1-Nictofilia

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Cai o anoitecer, toda  a cidade é inundada por nuvens cinzentas e carregadas, as gotas de chuva se entrelaçam com o neon velho e opaco dos antigos comércios, as poucas pessoas que andam nas ruas procuram um abrigo para não se molharem, e os poucos carros sem hesitar continuam seguindo seu destino. As gotas são pesadas, atigem o chão, tampas de bueiros, latas de lixo, postes, casas, apartamentos, logo a cidade inteira e tomada pela melodia chuvosa.

Os barulhos inerentes da chuva vão sumindo e dando lugar a um pequeno ruído, um ruído alto suficiente para acordar somente uma pessoa. Uma figura emerge das sombras, sua silhueta aos poucos toma forma, um homem deitado em sua cama se coloca de prontidão mas não totalmente alerta, se guia sem muito esforço, como se já soubesse todo o caminho a ser percorrido, o banho quente termina de acordá-lo aos poucos, não tem tempo para se encarar no espelho, só enxuga seu rosto e sai  para vestir suas roupas, o relógio em sua estante ainda marca as horas 2:30 am, depois de terminar o nó de sua gravata e ajeitar o relógio em seu pulso, com um beijo suave se despede de sua esposa, que o responde com um leve sorriso mesmo estando em sono profundo, de frente ao corredor  do segundo andar de sua casa,abre mais duas portas para conferir  se suas duas lindas filhas ainda dormiam, seus quartos eram totalmente dividos em formas que achavam uma coesão simétrica, entre o espaço, e a fantasia, o homem se aproxima das duas pequeninas e se vê sorrindo quando em um movimento rápido e delicado retira os dois dentinhos das duas, e os substituí por moedas,fecha a porta do quarto totalmente aliviado por não ter estragado a operação.

