II

5.7K 644 539
                                    



Após o fim do show, Louis pulou do palanque e cumprimentou algumas pessoas. Caminhou até o bar, jogando-se numa banqueta. Ted, o proprietário do Icy Whisky, havia ocupado o lugar de Hunter e servia bebidas. Sorriu para Tomlinson antes de lhe entregar uma dose de vodca. Zayn sentou ao lado dele e recebeu uma latinha de cerveja.

Louis olhou por cima de seu copo para o garoto de suéter bege, que levava a taça de vinho até os lábios. Talvez devesse ir até lá, talvez não.

─ Tomlinson! ─ Niall gritou, empurrando-o da banqueta e pegando seu lugar. Pegou a cerveja de Zayn, bebendo um longo gole. ─ Olhe só como esse lugar está cheio. Teddie, você está fazendo sucesso pra caralho.

O homem riu, balançando a cabeça para os lados.

─ Você é quase uma flor de delicadeza, Niall. ─ Louis resmungou.

─ Niall! ─ Essa era a voz de Liam, que se aproximava como um furacão. Horan não gostava quando muitas pessoas falavam seu nome com aquela entonação de raiva e indignação. ─ Era a sua vez de me ajudar a arrumar os instrumentos!

─ Eu sou muito bonito pra essa merda. ─ Niall respondeu, terminando de beber a cerveja de Zayn.

Liam revirou os olhos, pedindo uma garrafa de água para Ted.

Tomlinson se encostou no balcão, ajeitando os fios de cabelo que caíam insistentemente em sua testa. Fez uma lista de prós e contras sobre ir falar com o garoto de suéter enquanto roubava um maço de cigarros que estava em cima do balcão. Entregou alguns para Zayn e depois enfiou a pequena embalagem no bolso.

Louis espiou o garoto novamente. Ele bebia alguns goles de sua taça novamente cheia. Os lábios avermelhados ganhavam mais cor a medida que eram umedecidos. Tomlinson queria muito sugá-los.

Logo ele caminhava na direção do garoto, arrumando a camiseta no corpo magro e passando os pequenos dedos embaixo dos olhos para remover qualquer borrão de lápis de olho que pudesse existir. Tirou de seu bolso uma bala de menta que deveria estar ali por semanas e a jogou na boca.

Parou de frente para a banqueta onde o garoto de suéter estava sentado.

─ Como você consegue ler em um ambiente desses? ─ Perguntou Louis, com um sorriso simpático no rosto bronzeado. O garoto levantou os olhos verdes para ele, suas bochechas assumiam lentamente um tom avermelhado.

─ Você sabe, anos de prática. ─ Respondeu calmamente. Sua voz era rouca e profunda (e quase fez Louis estremecer, quase). ─ Você não é o vocalista daquela banda que acabou de sair do palco?

─ Sim, meu nome é Louis Tomlinson.

─ Oh. Eu sou Harry Styles. ─ Um sorriso amplo surgiu no rosto do rapaz, mostrando duas covinhas. Ele parecia ligeiramente surpreso pelo fato do vocalista de uma banda amada pelos frequentadores do bar estar ali, porém havia um brilho confiante em seus olhos. ─ Prazer em conhecê-lo, Louis.

─ O prazer vem só depois, amor. ─ Louis se martirizou após pronunciar as palavras. Harry mordeu os lábios antes de soltar uma gargalhada (que soava como pregos perfurando os ouvidos de Louis e como anjos cantando ópera).

─ Esse trocadilho é bem velho, Louis. ─ Disse Styles, colocando seu livro no balcão.

─ Talvez eu deva tentar outro, então? Algo mais atual? ─ Indagou, fazendo uma careta.

─ Definitivamente não. ─ Suas sobrancelhas estavam franzidas, mas havia divertimento em seus olhos verdes.

─ Piadas com duplo sentido? ─ Louis tentou novamente, inclinando-se um pouco mais para a frente. Ele sabia que linguagem corporal era muito importante naquelas situações.

─ O seu número de telefone. ─ Harry sorriu, levantando-se do banco, tirando seu celular do bolso e o estendendo para Tomlinson.

Harry wins. ─ Disse ele, rindo baixinho e digitando rapidamente os dígitos de seu número de telefone. ─ Coloquei com um emoji. Aquele da lua preta, sabe?

─ Louis lua preta. Entendi. ─ Assentiu. Os cachos caíam ainda mais no rosto pálido, os lábios tinham um tom de vermelho vibrante por causa do vinho.

─ Quero seu número também. ─ Louis disse, pegando seu celular e estendendo para Harry. O garoto de olhos verdes reparou em cada detalhe do rosto do outro agora. Seus traços delicados, meio angelicais, o contorno preto em volta de seus olhos azuis e a maneira como suas sobrancelhas se arqueavam de um modo atrevido.

Harry salvou seu número no celular de Louis rapidamente. Seu nome de contato era Harry e o emoji de uma flor rosa claro. Ele devolveu o aparelho para Tomlinson com um sorriso no rosto.

─ Preciso ir embora. ─ Anunciou, pegando seu livro do balcão e tomando o resto do vinho em um gole só. Algumas libras foram tiradas de seu bolso e jogadas no balcão.

─ O que você está lendo?

─ O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde. ─ Disse lentamente, apreciando as palavras e o gosto de vinho que ainda tomava conta de sua língua. ─ Sério agora. Vou embora. Tchau.

Com um aceno tímido, Harry saiu tropeçando nos próprios pés e nas pessoas. O corpo alto e magro atravessando a multidão de corpos suados e malcheirosos. Louis sorriu, balançando a cabeça para os lados.

O curso da noite havia mudado muito rápido. Ele esperava chegar ao Icy e tocar, mas jamais pensara na possibilidade de um garoto de suéter chamar sua atenção. Harry parecia ser inteligente, engraçado e ligeiramente desajeitado. Nada disso condizia com o tipo de pessoa que Louis já havia estabelecido combinar com ele.

Talvez ele devesse ir para casa escrever alguma música sobre sexo para tirar aquela sensação de seu sistema. Era geralmente o que fazia quando as coisas ficavam confusas. Por causa de Louis, The Rogue tinha mais músicas sobre transar do que o The Weeknd.

Quem sabe uma canção sobre antigos hotéis nos Estados Unidos que eram cenários de histórias de amor complicadas? Seria um desafio criativo.

Olhou para Hunter, com os braços musculosos cruzados sobre o peito enquanto conversava com um grupo de homens cheios de tatuagens. Ao notar que era observado, se afastou do grupo e caminhou na direção de Louis. Havia um sorriso em seu rosto.

Ele era louro e arrogante. Tomlinson estava em dúvida entre dar um soco em seu rosto quase perfeito ou beijá-lo.

Acabou por escolher a segunda opção.

The Rogue (descontinuada) (l.s)Where stories live. Discover now