— Mamãe, posso ver sua aliança?

— Aqui. — mostrou — Na verdade, a mamãe tá só com o anel de noivado agora, o papai vai levar as alianças para serem abençoadas e gravar os nossos nomes nelas. — sorriu e soltou o cabelo da menina.

— Que legal que vocês vão se casar, mamãe. Eu vou ver você de noiva. — se animou.

— Você sabe que o papai e mamãe não vai casar na igreja, não sabe, filha? — pegou o chuveirinho e começou a molhar o cabelinho dela.

— Não?

— Não, o papai não pode mais casar na igreja porque ele já casou com a Tia Fer uma vez, então a gente vai casar com um juíz, na nossa fazenda.

— Mas se o papai já casou com a Tia Fer na igreja uma vez, por que não pode casar de novo e com você?

— É porque são regras da igreja, entende? Mas vai ser lindo de qualquer jeito, minha vida, você vai ver. — passou shampoo nela.

— Com licença. — Eduardo abriu a porta.

— PAPAI! A GENTE TÁ PELADA, VOCÊ NÃO PODE VER, NEM A MAMÃE QUE JÁ É MOÇA CRESCIDA! — Fany gritou e Bárbara riu olhando a cara do homem que também riu.

— Desculpa, filha. Papai tapa o olho, espera. — voltou pra trás e pegou uma venda pondo nos olhos para ir ao banheiro — Melhor?

— Agora sim.

— Eu vim perguntar o que vocês vão querer jantar.

— Um monte de esfiha. — Fany respondeu.

— Ok. — riu — Depois a gente decide os sabores.  Tô saindo. — voltou pra trás e trombou com a parede.

— Amor!!! — Bárbara arregalou os olhos e ele saiu rindo.

— Eu tô bem. — fechou a porta.

— O papai não bate bem da cabeça, não é, mamãe? — a pequena encarou a mãe que riu carinhosa.

— Nem eu, filha. — continuou ensaboando a cabeça dela e depois enxaguou.

Eduardo desceu e pegou o telefone ligando para a ex-esposa, Fernanda atendeu depois de longos toques.

" — Que é? "

— Humor do cão, hein, Fernanda?

" — Ah, é você? Achei que fosse outra pessoa, nem reparei no número, tô dirigindo. "

— Claro que sou eu.

" — Pode falar. "

— A Fany quer esfiha e ela só gosta daquele lugar que você compra, pode, por obséquio trazer e depois eu te pago?

" — Primeiro, não precisa me pagar, pela Fany você sabe que eu faço tudo. Ela é minha neném. Segundo, quantas é pra levar? "

— Traz bastante, porque a Luna vai vir com a Edite e a Lucrécia e mais tarde vem Aurora, Santiago e as crianças.

" — Ok, vou pegar um montão. "

— Acho incrível você falando que pela Fany faz tudo e que ela é seu neném e você não quis ter filhos. — riu.

" — Ah, eu não sirvo pra ser mãe, mas quando a Fany nasceu, ela me fez muito feliz, me uniu a Bárbara. "

— Isso é verdade e acho que você eu só servimos para amigos mesmo.

" — Pois é. — deu risada — Você disse que a Edite vai? "

— Sim. E pelo amor de Deus, vocês três não me vão derrubar essa casa, porque a Bárbara com vocês duas juntas é o caos.

" — Vou pensar. "

— Fernanda... — a repreendeu.

" — Eu amo elas, fica na sua. "

— Tá, Fernanda.

...

Mais tarde...

Edite, Bárbara e Fernanda conversavam na sala rindo uma com as outras. Fany brincava com Celina no tapete, Santiaguinho jogava vídeo-game, Luna e Lulu conversavam no jardim. Aurora e Santiago desistiram de ir para a casa de Bárbara e poderem procurar um tempo só deles. E Eduardo estava sozinho, em um sofá, observando tudo, naqueles momentos ele e a mulher não ficavam muito juntos, já que ela ficava mais distraída com as duas amigas. E ele não gostava de interromper, ela não teve ninguém durante muito tempo e ver Edite e Fernanda juntas com ela e os sorrisos e risadas que ela dava não tinha preço.

— Tio, quer jogar comigo? — Santiaguinho perguntou.

— Agora não, campeão. Eu vou deitar um pouco. — se levantou.

— Você vai dormir?

— Eu vou assistir alguma coisa.

— Posso ir junto?

— Pode, vamos. — sorriu e os dois saíram andando para o quarto.

— Parece que o Eduardo tá de sentindo sozinho. — Edite comentou e Bárbara observou o homem indo com o neto para o quarto.

— Não, acho que só tá cansado da correria de ultimamente.

— Não sei, Bárbara. — Fernanda cruzou as pernas — Você tá aqui com a gente, conversando sem parar, ele ficou um tempão sentado ali, acho que tava esperando você olhar ou falar alguma coisa pra ele. Eduardo já não tem mais amigos, Jacinto e Margarida se afastaram desde que vocês começaram a namorar, o Steve tá nos Estados Unidos e não liga mais tanto pra ele. Basicamente o Eduardo só tem você, a Fany e a Luna.

— É verdade... Jacinto era melhor amigo dele e se afastou por minha causa... — Bárbara ficou pensativa.

— Você não vai começar a se culpar, vai? — Edite segurou a mão dela — Bárbara, não.

— Eu fiquei pensando tanto em mim, em ser feliz, que nem percebi que o Eduardo não tá tão feliz assim... Por isso ele falou que não tinha quem chamar pra Padrinho e Madrinha de casamento e não colocou Jacinto e Margarida na lista de convidados....

— Pode parar, Bárbara. Pode parar, amigos de verdade não se afastam. Eu que sou eu, ex esposa, tô aqui, sou sua ex enteada, te perdoei, te amo, eu tô aqui. Se Jacinto e Margarida preferem ficar afastados, é problema deles.

— Mas...

— Bárbara, não é pra se culpar!

Bárbara se encolheu e foi abraçada pelas amigas. Edite beijou a cabeça dela e Fernanda beijou seu ombro. Depois que as mesmas foram embora, as crianças dormiram e Luna se recolheu, a mulher foi para seu quarto. Eduardo estava sentado encostado a cabeceira lendo.

— Oi, amor. — ele sorriu — Veio dormir?

— Unhun. — assentiu e sentou na beirada da cama.

— O que você tem? Tá quietinha. — largou o livro e engatinhou até ela — Vida? — sentou atrás dela e puxou o rosto da mesma para olhá-la — O que foi?

— Me abraça, me abraça forte, por favor. — pediu e ele a abraçou com força, apertando ela contra seu corpo — Mais forte, por favor! — começou a chorar e então se virou de frente subindo no colo dele.

— Se eu te apertar mais pode te machucar. — puxou ela pela cintura para frente e colocou as pernas dela atrás de seu quadril.

— Não vai. Me aperta. — envolveu os braços no pescoço dele.

Eduardo apertou a cintura dela e Bárbara chorava no ombro dele, ele não tava entendendo bulhufas do que acontecia, mas sabia que ela tinha picos de ansiedade, então ao mesmo tempo que poderia estar feliz, poderia ficar triste e estaria ali sempre, para dar colo ao seu amor.

Reaprendendo a CaminharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora