Era de manhã. O céu ainda estava completamente cinza, nublado e descolorido. O clima era o famoso frio matinal, a única diferença era o clima pesado impregnado no colégio naquele dia. As aulas já haviam começado, Analu foi ao banheiro feminino para retocar o batom e lá viu uma professora do ensino médio se acabar no choro na frente do espelho. Essa era a professora Jussara, de física. Analu achou aquela cena muito estranha e se tocou de que aquilo deveria ter uma explicação terrível. Quando a garota voltou para a sala do nono ano, se deparou com a dona Regina séria e várias carinhas tristes de seus colegas.
— O professor Geraldo infelizmente faleceu nessa madrugada, deixando a professora Jussara, esposa dele, um afilhado e muitos amigos. — Regina informou com pesar dando uma pausa para puxar o ar. — Ele estava internado em um hospital público aqui de perto. Ninguém sabia o que ele tinha. Ele só teve convulsões e depois entrou em coma. Fizeram exames, mas não sabiam do que se tratava.
"Por isso aquela professora de física chorava tanto no banheiro, ela era a esposa dele." Analu pensou sozinha.
Em geral, na lembrança de muitos, Geraldo era um homem bom, grande amigo do professor Sérgio e tinha ajudado o nono a dançar na feira cultural de 2016. Quando Regina saiu da sala todos ficaram em silêncio até Manuela comentar:
— Esse hospital também não ajudou ele.
— Cala a boca! Não culpem a porra do hospital. — Micael estava alterado, apesar de a grosseria ser uma normalidade dele. — Se Deus quis assim, assim seja.
— Desculpa aí, mas talvez seja meio culpado sim, era um hospital decadente e de fama péssima. — Analu contrapôs com as próprias conclusões. — Os próprios professores reclamaram disso pra gente, lembra?
— Na moral, esses hospitais não ajudam ninguém. — Manu continuou a lamentar.
— Porra, Manu. O que eu já falei sobre culpar o hospital? Você não aprende nada, menina. — Micael ralhou com uma seriedade imaginária de marmanjo.
— Coé, esse hospital público que ele tava era uma merda mesmo. Lá já morreu um monte de amigos e familiares meus. — Mario defendeu sem entender a raiva do amigo.
— Ah, tá com raiva de hospital público? Usa o CPF dele e paga um cartão em um lugar privado! — Micael respondeu sorrindo sarcasticamente e abrindo as mãos.
— Ok, se você tá falando, eu acredito. A saúde pública brasileira tá perfect. — Analu também devolveu com sarcasmo, fazendo um "ok" com a mão.
— Tá uma completa merda. — Manuela adicionou. — Foi lá mesmo que eu quase morri uma vez.
— Pois é! — Analu apontou para a colega que havia concordado. — A triste realidade, cara.
— Porra! Parem de levar na brincadeira e tenham uma visão igual a minha! — Micael gritou, indignado com os comentários críticos.
— Não é brincadeira, ô caralho. — Manuela defendeu começando a ficar irritada. — Tô falando da minha experiência.
— Não culpem o hospital por algo que Deus quis. Querem reclamar? Peguem uma senha e esperem numa fila pro governo te atender e não fazer porra nenhuma. Agora chega dessa treta de "culpa do hospital", por favor. Cara, na moral, vocês são cegos? Papo reto, desculpa estar bravo, mas vocês não conseguem entender o raciocínio. — Micael reclamou apontando para a própria cabeça.
— Você que tá doidinho, garoto... — Analu falou baixo, arregalando os olhos.
Todo o resto da turma ouvia a discussão atentamente.
— Parece que eu tenho um cérebro mais evoluído que pra minha idade. — Micael reclamou de braços cruzados, revirando os olhos.
— Chama essas duas de crianças e pronto. — Jonas aconselhou o amigo, a favor dele.
YOU ARE READING
Quase Adolescentes: Segredos de Adulto (II)
Teen FictionCom a chegada de novatos em Clair Hoffman em 2017, novos problemas chegam também. Alguns mais bobos como fim de amizades e namoros, outros como uma onda de crimes e vícios. ATENÇÃO: História não recomendada para menores de 14 anos.