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Orelha 🦅

Queria ter conseguido dormir tranquilo como eu imaginei mas não consegui não, levantei bolando um cigarro e fui pra sala e fiquei fumando.

Tava um bagulho estranho, um silêncio foda, a falta do perfume doce que sempre rondava pela casa. Mas era engraçado né viado, porque quando eu tinha tudo isso, só faltava ficar maluco pra não ter.

Soltei uma risada, não era como se eu tivesse começado a amar a Carina só por perder, é porque de maneira boa ou ruim, convivi por anos. Era filha da puta mas eu me acostumei.

Pensei na Vanessa também, não sabia se eu tinha passado segundas intenções pra ela, se ela me viu com maldade ou algum bagulho do tipo, mas na real mesmo, acabou que não tinha.

No dia que eu fui levar ela em casa com o Coronel e analisei, era uma mulher gostosa pra caralho, o corpo era lindos e dos pés a cabeça era bonita. Mas quando eu parei pra pensar no caminho que eu matei a mãe dela, eu soltei uma risada comigo mermo, achando maior bagulho escroto.

E papo dez, hoje eu não fui lá na intenção de comer ela ou fazer qualquer maldade, eu queria mermo dar um agrado pelo moleque, sabia que a vida del não era fácil, e quando se tem criança tudo mais fica complicado pô.

Mas eu ainda tava em marola comigo, não queria ficar com ninguém agora, o bagulho era só aliviar e sair fora, sempre andei com altas mulheres na cola mas tava suave pra isso, mulher só me trouxe problemas.

Deposite fumar o verdinho, bati uma larica maneira e consegui dormir lá pras três da madrugada, acordei de manhã, ajeitei os bagulhos e fui pra casa do Coronel, quando cheguei lá, a Andressa tava na cozinha e ela se assustou comigo.

Andressa: Credo, parece assombração.- Reclamou e eu fechei a porta.

Orelha: Andressinha, se tu desenrolar algum bagulho pra eu comer te dou cinquenta reais.- Ela soltou uma gargalhada.

Andressa: Cinquenta reais eu uso pra limpar a bunda, seu pobre.- Negou com a cabeça.- Mas senta aí que faço, o Coronel tá tomando banho pra comer também. 

Orelha: Valeu ein mana, nunca reclamei de você! - Ela soltou uma risada fraca.

Andressa: Desde quando você ficou incapaz de fazer comida?

Orelha: Desde quando eu tinha a Carina pra fazer ein.- Cocei a cabeça, sentando na mesa.

Andressa: Ih, vai ter que começar a se virar então.- Falou colocando as coisas na mesa.- Um cavalo desses e não sabe fazer comida.

Orelha: Relaxa, hoje o café, almoço e janta vai ser aqui. Amanhã na Luana e depois da Ana, eu vou reversando.- Ela me olhou rindo e me xingou.

Fiquei trocando uma ideia com ela até o Coronel chegar me xingando, perguntou se eu não tinha casa e eu respondi aqui era meu local de comer agora, ele me chamou de otario e sentou também, mas a Andressa começou a reclamar e ele foi ajudar elas nos bagulhos, enquanto eu fiquei na maior paz.

Estilo vagabundo. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora