Entregue a Você (Livro 1)

20

— Por que está acordado à essa hora amor? Hoje não é o seu dia de folga?

— Queria dar bom dia para o meu namorado antes dele ir trabalhar.

— Que fofa, mas são quatro da manhã aí nos Estados Unidos.

— Estou sem sono e o meu vinho acabou.

— Quantas garrafas de vinho você bebeu?

— Duas, uma taça a cada dia.

— Acho que eu não deveria ter ensinado você a beber.

— Pode ficar despreocupado, não vou pular da sacada.

— Não brinca com isso, amor.

— Nossa, você está sem graça hoje! Espera só um pouco. — escutei ela abrindo a porta e agradecendo — Serviço de quarto vinte e quatro horas é a melhor coisa que inventaram.

— O que você pediu?

— X-burguer, aceita um pedaço?

— Você vai comer hambúrguer às quatro da manhã?

— Sim, estou substituindo o sexo pela comida — meu pau reagiu imediatamente.

— Estou doido para ter você de volta nos meus braços.

— Faltam apenas três semanas e eu estarei de volta — não sabe de nada inocente.

— Tenho que desligar, amor, nos falamos mais tarde. Ótimo descanso para você.

Encarei a ligação e os olhos curiosos das minhas irmãs me olham ansiando por informações, peguei uma torrada e me sentei ao lado de Gabryelle.

— Como você vai saber em qual hotel ela está ficando?

Apenas olhei para Gabryelle e dei um sorriso de canto de boca. Terminamos de tomar o café da manhã reforçado e fomos para a garagem, entramos no carro do meu pai e o tirei da garagem subterrânea, entrando na avenida.

— Como você pretende pedir ela em casamento? — hoje Tifane está mais interessada em saber o que vou fazer.

— Acho que vou fazer o pedido no meio da Time Square, com direito a flores e tudo mais.

— Isso não vai dar certo. — Tifane mal esperou eu acabar de falar — A Kamily pode ser uma ex puta, mas tem vergonha. Até as coisas melhorarem, é mais fácil ela travar e sai correndo. Aí, você vai ficar igual um imbecil de joelho, segurando um monte de flores e uma aliança de quinhentos mil reais.

— Pelo menos nossa família ia ter alguém que vai passar vergonha mundialmente — Gabryelle como sempre brincando com as nossas desgraças.

— Então o que as duas mulheres organizadoras de pedidos de casamento acham que eu devo fazer? — não escondi nem um pouco do meu deboche e as duas se entreolharam.

— Uma coisa mais reservada. — Tifane olhou para céu que está azul e sem nuvens —  Mas não tão luxuoso, senão ela não vai cair na armadilha, quer dizer encontro.

— Vinho, mas não muito. — Gabryelle olhou para Tifane— Vinho rosé, o favorito dela.

— Flores, muitas flores. De preferência as cores branca e vermelha, não que ela era pura e agora é uma mulher direta — o rosto de Tifane nem queima.

— É um presente caro, mas não um que aparenta o valor que pagou.

— Então vocês duas vão arrumar as coisas, não me importo como farão isso, mas espero que esteja tudo pronto até amanhã às cinco da tarde.

Desci do carro e esperei as minhas irmãs descerem para travar. As modelos da nova coleção de roupas que minha mãe decidiu começar a lançar, passeiam pela garagem pensando serem modelos da Victoria's Secret.

— De onde a nossa mãe tirou essa ideia de lançar uma linha de roupa? — falei alto o suficiente para que os microfones das câmeras pudessem captar bem.

— Depois falam que eu sou infantil — apenas olhei para Gabryelle, enquanto segurava o elevador para elas entrarem.

— Que tal rosas? São lindas e delicadas. Flores perfeitas para um pedido de casamento — sugeriu Tifane.

— Prefeito, simples e delicadas.

As portas do elevador abriram e cada um foi para um lado, Tifane foi para a sala de reunião um se encontrar com os outros advogados, Gabryelle foi para o departamento de designer e eu fui para a sala de reunião cinco para a conversar com os acionistas e fornecedores.

Finalmente em solo estadunidense, parei um táxi e passei o endereço do hotel em que Kamily está ficando. Tentei pegar o endereço com o Peter, mas ele não quis me passar, então tive que jogar o meu charme de quando eu era solteiro, para cima da secretária dele.

— Chegamos, senhor.

— Obrigado.

O homem desceu do carro e abriu o porta-malas para eu pegar minhas coisas, peguei uma nota vinte dólares e entreguei para o motorista. Entrei no hall de entrada do hotel de luxo e fui até o balcão e uma garota de uns vinte anos me atendeu.

— Bom dia, senhor, como posso ajudar? — desviei o meu olhar quando percebi que seus mamilos marcam a blusa branca.

— Tenho uma reserva, Garcia.

— Só um momento, vou verificar. — ela digitou algo no iMac — Luka Garcia, suíte presidencial.

— Isso mesmo. Tenho uma sala de reunião reservada para às oito da noite.

— Sim, as flores já foram levadas para lá — ela colocou dois cartões —, um e do seu quarto e o outro e da sala de reunião.

— Obrigado.

Subi para o andar onde vou ficar e o meu celular começou a tocar, entrei correndo para dentro do quarto. Retirei o celular do meu bolso e a foto de Kamily está aparecendo na tela, atendi e fui para o closet arrumar as minhas roupas.

— Bom dia, meu amor — atendi como sempre a atendo.

— Estou tentando ligar para você desde ontem.

— Desculpa, eu estava muito ocupado e fui dormir. Estou acordando agora, como está sendo o seu dia?

— Eu fui convidada para participar de uma festa aqui no hotel — Kamily está ofegante.

— Você está ansiosa? Porque sua respiração está pesada.

— Claro que estou, a última vez que me chamaram para algo, se você não tivesse chegado, eu não sei o que seria de mim.

Me joguei na cama e apertei um botão na cabeceira, as cortinas começaram a descer e as luzes se apagaram.

— Você vai estar no meio de pessoas adultas e não no meio de moleques — bocejei.

— Vou deixar você dormir.

— Eu quero conversar mais com você — bocejei novamente — mais que merda.

— Vai dormir, mais tarde a gente se fala.

— Ok, curta a festa e volta logo para mim.

— Vou voltar o mais rápido possível. Beijo.

— Beijo, até mais.

Encarei a ligação e coloquei o meu celular para carregar, tirei minha camisa e joguei no chão. Fechei os meus olhos deixando que minha mente passeasse pelos momentos mais felizes da minha vida.