VINTE E UM

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Hoje era o aniversário da empresa da família

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Hoje era o aniversário da empresa da família. 28 anos de tradição.

Todos os anos meu pai fazia um jantar especial em comemoração, os convidados variavam entre familiares, acionistas, amigos próximos e clientes especiais.

Eu detestava ir nesses jantares de negócios, odiava fingir ter uma finesse que eu claramente não tinha.

Passei o dia no salão. Fiquei loira. Do nada.

A mulher quando tá entediada, das duas uma: ou ela comete um assassinato ou muda o cabelo.

Estava terminando de colocar as jóias quando escutei uma pedrinha bater na janela do meu quarto. Caminhei até lá colocando a tarraxa do brinco.

—Oi! — Abri minha janela e dei de cara com o Arrascaeta na janela dele.

—Oi, Vecina — Disse sorrindo, utilizando muito bem seu sotaque espanhol.

—Vecina? Que porra é essa? — Sorri, recostando meu corpo no batente.

—Vizinha — Ele respondeu soltando uma risada — Mudou o cabelo — Passou a língua nos lábios — Vai sair? — Ergueu uma sobrancelha.

Ele também estava arrumado. Pelo menos da cintura pra cima. Estava usando uma blusa cinza de manga longa e gola alta. Um pensamento meio louco me atingiu e fui obrigada a desviar o olhar dele.

—Gostou? — Mexi no cabelo, sorrindo.

—Me gusta — Ele sorriu de lado — Onde vai?

—Depende, onde você vai? — Ergui uma sobrancelha.

—Depende también — Imitou meu gesto, erguendo a sobrancelha também.

Meu telefone começou a tocar sobre a cama.

—Preciso ir — Fiz beicinho.

—A gente se vê después — Ele piscou um dos olhos — Você tá linda.

—Obrigada, você também — Pisquei um dos olhos de volta, antes de fechar minha janela.

Estava chovendo no Rio de novo, o trânsito estava uma porcaria e fiquei presa nele por horas.

O engarrafamento me lembrou do dia anterior, quando estávamos voltando da Fazenda. A Kombi da avó da Milena não teve jeito e ficou por lá e nos dividimos para voltar nos carros dos caras.

Eu vim com o Arrasca. A gente conversou tanto, pela primeira vez, que agora eu sentia que realmente o conhecia.

—Chegou minha Esperança! — Meu pai gritou quando adentrei a porta da casa de festas que ele tinha locado. Estava cheio de gente, metade das pessoas virou pra me encarar — Hope, que roupa é essa? — Perguntou no meu ouvido.

—Gostou? Você sabe que eu adoro chamar atenção — Respondi com um sorrisinho, ele bufou, mas acabou sorrindo também.

O vestido nem era tão escandaloso assim, mas tinha uma fenda na coxa que a deixava quase toda exposta. Era colado e todo rendado da cintura para cima e as mangas eram longas e bufantes.

𝐕𝐈𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒 • 𝐃𝐄 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀Where stories live. Discover now