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Oh, eu não sei, o que posso fazer?

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Oh, eu não sei, o que posso fazer?

O que mais posso dizer?

Cabe a você

Eu sei que somos um, só eu e você

What is Love — Jaymes Young

— Patife! — Abby grita pela milésima vez enquanto projeta o corpo para frente apoiando as mãos nas coxas tentando tomar fôlego. — Eu odeio você. Odeio!

Ela joga a cabeça para frente e seu rabo de cavalo balança de um lado para o outro. Eu mantenho o ritmo da respiração inspirando pelo nariz e soltando pela boca, era o que ela deveria estar fazendo desde o início da corrida. Abigail não me odeia, estamos longe de nutrir esse sentimento um pelo outro, bom, eu mais ainda, mas consigo entender sua raiva por mim, cometi duas das cinco violações mais graves do nosso acordo de amizade: Acordá-la antes das nove e levá-la para se exercitar.

— Só mais uma volta e a gente acaba! — Eu aviso.

— Eu quero é acabar com você! — Ela endireita o corpo e seus olhos me queimam. Posso sentir o fogo da sua ira queimar minha pele. — Quantas horas? Seis? Seis e meia?

Levando o braço para conferir o horário no relógio de pulso, são seis horas, e estamos correndo a menos de quinze minutos. Abby demorou pelo menos vinte minutos para levantar da cama e colocar uma roupa apropriada para correr. O tênis que ela está usando nos pés estava novo quando ela tirou da caixa empoeirada, comprovando que mesmo tendo comprado há meses ela sequer chegou a usar, a camiseta de algodão enorme demonstra que ela não tem a mínima ideia do que vestir para se exercitar, mas aprovo o short de lycra, que já subiu pelo menos cinco centímetros desde que começamos a correr expondo uma das partes que mais gosto dela.

Como se soubesse exatamente para onde eu estou olhando, Abby leva a mão ao short o abaixando para o lugar onde ele deveria estar.

— São seis horas. — Eu informo. — Estamos correndo há doze minutos.

— Parece anos. — Abby choraminga. — Como você consegue correr depois de ter bebido quatro garrafas de cerveja ontem?

— Três. — Corrijo.

Para uma pessoa que está acostumado a beber, três garrafas de cerveja não me causaria nem um mal estar, e muito menos impediria minha corrida sagrada matinal.

— Tanto faz. — Ela dá de ombros enquanto caminha para o meu lado. Deita a cabeça no meu braço em uma tentativa de fazer manha, seus dedos percorrem minhas tatuagens do antebraço deslizando a ponta pelos traços. — Podemos ir tomar café agora?

Estamos parados na faixa de corrida a nossa direita o mar assopra o vento frio, e à nossa esquerda duas senhorinhas passam tranquilas fazendo sua caminhada. A minha parte orgulhosa grita quando vejo que elas nos ultrapassaram, mas acaba se calando quando Abby bate os cílios em minha direção.

For You (Degustação)Where stories live. Discover now