_"Se eu não...", falei e a próxima palavra ia ser "sobreviver", mais ela me interrompeu, podia ser a última vez ali com ela e ela não queria que eu falasse isso.
_"Você vai...", ela ordenou.
_"E se talvez...", tentei falar novamente sorrindo mais ela parecia brava só pra eu pensar nisso, vi nos olhos dela que ela não estava pra brincadeira, eu estava próximo de ceder e partir de vez, meu corpo doía de verdade, eu sentia que ia apagar mais agora era de verdade.
_"Você não pode me deixar Vinnie, Daisy precisa de você, nós precisamos de você", Sarah falou firme e sua mão desceu até a barriga mostrando quem precisava de mim, eu sabia disso, se tinha algo pra ser feito eu devia fazer agora por que eu iria perdê-las eu sentia.

_"Afasta", ouvi longe e novamente meu corpo sentiu o choque mais forte ainda, mais ali com Sarah eu não estremeci de dor, eu deveria mesmo estar imaginando aquilo tudo.
_"Vou fazer o possível tá, por vocês três", eu prometi, de repente fui puxado dali, Sarah não estava mais ali comigo, eu estava deitado, meus olhos fechados, pedi pra Deus pra me deixar ali, vivo, pensei em minha mãe, meu pai, meu irmão, meu sobrinho, meus amigos, funcionários, fãs, eu precisava continuar, não estava certo acabar do jeito que estava acabando.
Senti meu coração acelerar as batidas, como um carro que pega no tranco, meu corpo doía, mais eu ainda estava ali, e continuaria.

Mal sabia eu que poucas horas depois meu corpo ia ceder novamente a vontade de ir embora, mesmo eu querendo muito ficar, eu estava cansado, mesmo ali deitado eu tentava me manter vivo, manter a mente limpa, pensava só em coisas boas, como seria quando eu voltasse pra eles, voltasse pra casa, Daisy, será que ela sabe? Ela era tão pequena pra entender, como iriam contar a ela, ela vai chorar, Sarah não vai conseguir lidar com isso sozinha, será que minha mãe vai voltar pra Seattle? Meus pai, meus Deus meus pais... de repente minha mente trouxe só questões que me deixavam nervoso, meu coração acelerou, eu deveria estar tendo uma parada novamente, mesmo sem abrir os olhos eu sentia mãos em mim, me pegando.
_"Sarah?", pensei, ouvi a voz Sarah chamar por mim, mais era real, real mesmo, ela estava ali, mesmo sem enxergar eu sabia. Ela pediu pra que eu ficasse, eu lutei, lutei bravamente, por que senti meu coração parar por alguns segundos, senti o ar esvaziar meus pulmões, mais voltar a enche-los segundos depois, meu coração voltou a bater devagar, não era agora, eu disse que lutaria pra continuar vivo, Sarah me pediu, e eu faria.

Os dias se passaram devagar, meu corpo demorou pra se recuperar, eu sentia ele ainda dolorido, mais eu estava em total repouso, eu não sei explicar qual estado meu corpo estava, mais eu não tinha controle nenhum sobre ele, meu cérebro até mandava algum estímulo, 'abrir os olhos', 'falar', 'fechar o punho', "sentar", mais nada, meu corpo simplesmente não obedecia.
Única coisa que ainda consegui fazer era respirar, mais eu quase que não precisava de ordem do meu cérebro pra isso, eu vazia com facilidade, eu estava feliz pelos simples fatos de sentir o ar entrar e sair do meu nariz.

Eu a escutava, passei a escutar bem, acredito que por não enxergar, não falar, minha audição passou a ficar mais aguçada, eu escutava a porta abrir e fechar, escutava o abrir e fechar de embalagens, como quando escutava uma enfermeira abrir algo estéril pra usar em mim, eu estava internado, eu sabia, ouvi um médico falando sobre coma induzido, então era assim que eu estava em coma, nunca pensei que pessoas em coma escutavam, será que eu estava num estágio de coma super leve?, devia ter pesquisado mais sobre isso. Médicos falavam e eu os escutava, alguém estava convicto que eu não acordaria, uma enfermeira conversava comigo como se eu fosse responder, ela disse ter uma filha que ela minha fã, se quando eu acordasse eu num mandaria um vídeo pra filha dela, ou quem sabe conhecê-la, queria responder a isso.

Descobri apenas escutando que Sarah e meus pais, no qual senti muita falta nessa semana, não conseguiam contato comigo por que estavam proibidos de entrar no quarto, infecção, algo assim, a enfermeira disse, ainda como se eu fosse responder que minha esposa era linda, eu concordava 100%.
_"Você vai sentir uma picadinha agora Vinnie", a enfermeira disse, eu já não sentia nada mais, eu estava sedado, "Muito bem, agora a medicação... ah sua esposa é linda, conheci ela, está sofrendo tanto com sua falta, uma pena ela não poder entrar né?", ela disse, não entendi no primeiro instante, "Ela e seus pais ficam aqui fora do quarto te olhando, morro de dó", ela disse e eu entendi que eles ficavam apenas do lado de fora do quarto.

Eu não sabia a quanto tempo estava ali, mais já estava de saco cheio, queria acordar logo, queria minha família, ir pra casa.
Ouvi uma movimentação grande no quarto, não sabia o que acontecia, ninguém me falava nada, perguntei sobre aquela enfermeira, cadê ela que estava me contando tudo pra me falar sobre o que estavam fazendo.
_"A sedação vai diminuir...", ouvi alguém falar, 'o que? Vão me tirar da sedação?, vou acordar agora', pensei, "Injetando", ouvi, e eu estava preparado.
Minutos, minutos, horas, única coisa que mudou foi meu corpo voltar a sentir algum incômodo nas costas, uma dor chata nas juntas, fome, sentia fome...
Mais eu mesmo continuava 'dormindo', eu bem tentei mandar impulsos pra tentar acordar, abrir os olhos mais não, nada aconteceu, não acordei da sedação.
Eu conversava comigo mesmo, eu precisava, agora além de não acordar eu sentia dores incomodas no corpos, por que?

Depois de sentir a sedação sumir mais continuar ainda imóvel, eu fui transferido pra outro hospital, foi horrível, o caminho parecia longo demais, meu corpo balançava muito dentro daquela ambulância.
A transferência foi horrível, deveriam ter me deixado no hospital que eu estava, quieto, me senti cansado mesmo sem mover um músculo do corpo se quer.
_"Hey lindo", ouvi, meu coração acelerou, era a voz de Sarah, foi a primeira vez que a ouvi depois que tinha apagado de vez, era ela, era real, senti o toque da mão dela na minha pousada na cama, ela me tocava e me chamava, queria acordar, dar a ela o que ela também queria, me ver ali bem, vivo, eu estava, mais imóvel era ruim passar isso a ela.
Pela vez pude sentir o cansaço dela, Sarah era forte mais era humana, devia ser um barra ruim demais pra ela carregar sozinha, eu sentia tanto orgulho dela.







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Feliz Natal meninas, desculpe o sumiço! 🎁❤️🎅🏻🎄

Quando ninguém mais quiser • Vinnie HackerTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon