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Hermione correu para o Salão Principal. Oh, não. Estava atrasada para o café outra vez, e agora teria que se apressar... outra vez. Harry e Ron estavam esperando por ela e quase pulou no banco, sentando-se com força. A garota enrijeceu, os olhos lacrimejaram, e gemeu audivelmente. Ambos os amigos a encararam.

Não core. Se corar, vai se entregar.

— Eu, hum, me esqueci do degrau que desaparece e machuquei o traseiro — disse, numa desculpa muito esfarrapada. Eles não pareceram notar, apesar disso.

— Ah... — Ron disse, sorrindo. — Um pé na bunda esse degrau, não é?

— Pare, Ron — Harry disse, mal escondendo o sorriso. — Não seja um bundão.

— Ah, há, há muito engraçado! — ela disse, fazendo uma carranca para os dois bobos. Ainda assim, estava aliviada por não a terem questionado. E também por ainda estar frio o suficiente para poder usar cachecol sem parecer estranho, cobrindo o pescoço o tempo todo...

Não tinha se esquecido do degrau, claro. Seu traseiro estava bem. A razão do desconforto era Malfoy e sua intensa perseguição a ela na última semana, ou mais. Não tinha perdido um segundo sem encurralá-la a cada chance que tinha. Tinha passado muitas noites em sua cama e até havia alguns períodos livres durante o dia dedicados... bem, não à Aritmancia, em hipótese alguma. A situação começava a cobrar seu preço nela. Na noite passada quisera dizer não, mas... por Merlin! Ele podia ser muito persuasivo quando empenhava a mente nisso.

Não é a mente que ele está empenhando...

Quase riu ao pensamento. Sabia o que o movia, de qualquer jeito. Ainda estava com ciúmes. Era como se pensasse que, se a seduzisse o suficiente em um curto período, então esqueceria a respeito dos outros garotos. Funcionava, mas não diria isso a ele. E não era como se tivesse alguma razão para ter ciúmes, mas não diria isso também.

Tinha, sim, deixado McLaggen beijá-la. Mas não fora um beijo muito bom. Fora mais algo feito nela do que com ela. Tinha tentado fechar os olhos e aproveitar, mas nada acontecera. Absolutamente nada. E então o garoto começara a se empolgar um pouco, e ela rapidamente se libertou. Quando virara as costas para se afastar, pensou ter visto alguém desaparecer no corredor e imaginara ser Malfoy. Repreendera a si mesma por ser tão bobinha a ponto de pensar isso, mas no dia seguinte ele a encurralara e estava tão bravo e cheio de rancor... ao perceber a razão, ficara chocada e assustada. Ele a punira com um beijo dolorido, que ainda assim fora, ironicamente, melhor que o de McLaggen.

Agora você sabe.

Não tinha muita certeza de onde tinham vindo as palavras, mas mal podia esconder a verdade nelas. Agora ele sabia como era doar-se completamente a alguém que virava as costas e ia se envolver com outra pessoa. Não havia dúvida de que ele havia dado tudo de si na noite antes do Natal. As vezes em que estiveram juntos desde então tinham sido boas – não, melhor que boas; excelentes! – mas ele estivera contendo algo, e ela também. Não conseguia definir o que era, mas fora parte vital no que tornara aquela noite tão especial.

Ainda assim, não tinha razão para reclamar...

Realmente tinha que dizer não esta noite, apesar disso. Devia. Uma razão era ter visto Lavender e Parvati juntando as cabeças sempre que ela entrava numa sala e sabia o porquê: como suas colegas de quarto, tinham percebido que a garota não dormia em sua cama há muito tempo. Era apenas uma questão de tempo até que contassem a outras pessoas. Hermione não sabia o que faria com isso. Sua reputação ainda sofria com a história do vírus que tivera e isso seria a morte de qualquer esperança para o benefício da dúvida.

Comeu umas torradas apressadamente e levantou-se. — Tenho que ir. Vejo vocês mais tarde, meninos.

— Espere... o quê? — Harry retrucou. — Mal vemos você do jeito que as coisas estão, e agora nem senta conosco por um período livre? O que é que você vai fazer?

Silencio | DramioneWhere stories live. Discover now