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Hermione andava rápido, quase correndo. Estava atrasada e já tinha sido dado o toque de recolher, mas não conseguiu resistir ir à biblioteca para dar uma olhada em um detalhe que a estava incomodando, e então, como sempre, perdeu a noção do tempo. Murmurando baixinho, correu pelos corredores, dando o melhor de si para lembrar-se de tudo que havia lido, palavra por palavra.

Essência de murtisco ajuda a resistir a azarações, enquanto- — e bateu de frente em um corpo que parecia ter saído do além.

— Ai! Olhe para onde está indo, Malfoy! — disse irritada, enquanto tentava sem sucesso passar por ele para continuar seu caminho.

— Ora, ora, ora. Veja se não é a amiguinha do Potter, andando sozinha por aí. E depois do toque de recolher, devo acrescentar. — Draco Malfoy sorriu desagradavelmente e com desdém, seus olhos acinzentados cheios de malícia. — Acho que devo reportar isso.

Hermione deu um grunhido exasperado e irritado. — Ah, é? E como você explica o fato de estar aqui também? Bom, deixe isso pra lá – você intimida bem menos sem seus comparsas de sempre.

Um lampejo de raiva passou pelos seus olhos cinza, mas ele deu um sorrisinho sarcástico. — Melhor ter comparsas do que lamber os sapatos dos outros, imagino. Além disso, estou cumprindo uma tarefa para o Professor Snape. Qual é a sua desculpa? Salvando o mundo outra vez? — Ele riu, claramente pensando que aquilo era uma piada.

Hermione revirou os olhos e tentou passar por ele de novo, apenas para ser prensada contra a parede. Enfurecida, procurou pela varinha, mas ele agarrou seus pulsos e os colocou acima da cabeça. — Não tem medo de mim, hein? — zombou. — Se você tiver um pouco de bom senso, sangue-ruim, vai ter medo. Eu não preciso de Crabbe ou Goyle, nem mesmo de mágica, posso te matar facilmente se quiser.

Hermione parou de lutar por um segundo para dar a ele um olhar de tédio e desgosto. — Então me mate logo ou me deixe ir embora. Eu não tenho tempo pra isso! — Na última palavra, ela ergueu o joelho, perdendo por pouco o alvo – as preciosas jóias de sangue puro – pois ele moveu a perna para proteger o que havia ali no meio.

Malfoy soltou um palavrão que teria feito sua mãe esfregar sua boca com sabão e, colocando os pulsos dela em uma única mão, escancarou a porta mais próxima e praticamente a atirou lá dentro, mandando-a aos tropeços até metade da sala. Antes mesmo que pudesse se equilibrar de novo, ele sacou a varinha e disse — Accio varinha! —, tomando seu único mecanismo de defesa.

Apesar de sua arrogância anterior, Hermione começou rapidamente a se sentir nervosa. Mas ele não a machucaria de verdade, machucaria? Ele a ofenderia com certeza, e talvez até a empurraria, mas não usaria uma Maldição Imperdoável bem aqui em Hogwarts... Certo?

Ele riu, percebendo seu desconforto. — Não tão arrogante agora, não é, sangue-ruim? — disse com seu sarcasmo habitual, andando vagarosamente até ela, saboreando a vantagem.

Hermione olhou ao redor procurando por algo que a ajudasse a se proteger ou desequilibrá-lo, mas não tinha nada ali. Eles estavam no que parecia ser uma sala de aula antiga, com mesas e cadeiras de escola. Estaria realmente escuro, se não fosse a luz da lua entrando pelas janelas largas que ocupavam uma das paredes. Rapidamente, ela correu e colocou uma mesa entre eles, fazendo com que Malfoy risse ainda mais.

— Ah, sim, é claro, sangue imundo — ele disse com uma falsa doçura. — Essa mesinha baixa realmente vai repelir qualquer azaração minha. Bem pensado!

Hermione sentiu o rosto esquentar. Ela sabia, claro, que a mesa não ajudaria contra azarações; simplesmente não queria estar a uma curta distância dele. O jeito com que ele a sobrepujara e desarmara tão facilmente a deixara cautelosa. Silenciosamente, rezou para que Harry ou Ron viessem procurá-la, mas sabia que não viriam. Eles assumiriam, corretamente, que teria perdido a hora, e provavelmente iriam para a cama sem se preocupar. Considerou gritar, e ao pensar que era uma boa ideia, abriu a boca para fazê-lo.

Silencio | DramioneOnde as histórias ganham vida. Descobre agora