Capítulo 11 - Sem supervisão

4 2 0
                                    

Todos aguardavam a professora Dayane chegar à sala de aula. Obviamente aquela turma jamais ficava em silêncio, as conversas sempre eram ruidosas. A sala estava com as luzes apagadas, iluminada apenas pela claridade da janela fechada.

— Gente, vai ter teste surpresa de espanhol hoje! — Lúcia anunciou aos colegas, gerando um leve pânico coletivo.

— Como assim? — o desespero na cara de Nicole era evidente.

— Caralho! Eu não sei nada de espanhol. Fodeu! — Micael reclamou sozinho pondo a mão na testa.

— É oficial! Estamos todos fodidos. — Jonas concluiu com humor.

— Não estamos não. — Calvin contestou para a roda de alunos. — Eu posso fazer cópias do teste com as respostas.

— Isso! Por favor, faz isso! — Laila implorou juntando as mãos como se estivesse rezando.

As lâmpadas do recinto foram acesas. Era a professora Dayane adentrando a sala. Alguns deram suspiros infelizes e ela pôde notar isso.

— Obrigada pela recepção, hein. — a professora de português ironizou pondo seus livros na mesa.

— Professora, posso ir ao banheiro? — Calvin solicitou com intenções de roubar a prova.

— Claro.

O garoto saiu da sala e Dayane começou a dar aula, mas parou ao perceber uma coisa.

— Anne, por favor, se retire da minha aula. — a docente insistiu apontando para a porta.

— Ué, por que, professora? — Anne perguntou se fazendo de desentendida.

— Aqui não é lugar pra ficar tirando selfies!

— Narcisismo às alturas. — Joaquim brincou balançando a cabeça negativamente.

A loira obedeceu às ordens e a lição prosseguiu. Durante a aula, Joaquim e Manu estavam aos amassos, os meninos bagunçavam com eles discretamente.

Kevin tirou uma latinha de refrigerante de sua mochila, bebeu o resto que sobrou por um canudo. Quando se virou, notou que Rafael e Silvia estavam na maior agarração por ali. O mauricinho teve uma ideia boa para interrompê-los, então rasgou um papel em pequenos pedaços sabendo que era uma ação infantil, mas drástica. Ele colocou uma bolinha de papel na boca a encheu de saliva, virou-se para trás e soprou em direção ao casal. A bolinha de cuspe acertou em cheio os alvos.

— O que foi isso? — Rafael perguntou caçando o causador com os olhos e não achando nada.

— Algum idiota tá jogando bolinha de cuspe na gente. — Silvia respondeu tentando descobrir quem. — Deve estar pensando que estamos no maternal.

Kevin escondeu seu canudo, comprimiu os lábios, olhou para frente e cobriu a boca na tentativa de segurar a risada.

— Relaxa. Seja quem for, vai parar agora. — Rafa disse calmamente e depositou um beijo na bochecha da garota.

Silvia continuou a observar todos, desconfiada. No momento em que ela abaixou a cabeça e voltou a realizar sua tarefa, a bolinha de cuspe a atingiu novamente.

— Mas que coisa! — Silvia resmungou mais aborrecida que minutos atrás.

— De novo? — o coreano cochichou, rodando os olhos pelas órbitas de forma paranoica.

— Sim. — Silvia afirmou chateada, pondo a mão na nuca.

— Quem você acha que tá fazendo isso? — Rafael perguntou.

— O Kevin. Tá na cara. — ela replicou encarando o acusado mortalmente.

— Ah, que nada. Eu acho que é o Samir ou o Antônio mesmo. São sempre eles. — Rafael sugeriu cético.

Quase Adolescentes: Segredos de Adulto (II)Where stories live. Discover now