Lost Souls

Capítulo 2

Flashback - 8 anos atrás

Estou saindo da casa de Tessa e indo em direção a minha quando percebo Nathan me observando.

Eu não consigo entendê-lo às vezes, ele não vem muito quando estou na casa dela, apesar de discutirmos por não concordar em diversos assuntos, achei que éramos amigos, pois nos divertimos juntos, obviamente Tessa é nosso meio-termo, mas mesmo assim.

Todavia, a cada dia que passa Nate se torna distante, Tess presume que seja pelo pai dele que põe muita expectativa no filho igual ao dela. Porém acho que ele deixa transparecer pouco e esconde muito de nós dois. Não disse isso para ela, entretanto, não ache que precise, Tess consegue entender melhor as pessoas do que a maioria, por isso ela é minha Borboletinha e nunca quero me afastar dela. Porque ninguém nunca irá me entender como ela, ou fazer meu coração se encher de felicidade somente observando aquele sorriso radiante que cura até as almas mais obscuras.

Vou em sua direção e paro a uma distância suficiente para conversamos.

– O que foi? Quer conversar comigo? – pergunto cauteloso.

– Você não a merece – diz simplesmente e levanto uma sobrancelha.

– Acredito que ninguém a mereça de verdade – digo calmamente e com sinceridade.

É um fato, Tessa é tão encantadora e doce, sempre tentando ajudar as pessoas, protetora com quem ama e está com você quando precisa e quando não. Ela é assim, uma luz que ilumina qualquer coração e precisa de somente 5 minutos com a mesma para perceber isto. Às vezes penso que Tess nem percebe, então adoro lembrá-la do quão maravilhosa é. Sei que posso não a merecer completamente, mas farei de tudo para compensar a fazendo feliz e cuidando dela.

Nathan balança a cabeça e diz: – Você irá quebrar o coração dela e quando isso acontecer, serei eu que ficarei e a consolarei. Então, Tessa perceberá que sempre estive aqui para ela, não você. Irá assistir a nós dois e saberá o que eu sinto quando vejo vocês juntos, a diferença é que merecerá cada segundo disto.

Eu pisco uma vez, duas vezes, três vezes e abro a boca para respondê-lo, porém não consigo pronunciar nenhuma palavra. Ao perceber isso, ele se vira e entra em sua casa. Não sei o que me deixou mais chocado suas palavras ou seu rosto inexpressivo e falta de emoção para dizer tais palavras.

Presente

Estou sentado sozinho em uma das mesas do refeitório, que me mostra a visão perfeitamente dela. Estou a observando há alguns minutos, a mesma está sentada com duas meninas, enquanto seu querido Nathan com o time de futebol, o qual ignorei.

Tessa não percebe que estou a fitando, pois sua concentração está na garota de cabelos pretos falando alegremente e na outra de cabelos coloridos que expressa uma seriedade e interesse na conversa, todavia percebo que está consciente de tudo o que acontece ao seu redor, porque vejo seu olhar vagar sutilmente pelo ambiente.

Noto que Tessa ainda não tocou em sua comida e olhando atentamente, sua pele está pálida, guardo essas informações para analisar depois. Pois nesse exato momento sou interrompido por um idiota que se autodenominou meu melhor amigo.

– O que você está fazendo? – diz sentando ao meu lado e eu levanto uma sobrancelha para ele.

– O que você acha que eu estou fazendo em um refeitório Jaime? Dançando? – digo secamente e o imbecil dá um sorrisinho irônico.

– Não me culpe por perguntar, você parece a ponto de matar alguém pelo olhar e está mais mal-humorado do que o habitual. Isso se deve ao fato daquela Loirinha da outra mesa, a qual não parou de observar desde que se sentou aqui? – Jaime ainda está sorrindo e quando fecho a cara, ele sorri ainda mais sabendo que está certo.

– Isto não é da sua conta.

– Na verdade é sim, afinal somos melhores amigos – ele passa um braço ao redor de mim se escorando e eu reviro os olhos.

– Cuide da sua vida Jaime – sibilo cada palavra para fazê-lo entender.