Apoia seu casaco no primeiro andar e o coloca lentamente, como se estivesse muito mais pesado do que uma peça normal, afivela seu distintivo  junto ao cinto, segura sua arma firmemente e segurando a macenata da porta volta seu olhar para  a casa, em partes arrumadas em outras bagunçadas  por conta das crianças, fotos espalhadas por cômodos e lembranças de várias viagens a muito tempo feitas, a casa é iluminada por vários relâmpagos vindos de fora, um desses flash o puxa de volta pra realidade, o homem guarda sua arma e sai de sua casa. Todo o alvoroço causado pela chuva e abafado pelo o som da  porta do carro se fechando, dando espaço somente para os barulhos metálicos que as gotas faziam agora,o carro é ligado e seus faróis rasgam a escuridão que estava envolta. A cidade tomava forma, com suas cores sombrias em neon  nos seus outdoors e prédios imponentes que ao mesmo tempo que engrandecia,ocultava todo o sofrimento e pobreza que as ruas traziam, uma mistura perfeita de melancolia e beleza,seguiu algumas  quadras e dobrou  algumas esquinas e chegará no seu objetivo o 13°batalhão da polícia civil da cidade de Brisa, encontrou um leve congestionamento na entrada por conta de algumas vituras saindo em disparada  em direção a algum lugar.      Andando rapidamente até a parte do escritório, com policiais de baixa patente o reverenciado e saudando, chegando no saguão principal, o investigador percebe  todo o movimento sendo feito, equipes de peritos se movendo rapidamente, outros polícias e investigadores mas sua visão acaba focando rapidamente no delagado chefe Jeferson que está em pé ordenando para todos que tomem seus devidos postos, atentamente ele percebe o investigador e grita:
— marcos  na minha sala agora! E gesticula com seu dedo apontado para sua sala.
— Oque está acontecendo chefe? Pergunta-o  sem entender, quando marcos iria fazer mais um comentário Jeferson o corta rapidamente
— não estou com muito tempo e nem você, um corpo foi encontrado na avenida Barbosa, a imprensa está lá feito abutres na carniça,está uma loucura, até o prefeito já está sabendo e me ligou cobrando para que toda essa situação se resolvesse logo, mas como todos somos uma família e eu gosto muito de você, não será só eu que vou levar no rabo, está vendo aquele homem ali sentado? Jeferson aponta  em direção a um homem, marcos quando olha em direção a esse homem percebe que em suas mãos está segurando uma pasta, e está usando um sobretudo preto com uma camisa social  branca.
— Ele é oque  um repórter? Ou algum federal? Pergunta o investigador com certo desconforto na voz por pressumir oque estaria a acontecer.
—Melhor. Diz Jeferson dando uma risada abafada. — Esse aí é o seu novo parceiro. Marcos contorce a cara em uma expressão de dor.
— Tá de sacanagem né? Não fode! E ele volta os olhos ao delegado.
— Não fode você. Diz o delegado em tom mais sério.
—Ultimamente não estou podendo  escolher oque comer em casa, imagina as pessoas que veem  pra cá. Ele mexe em alguns papéis e vai se ajeitando e arrumando suas mangas, enquanto atrás do vidro que os blindam do barulho, ainda ah muita movimentação, o investigador tenta uma investida sem sucesso.
— Mais porque eu tenho que ser a babá para a Dorothy alí?? Porque não coloca o Rafael ou o Collen?
— Bom diferente de você eles deram a sorte de não estarem de férias, ou seja, não perderam a reunião discutida sobre isso, então infelizmente sobrou pra você essa tarefa, vocês iriam se conhecer na verdade amanhã, você  iria amar a gente ia fazer até um bolo. Marcos  olha com desdém para o delegado.
— Mas como corpos mortos sempre resolvem  aparecer na hora mais conveniente, e seu novo parceiro se mostrou pró-ativo, aqui estamos nós! O delagado abre os braços longos e flácidos com uma cara forçadamente alegre para encenar toda sua fala, ele ajeita seu casaco e vai em direção a porta dizendo.
— Coisas que você precisa saber sobre a Dorothy,ele foi transferido pra cá por conta de um desentendimento com alguns colegas, ele é um investigador assim como você e analista também. Ele abre a porta e o cubículo silêncioso é inundado pelos barulhos de passos, de pessoas falando, da chuva e do teor de urgência, Marcos passa junto ao delegado,a três mesas de distância estão os investigadores Rafael e Collen, os dois olham para o detetive e dão  uma risada, fazendo automaticamente o dedo do investigador aparecer em um movimento quase violento, eles continuaram rindo e retribuiram.
—Babacas. Diz marcos grunindo, o delegado e o investigador chegam perto desse homem, e Marcos em meio segundo percebe, que em meio todo aquele caos, o rosto daquele homem estava indiferente ao local, como  uma Brisa leve em meio a uma tempestade ou a água parada de um rio. Quando se aproximam, o homem se toma de pé, o seu parceiro não é alto na verdade o investigador pensa que ele deve ter em média 1,68 ou 1,70, ele fica de pé em frente deles e o delegado rompe os apresentando.
— Então muito bem, agora que os dois estão bem acomodados espero que façam um ótimo trabalho, para vocês e para população dessa cidade.
—Marcos, Ele continua. Este é seu novo parceiro Henry, e Henry  este é  o investigador Marcos Ferrara, ele será seu supervisor aqui. Ele diz isso com um sorriso  no rosto, Henry estica a mão em forma de comprimento, que é retribuido de imediato por marcos, e ele diz.
— Será um prazer trabalhar com você, vou me esforçar ao máximo para não causar nenhum incômodo, mas do que eu já possa ter causado. Marcos fica impressionado com a percepção de Henry.
—Não se preocupe, tenho certeza de que nos sairemos bem. Ambos balançam as mãos confirmando o aperto de mão.
— Então oque vocês estão esperando ham?? O delagado sorri  ironicamente — Sumam  da minha frente!

innominatusTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang