Capítulo 26 - Delação

5 2 0
                                    

No corredor onde ficavam os dormitórios masculinos — que já estavam vazios devido ao fim das aulas — Samuel e Vitor haviam se encontrado para bater um papo sério.

— Quer dizer então que vamos convencer eles? — Samuel questionou cético.

— Isso aí, mano. Talvez um por um. — o grandão confirmou despreocupado, estalando os dedos por diversão.

— Vitor, tu sabe que não vamos conseguir, né? — o maranhense disse rindo com descrença.

— Qual é, Samuca! Vamos tentar. Vai que dá certo, né não?

— Eu não correria esse risco se não estivesse metido contigo. Tu é craque em se safar, bicho.

— Para de me elogiar que eu fico excitado. — Vitor brincou sorridente como o piadista que era.

— Ah, cala essa boca. — Samuel disse rindo e coçando a cabeça rapidamente. — O David não vem com a gente?

— Pensei que ia, mas ele sumiu. Não deu as caras nem pra fazer as provas de recuperação. Eu tô achando que o maluco vai repetir de ano por WO.

Silvia estava enfurnada em seu quarto. Ela deveria estar estudando para as avaliações escolares quando, na verdade, estava fazendo outra coisa. Fazia horas que ela não parava de pensar no que Kevin havia dito a ela. Afinal, ele tinha razão? Era a dúvida que se passava na cabeça dela o tempo todo. Silvia resolveu fazer uma carta de ultimato. Após terminar sua carta, a garota caminhou para tomar um ar e tentar esvaziar a cabeça. Ela caminhava pela cantina, perto do parquinho.

— Oi. — Calvin surgiu na frente dela. — Tá tudo bem?

— Claro. — ela mentiu forçando um sorriso e tentando passar, mas ele a barreou.

— Eu queria saber de uma coisa. O que o Kevin fez pra te deixar assim?

— Desculpa pela resposta, mas isso não é da sua conta. Não somos íntimos o suficiente pra eu te contar esse tipo de coisa, beleza? — a gótica retrucou tentando passar novamente, mas não tendo muito sucesso. — Melhor sair da minha frente agora.

Calvin deu uma gargalhada maléfica e a cercou na medida em que ela recuava. O garoto a prendeu na parede e perguntou:

— Ou vai fazer o quê? Pelo o que eu soube você é tão indefesa, que um professor já te assediou e você não fez nada a respeito. Imagino se todas as meninas são assim... Fracas.

Silvia juntou suas forças e tentou ataca-lo com tapas, mas isso não fez tanto efeito considerando a diferença de altura entre os dois. Ele a virou para o lado oposto, deixando-a de costas para ele.

— Estou certo. — Calvin prendeu as mãos dela para trás. — Todas essas pessoas são frouxas como você.

Ela conseguiu dar uma cotovelada no rosto dele, assim se soltando e tomando distância dele.

— Sua... — ele ia xingar, mas ficou tão atordoado com a dor que não conseguiu proferir.

— O que está fazendo com meu filho, senhorita? — a dona Regina correu e acolheu seu querido descendente nos braços.

Os três foram parar na coordenação. Enquanto o verdadeiro vilão ali era o filho da coordenadora, Silvia era considerada a culpada. Calvin parecia o gato preto da bruxa.

— Acha que vou acreditar em você? — Regina indagou incrédula. — Meu filho é um bebê, eu o conheço desde seu nascimento e ele não quebra regras, não consume álcool, faz todas as lições de casa e jamais assediaria uma garota. O que temos aqui é uma situação de bullying e perseguição contra o Calvin.

Quase Adolescentes: Segredos de Adulto (II)Where stories live. Discover now