– Estou cuidando. Cuidar da sua vida diz respeito que estou cuidando da minha. Não leu isso no regulamento de melhores amigos? – diz simplesmente.

– Maldito momento que me ofereci para te ajudar, e aliás, quando foi que titulei você como meu melhor amigo? Pelo que me lembro bem, você fez isso sozinho – tiro seu braço ao meu redor.

– Assim você me magoa seriamente D – diz colocando a mão no coração fingindo mágoa, ignoro e volto minha atenção para Tessa. Agora Nathan está com ela, ele fala algo enquanto a mesma presta atenção e às vezes sorri. Vejo que eles não saem tão verdadeiros, parece que Tess está nervosa. O que me deixa pensativo sobre...

– Então é ela? – volto minha atenção para Jaime e levanto uma sobrancelha em interrogação. – A garota por quem você é apaixonado. Você não me disse o quão linda ela é – seu olhar está nela e eu olho incrédulo para o mesmo.

– Pare de olhá-la, Tessa não é sua para ficar babando.

– E nem sua pelo jeito – aponta com a cabeça para Nathan – mas tal coisa não impediu você de ficar babando por ela. – Jaime se vira para mim – Quer um pano para limpar a baba? – dou um soco em seu braço e murmuro idiota, ele ri e esfrega o lugar onde bati. Todavia, consigo ver empatia por mim em seus olhos.
Assim que nossa amizade funciona, apesar das zuações e brincadeiras, entendemos um ao outro mesmo sem demonstrações físicas e melosidade.

– Seu namorado não irá ficar bravo se souber que você está me seguindo como uma obcecada? – digo para Tessa sem me virar. Estou em uma parte do colégio que serve para treinamento e sinto que ela está me seguindo desde que saí do refeitório, só não consigo entender o porquê. Sinto a mesma se aproximar.

– Não estou te perseguindo que nem uma obcecada e bem que você queria que fosse tal coisa. Entretanto, precisamos conversar sobre o trabalho. – Paro e me viro para fitá-la, está com os braços cruzados e uma expressão curiosa, mas que mascara rapidamente com neutralidade.

– Ainda me lembro onde mora e estou na mesma casa onde eu morava a 8 anos atrás. Então, se estiver tudo bem para você, vou na sua casa mais tarde – ela assente.

– Por mim tudo bem. – Tessa se vira para ir embora, porém hesita – Parece que você se tornou o lutador que tanto queria – gesticula para o ambiente e eu anuo.

– Ainda não o suficiente, portanto um dia chegarei lá igual você chegou – digo me referindo ao balé. Vi alguns vídeos seus e nos comentários ela era muito bem elogiada, o que não me surpreende, Tessa é magnífica dançando, parece estar voando. Ela sorri envergonhada e é adorável.

– Seus pais devem estar muito orgulhosos de você. Eles voltaram também? – diz casualmente, olhando ao redor menos para mim. Imagino que esse era o ponto que queria chegar. Quando penso em meus pais, meu coração dói.

– Minha mãe sim e tenho certeza que a mesma ficará muito feliz em ver você novamente – Tess finalmente me fita e procura algo em meu rosto, quando encontra, assente e me dá um olhar solidário. Tessa diz que vai me deixar em paz para treinar, nos despedimos e ela vai embora.

Quando vou voltar para meu treinamento, percebo alguém me observando e é Nathan. O mesmo se aproxima de mim, parando a uma distância suficiente para conversarmos.

– Fique longe dela – sibila cada palavra. Eu simplesmente o olho entediado, como se não valesse meu tempo e seu rosto se contrai, mas permanece calmo. – Esse é meu primeiro e único aviso, fique longe dela. Não gostará da guerra que irá acontecer se não fizer tal coisa Dominik. – Eu sorrio, mas não há nada caloroso no gesto.

– Estou mais que preparado para a guerra Nathan. – Ambos nos olhamos e segredos, mentiras, mágoas, traições e amor por uma mesma garota se passa entre nós. Nossa história e rivalidade sempre foi maior que Tessa, isso começa com nossas famílias e temo que terminará com todos saindo machucados.

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