UM

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SETEMBRO — 2021

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SETEMBRO — 2021

📍 RJ

—Tá tudo bem? — Minha mãe quase gritou do outro lado da linha, eu afastei o celular da orelha com medo de ficar surda.

—Onde é que vocês estão? Numa have? — Perguntei abrindo a porta para descer do carro, mas parei antes disso acontecer, encarando o caminhão de mudança na casa ao lado da minha. Pisquei algumas vezes. A casa está vazia desde que cheguei e o caminhão significava que eu teria vizinhos.

Minha casa era a penúltima do condomínio, era o ambiente mais tranquilo desse lugar. Eu sabia bem sobre as festinhas que rolavam a umas quatro cinco casas da minha. Fiz uma prece silenciosa para essa família não ser da bagaceira.

—SIM! — Meu pai se intrometeu na ligação soltando um gritão.

—É sério? — Perguntei para os dois.

—Meu amor, nós estamos na Austrália. Até parece que iríamos ficar no quarto de hotel boiando! — Minha mãe diz ainda gritando. Eu travei o carro apertando um dos pequenos botões da chave e fiz a volta, pronta para entrar em casa.

—Meu Deus, vocês são demais — Falei enfiando a chave no portão — É sério que me deixaram sozinha pra cuidar da empresa para curtir have na Austrália? — Perguntei, mas em tom de brincadeira.

—Nós merecemos férias, filhona! — Meu pai gritou — E se eu voltar e descobrir que minha empresa faliu...

—Ih pai, nem começa — Falei segurando o celular entre a orelha e o ombro pra abrir o portão e entrar — A empresa vai muito bem, obrigada.

—Filha, nós vamos desligar, vai rolar um show MUITO massa agora! UHUL! — Minha mãe gritou, desligando a ligação em seguida, sem nem mesmo esperar que eu me despedisse.

Meu pais eram muito joviais. Não só na maneira de agir, mas em idade também. Minha mãe tinha apenas 15 anos quando descobriu que estava grávida de mim e meu pai 17. Hoje ela tinha 38 e ele 40, mas pareciam não passar dos 35. Eu, que tinha feito 23, poderia facilmente ser confundida como irmã da minha mãe. E isso não era nada ruim, eu adorava, sempre tivemos uma relação meio maluca e mais aberta do que a maioria.

Apesar de nos darmos bem, hoje eu já tinha minha própria casa e meu próprio trabalho além de ajudar com a administração da empresa dos meus pais. Gostava de ser independente, ter minhas coisinhas e minha privacidade e eles entenderam e apoiaram.

Tirei a roupa do trabalho e joguei na máquina, vestindo um short e um top pra dar uma corridinha e queimar as calorias que comi durante o dia (que não foram poucas) e saí fechando as portas de novo. Antes mesmo de sair pra fora, consegui escutar as vozes da casa do novo vizinho. Todas de homens. Eu provavelmente estava muito ferrada.

—Ah fala sério, parça — Um deles reclamava.

—Começa não, mano — Outro disse — A gente não pode ir pra balada, pra farra, mas uma baguncinha em casa? Entre a gente? Dou moral — Completou, eu revirei os olhos.

𝐕𝐈𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒 • 𝐃𝐄 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀Where stories live. Discover now