Antes de descobrir a magia, o mundo oculto e real que existia debaixo dos olhos de cada habitante de Três Luas, tudo era normal. A vida de Mariana era bastante comum na cidade localizada no interior do Rio de Janeiro, mas tudo vira de cabeça para ba...
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Hoje é o primeiro dia de aula depois das férias de julho.
Eu havia combinado com Denis de irmos ver sua amiga que entendia sobre bruxaria, após a escola.
Acordo bem cedo e vejo que estava chuvendo horrores. Ontem estava um calor dos infernos e hoje amanhece parecendo um dilúvio? Vai entender o clima de Três Luas.
Me levanto da cama e vou até o banheiro, fazendo minhas necessidades matinais e vestindo meu uniforme da escola. Era simplesmente ridículo, uma calça jeans e uma blusa do governo estadual. Ajeito meu cabelo e visto o tênis, pegando minha mochila no quarto e indo até a cozinha, onde vejo minha mãe e Samuel já acordados.
— Bom dia, filha. Dormiu bem? — Minha mãe pergunta, colocando um pouco de café na xícara para mim.
— Bom dia. Dormi bem, feito um anjo. — Respondo me sentando na mesa, ao lado de Samuel.
— Hoje o ônibus deve demorar uma eternidade pela chuva, então, capaz de precisarmos ir andando. — Samuel diz enfiando um pedaço enorme de pão na boca.
— O pai ainda não chegou? — Pergunto bocejando, levando a xícara de café até a boca.
— Ainda não. Ele chega a tarde, provavelmente. — Minha mãe responde.
Meu pai trabalha como caminhoneiro. Roda o Brasil inteiro em um caminhão por semanas, então era um pouco fácil vê-lo em casa. Ele está há três meses longe e hoje finalmente virá embora. Era difícil me acostumar sem ele aqui, ele é um bom pai.
— Vamos, Samuel, antes que cheguemos atrasados. Sabe como a Tânia é, ele vai encher nosso saco por dois minutos de atraso. — Falo, me levantando da cadeira e me preparando para sair de casa.
— A Tang é insuportável. Prefiro a morte do que ficar ouvindo sermão dela. — Samuel se levanta e começa a caminhar na minha direção, pronto para ir à escola.
— Por que vocês chamam ela de Tang? — Pergunta minha mãe curiosa.
— Sei lá. Só apelidamos e pegou. Todo mundo chama ela assim. — Samuel responde, se despedindo da minha mãe antes de sair e eu faço o mesmo.
Abrimos nossos guarda-chuvas e começamos a caminhar juntos na direção da escola. Junto a chuva, uma ventania forte fazia com que meu guarda-chuva em específico virasse ao avesso, me fazendo molhar inteira.
— O ônibus! Corre, Mari. Dá tempo de pegar. — Diz Samuel me puxando até o outro lado da rua, correndo na direção do próximo ponto de ônibus e dando sinal para o que vinha.
Porém, não deu tempo. O ônibus passou na nossa frente, fazendo a água da poça no chão espirrar na gente. Jogo meu guarda-chuva no chão, frustrada e com raiva, quase chorando naquele momento.
— Que filho da mãe! — Samuel resmunga do meu lado, também irritado. — O jeito é ir andando na chuva mesmo.
— Vamos, antes que eu mate alguém. — Digo começando a andar novamente, só que dessa vez perto de Samuel para usar seu guarda-chuva também.