Sobre nós

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Dia 23 de dezembro, véspera da véspera de natal. Falei isso com a Catarina e ela deu risada da minha cara pô, sei nem porque.

Fiz tanta coisa hoje nesse morro, que nem no barraco eu fui ainda sai cedo e não voltei até agora.

Cada um se preparando pra fazer do seu natal um dia especial pô, alguns vão ficar com a família e outros vão curtir no baile.
Xamã começou a entregar as cestas cedo de manhã, pra geral ter tempo de se planejar e fazer um bagulho dahora.

Falando nesse vacilão, até hoje não troquei nenhuma idéia com ele sobre o lance com a minha sogra, mas o que eu percebi é que eles tão de boa na medida do possível, sem treta.

Natal pô quero ver minha família bem e feliz, não consigo deixar de pensar nessa idéia. Desde que a Maya nasceu que a gente passa natal no barraco da Nina, e é claro que esse ano não seria diferente.

Agora o papo que rendeu lá no barraco foi a Catarina que resolveu montar a árvore de natal. O bagulho ficou pela metade, já que o Thiago tirava tudo que a mãe dele colocava. Ela se estressou e quem acabou de montar foi eu, montei o bagulho felizinho.

Do lado de fora eu escutava o pagode, vacilão tá sofrendo e eu tenho certeza.

Xamã: Fala comigo meu filézinho. -Ele fala quando eu entro na sala dele.

Filé: Todo seu, vim saber que horas você vai pra ceia pô. -Falo e me sento na cadeira na frente dele.

Xamã: Nina me mandou mensagem falando pra eu ir cedo lá. -Ele fala enquanto enrolava um cigarro.

Rolei os olhos pelo quadrado que ele chama de sala e vi que era aqui que ele tava dormindo, colchão no chão e essas paradas.

Filé: E depois de lá você vai pra onde? -Falo e ele puxa uma fumaça.

Xamã: Medo do seu sogro passar a noite de natal sozinho? -Ele fala me gastando enquanto me entrega o cigarro.

Filé: Nem se você quisesse pô.

Mesmo não sabendo na real o que aconteceu eu não iria deixar ele sozinho de jeito nenhum.

Xamã: Comecei a curtir essas paradas por causa da neguinha, antes dela na minha vida eu ficava de boa no barraco com a Catarina. -Ele fala sem graça e depois olha pro chão.

Filé: Qual foi da treta de vocês Índio? -Pergunto de uma vez.

Xamã: Nina pegou uma mensagem no meu celular de uma garota que eu nem conheço. -Ele coça a cabeça e depois olha pra mim.

Filé: E o que tinha na mensagem pô? -Falei seguindo ele com os olhos enquanto ele andava de um lado pro outro.

Xamã: A garota me chamando pra ir no barraco dela, ai eu perguntei onde era. -Olhei feião pra ele. Mais não foi na maldade pô eu tava era gastando pra ver até onde ela ia, eu jamais faria uma parada dessa. -Ele fala olhando pra mim.

Filé: Não posso me envolver na questão tá ligado? sou amigo dos dois, e eu consigo entender os dois lado. -Falo e vejo ele respirar fundo jogando a cabeça pra trás.

Xamã: Ai ela começou a gritar e falou um monte de idéia errada, fiz errado eu sei pô, ai pra não piorar eu saí lá do barraco. -Ele fala arrumando as correntes no pescoço.

Consegue nem disfarça, tá com o olho cheio de lágrima.

Não tem como fingir que não enxergo o quanto esse otário é apaixonado nela pô, ele deu um puta vacilo e como eu disse entendo os dois lados, fiquei mais um tempo trocando ideia com ele até ele sair disse que iria resolver um b.o.

Tava descendo o morro quando vi a Maya e o Vinícius jogando bola no campinho, assoviei e fiz um sinal chamando atenção deles, Maya deu tchau e Vinícius fez um coração com as mãos, moleque abusado.

Na porta do barraco eu já achei estranho porque não escutei nenhum barulho e quando entrei tive certeza que não tinha ninguém em casa.

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"Saiu nesse sol porque pô? bobom no calor derrete"

"Ligaram o wi-fi da padaria, meu sonho tá online."

Ela mandou uma foto do meu pretinho agarrado no tete.

"Queria também."
"Já tô com saudade de vocês pô."

"A gente também meu filézinho."

"Te amo, amo vocês."

Bloqueie o celular e larguei ele encima da cama.

Já falei que sou apaixonado nessa mulher?

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