Capitulo 10 (Safe Harbor)

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CAPITULO 10 - SAFE HARBOR

Dois dias haviam se passado quando cheguei no final da tarde em uma lanchonete de beira de estrada. Era na divisa da cidade então o movimento da pista era intenso, mas estranhamente do lado de dentro não haviam tantos clientes. Me sentei em uma mesa no fundo, próxima a janela, pedi um milk-shake de Ovomaltine e logo descobri a falta de clientes... Eles até podiam ser bem simpáticos, mas os pratos não eram tão convidativos.

- Demorei muito docinho?

Minho diz próximo ao meu ouvido o que me faz arrepiar e encolher os ombros levemente por impulso. O rapaz se senta ao meu lado, vestindo uma jaqueta de couro e com o cabelo bagunçado pelo vento, o que acentuava seu ar rebelde.

  - Não faz muito tempo que cheguei, você quer? - Empurro a taça do milk-shake para ele, que segura o canudo e suga um pouco do sorvete.
- Está aguado. – Reclama franzindo o cenho.
- Pois é, você que escolheu esse lugar - Puxo novamente a taça para mim lhe dando um sorriso irônico.
- E então, sentiu tanta falta assim que decidiu me procurar primeiro?
- Convencido. Na verdade eu tenho uma proposta – O rapaz apoia o cotovelo na mesa e se vira em minha direção, percebo que tenho sua atenção então prossigo – O que você acha da gente se juntar e derrubar seu pai?

No início ele pareceu não entender, depois sua expressão foi se tornando séria.

- Você é louca.
- Minho, eu acredito em você.
- Que você é louca? –  Solta uma risada curta e alta – Bom saber que compartilhamos da mesma opinião docinho.
- Estou falando sobre seu pai. – Retruco ríspida e o vejo voltar com a feição séria.
-Acredita em mim? O que faz você acreditar em mim?
- Eu falei com a Ryunjin... E não importa quem ele seja, o que ele está fazendo com você, com ela, e com todas as outras mulheres é errado e repugnante, eu não posso dormir à noite sabendo de algo assim e não fazer nada!
- Você devia virar uma Santa – Ri de forma sarcástica.

Inspiro fundo expirando bem devagar, eu não era uma santa, mas não podia ver mulheres se ferindo pela diversão de homens tão tóxicos. Um dia eu iria jurar pela vida humana, e a ideia de não fazer nada agora me fazia invalidar meu futuro. Como eu olharia para uma paciente, sabendo que eu podia ter evitado sua dor?

- Se você não vai me ajudar, então me diz como eu faço pra chegar até ele.
- Não é que eu não queira te ajudar, mas você realmente não sabe a onde está se metendo... Se você for virgem, ele vai te leiloar na hora, e se não for, pode ser vendida para o mercado negro.

Sinto meu estomago revirar.

- E como ele vai saber se sou virgem ou não?
- Ele vai saber. – Me encara de relance – Você é?

Limpo a garganta sentindo meu rosto queimar, levo o canudo aos meus lábios terminando o Ovomaltine na esperança que o frio do sorvete diminua a quentura que sentia.

- Sério? Uau, bom, se quiser eu posso cuidar disso pra você docinho.
- Vai se ferrar Minho – O empurro com força moderada, o que tira um riso divertido de seus lábios.
- Você ao menos tem um plano de como quer fazer isso?
- Isso quer dizer que vai me ajudar?
- Se seu plano não for tão estupido... Talvez.
- Bom, escuta só...

                                                           . . .

Chegando em meu prédio, logo quando as portas prateadas se abrem, encontro Changbin parado em minha porta. Parecia que tinha virado um habito me esperar chegar toda vez que eu saia de casa.

- Por que você demorou tanto?
- Como assim por que eu demorei? Estava me esperando? – Questiono prendendo um riso.

Ele limpa a garganta com uma tosse forçada antes de continuar.

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