Parte 2 - Capítulo 8: Um Acordo

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No dia seguinte, um vento frio tocou seu pescoço e ao longe ela viu uma muralha negra, maior a cada passo:

--São montanhas...--explicou Amis

--Eu... eu sabia!

--Com certeza que sabia.

--E... como vai contorná-las?

--Hahaha...

--Nós... nós não vamos subir LÁ encima, certo?

Para sua surpresa, não seriam necessários ganchos de escalada ou escadas, a trilha era suavemente inclinada e lindamente sinuosa, contornando as gigantescas rochas que preenchiam a mata fechada.

No dia seguinte ouviram o que ela pensou ser um miado, mas na realidade era o grito de uma minúsculo animal do tamanho de um rato, rabo de gato e formato de gente, saltando de uma árvore de tronco vermelho escuro e folhas verdes para outra árvore de tronco vermelho escuro e folhas verdes. Por um segundo ela sentiu uma urgência de perguntar o que era e como se chamava, mas resistiu e observou o bicho desaparecer por entre as árvores.

No quinto dia da viagem, o terreno havia se tornado mais inclinado, mas a estrada ainda estava boa e seguiram com pássaros cantando ao seu redor enquanto as árvores com troncos com cor de argila e folhas verde escuro bailavam ao vento até que atingiram uma clareira:

--Céus!--ela gritou saltando do cavalo e correndo até a beira da trilha

A sua frente não estava uma árvore, um bosque ou uma floresta, mas um oceano. Um oceano de verde e vermelho ora tingido de tons mais claros pela luz do sol ou tons enegrecidos pelas nuvens, as montanhas e morros como ondas congeladas no tempo. Ao longe, um outro oceano, amarelo com alguns tons de azul se expandia ainda mais longe.

Só havia se sentido assim uma vez na vida e não teria se sentido assim de novo se Amis não tivesse a agarrado pelo ombro:

--MOLECA, CUIDADO!--puxou Ana da borda antes que ela derrapasse barranco abaixo--...Tá comendo cola!?

--Eu...--seu rosto estava rubro, sua mente perdida--...desculpe.

--Tudo bem, só... Só não faça de novo, tudo bem? --ela fez que "sim" com a cabeça enquanto encolhia os ombros contra o frio--...Hehe...É lindo não é?...--ela fez que "sim" novamente--....Nunca tinha estado tão alto assim, não é?...É, pode ser um pouco impressionante da primeira...

--Tá, tá, tudo bem...--seguiu em direção ao cavalo batendo o pé

--Uma hora ou outra vai ter que conversar comigo.

Ela parou onde estava, se voltou para ele e ambos se olharam por alguns segundos:

--...Nós vamos trabalhar juntos. E não vai ser um trabalho simples, então... talvez fosse bom nos conhecermos um pouco, não?

--...

--...

--...Tá de sacanagem comigo? Sério? Não, SÉRIO!?1?--puxou a manga e expôs o bracelete--... Você me engana, prende um instrumento de tortura na PORCARIA DO MEU BRAÇO, FAZ MEU GREI DE REFÉM E AGORA QUER FALAR DE TRABALHO EM EQUIPE! HEIN!?--ela lhe deu um soco no peito, mas teve que disfarçar a subsequente dor na mão

--Bem, eu só queria minha parte do trato, se lembra?

--TRATO!? Eu estava na cadeia! Se aproveitou de mim quando eu estava vulne...

--E você se aproveitou da minha oferta.

--E você se aproveitou do perigo que o meu grei estava!

--E você se aproveitou do fato de que eu os libertei.--deu um passo para frente, um sorriso jocoso estampado no rosto--...O que eu não precisava fazer, mas fiz.

O Segredo na TorreWhere stories live. Discover now