Hoje era o aniversário da empresa da família. 28 anos de tradição.
Todos os anos meu pai fazia um jantar especial em comemoração, os convidados variavam entre familiares, acionistas, amigos próximos e clientes especiais.
Eu detestava ir nesses jantares de negócios, odiava fingir ter uma finesse que eu claramente não tinha.
Passei o dia no salão. Fiquei loira. Do nada.
A mulher quando tá entediada, das duas uma: ou ela comete um assassinato ou muda o cabelo.
Estava terminando de colocar as jóias quando escutei uma pedrinha bater na janela do meu quarto. Caminhei até lá colocando a tarraxa do brinco.
—Oi! — Abri minha janela e dei de cara com o Arrascaeta na janela dele.
—Oi, Vecina — Disse sorrindo, utilizando muito bem seu sotaque espanhol.
—Vecina? Que porra é essa? — Sorri, recostando meu corpo no batente.
—Vizinha — Ele respondeu soltando uma risada — Mudou o cabelo — Passou a língua nos lábios — Vai sair? — Ergueu uma sobrancelha.
Ele também estava arrumado. Pelo menos da cintura pra cima. Estava usando uma blusa cinza de manga longa e gola alta. Um pensamento meio louco me atingiu e fui obrigada a desviar o olhar dele.
—Gostou? — Mexi no cabelo, sorrindo.
—Me gusta — Ele sorriu de lado — Onde vai?
—Depende, onde você vai? — Ergui uma sobrancelha.
—Depende también — Imitou meu gesto, erguendo a sobrancelha também.
Meu telefone começou a tocar sobre a cama.
—Preciso ir — Fiz beicinho.
—A gente se vê después — Ele piscou um dos olhos — Você tá linda.
—Obrigada, você também — Pisquei um dos olhos de volta, antes de fechar minha janela.
Estava chovendo no Rio de novo, o trânsito estava uma porcaria e fiquei presa nele por horas.
O engarrafamento me lembrou do dia anterior, quando estávamos voltando da Fazenda. A Kombi da avó da Milena não teve jeito e ficou por lá e nos dividimos para voltar nos carros dos caras.
Eu vim com o Arrasca. A gente conversou tanto, pela primeira vez, que agora eu sentia que realmente o conhecia.
—Chegou minha Esperança! — Meu pai gritou quando adentrei a porta da casa de festas que ele tinha locado. Estava cheio de gente, metade das pessoas virou pra me encarar — Hope, que roupa é essa? — Perguntou no meu ouvido.
—Gostou? Você sabe que eu adoro chamar atenção — Respondi com um sorrisinho, ele bufou, mas acabou sorrindo também.
O vestido nem era tão escandaloso assim, mas tinha uma fenda na coxa que a deixava quase toda exposta. Era colado e todo rendado da cintura para cima e as mangas eram longas e bufantes.
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𝐕𝐈𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒 • 𝐃𝐄 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀
FanfictionHope e Arrascaeta se conheceram em 2015 depois de um passeio - desastroso diga-se de passagem - a cavalo em Belo Horizonte. Cinco anos depois eles se reencontram no Rio de Janeiro, sem passeio de cavalo, sem tombos e o melhor: vizinhos. 𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨...