafio, fazendo ela gargalhar. Depois de duas rodadas, Felix foi pegar o brownie e se sentiu muito grato ao ver que Bang já havia tirado do forno, cortado, colocado em um prato e já colocado o cookie no forno.
— Você é o melhor. – Felix disse parado na porta do quarto, vendo Bang mexer no MacBook com uma bagunça de roupas espalhadas pelo chão. Bang riu e Felix logo correu com o brownie e uma garrafa de suco de maracujá natural. Mina havia comentado que não era tão fã de coca cola e refrigerantes, assim como Minsun. Talvez fosse algo relacionado com o fato de os avós delas as traumatizarem dizendo que coca cola queimava os órgãos até você morrer. O riso e a falação entre os dois era incessante, a música ficou apenas de fundo porque tão pouco prestavam atenção no que tocavam. Logo devoraram a fornada de brownie e do cookie, e já cheios, decidiram se deitar e finalmente prestar atenção em alguma música. Felix mexeu no celular por alguns instantes atrás de uma música que andava escutando com frequência e Mina apenas segurou suas próprias mãos em cima do tronco, se sentindo em paz. Em um raciocínio comum (como o de Bang), Felix deveria ter colocado uma música com letra romântica, ao invés disso, colocou Fix you do Coldplay. Não por causa da letra, mas simplesmente porque amava a música.
— Eu e a Minsun escutamos tanto essa música, que um dia Yumi quebrou a caixinha de música só para não ter que ouvir de novo. – Mina comentou risonha, olhando para o teto da barraca, onde tinha um ursinho pequeno pendurado. Felix riu baixo e os dois ficaram em silêncio por uns instantes, até que ele começou a cantar baixo. Mina sentiu o coração quentinho, fechou os olhos e aproveitou a sensação que a voz grave de Felix lhe causava em cada célula do corpo. Ao fim da música, Mina sentiu ele perto mesmo que estivesse de olhos fechados, e permaneceu daquele jeito. E como se o universo estivesse falando, a música que tocou em seguida foi Kiss me do Ed Sheeran. Antes que ele pudesse chegar no refrão, Mina sentiu os lábios macios de Felix contra os seus, timidamente, com medo de ser rejeitado. Seu corpo relaxou ao sentir os dedos de Mina tocando suas bochechas com cuidado, indo até sua nuca conforme dava permissão para que ele aprofundasse o beijo. O que antes era apenas um breve selinho, se tornou um beijo intenso e carinhoso. Felix tinha uma mão no braço dela, enquanto ele se apoiava no outro para poder ficar erguido o suficiente. O fim da música decretou o fim do beijo, Mina suspirou realizada e abriu os olhos, se deparando com as sardas dele e seu sorriso contido, tão feliz quanto o seu.
Aquele momento foi marcado pelo fio vermelho brilhando como mil fogos de artifício, iluminando a barraca por completo e apagou no segundo seguinte. Era o Akai Ito dizendo adeus, porque se garantiu de que os dois estavam juntos, e agora, para sempre.

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Desculpem a demora
Vou postar tentar postar tudo entre hoje e amanhã 😊

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