Hope e Arrascaeta se conheceram em 2015 depois de um passeio - desastroso diga-se de passagem - a cavalo em Belo Horizonte. Cinco anos depois eles se reencontram no Rio de Janeiro, sem passeio de cavalo, sem tombos e o melhor: vizinhos.
𝐋𝐢𝐯𝐫𝐨...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
SETEMBRO — 2021
📍 RJ
DOIS DIAS DEPOIS
Era sábado quando meus pais chegaram de viagem. Eles apareceram na porta da minha casa duas horas da madrugada de mala e cuia e além de me acordarem, acordaram toda a vizinhança com um buzinaço gigante do lado de fora.
—O que vocês estão fazendo aqui uma hora dessas? — Perguntei saindo do abraço da minha mãe — Meu Deus, querem me matar do coração? Eu nem sei se sou cardíaca e vocês me aparecem buzinando duas horas da madrugada?!
—Esqueci que mandei dedetizar a caralha da casa — Meu pai passou por nós carregando uma das malas porta adentro — Só podemos ir pra lá depois do almoço amanhã e não vamos pagar hotel enquanto tivermos você, né filhota?
—Vocês sabem que eu não me importo que venham, mas são duas horas e vocês buzinando na frente de casa — Suspirei — Eu tenho vizinhos.
—Eu vi que tem um carro na casa que estava vazia, ele é gato? — Minha mãe parou me analisando — Qual foi Hope, tá comendo não? — Falou apertando minhas gordurinhas na barriga.
—Como você sabe que é homem? — Ergui a sobrancelha, ela desistiu de me observar e passou por mim indo até a cozinha, eu fui atrás dela.
—Aquele carro só pode ser de um homem e um muito rico por sinal — Minha mãe falou — E aí, ele é bonito ou não? Solteiro, casado, separado, com filhos?
—Eu sei lá, até agora não vi as fuças dele — Respondi me encostando na pia enquanto ela assaltava minha geladeira.
—Isso não importa — Meu pai falou parado na entrada da cozinha, tirando os sapatos e jogando em qualquer lugar — Quero saber como anda a empresa.
—Não dá pra deixar esse assunto pra amanhã? Tô cansada e vocês acabaram com meu sono — Reclamei, tentando sair da cozinha.
—Ô sua moleca, volta aqui — Seu Alberto, vulgo meu pai, me puxou pela orelha.
—Ai Ai Ai, tá bom! Vou falar! — Falei tentando tirar a mão dele da minha orelha, ele desistiu e me soltou quando percebeu que eu ia ficar — As coisas estão ótimas na empresa.
—Alfredo, aquele meu amigo uruguaio sabe? — Papai começou caminhando até minha mãe e aceitando o copo de leite gelado que ela tinha servido — Ele marcou uma reunião e eu acabei esquecendo de contar a ele que não estaria aqui, ele apareceu?
—Sim, nós fechamos contrato, só tem algumas coisinhas pra resolver ainda, tipo de grafia, design, essas coisas — Dei de ombros.
—É a marca do filho famoso dele, não é? — Minha mãe perguntou, me olhando com um bigode enorme e branco causado pelo leite gelado que bebia, eu assenti como resposta — Ele foi também?