09_ Pau do Theo.

72K 7.5K 7.5K
                                    

Eliza Claire

- O Theo também vai fazer a apresentação, ele pode te levar até a escola no carro dele.

Senti o Theo desviar o olhar automaticamente dos seus cupcakes e me encarar com desgosto.

Ele odiou aquela opção mais que eu.

- Eu agradeço, mas o Adam já vai me levar. - Apontei pro meu lado, aonde o Adam estava.

Me virei pra acompanhar o meu movimento e arregalei os olhos notando que o Adam tinha simplesmente desaparecido.

O amor realmente derreteu ele.

E eu vou derreter a minha mão na cara dele por ele me deixar em uma situação como essa agora.

- Parece que ele foi sem você. - O senhor Cooper riu e eu voltei a encarar ele.

- Eu chamo um uber. - Continuei.

- É perigoso demais. - O pai do Theo argumentou.

Maldito policial sábio.

- Então eu acho um táxi. - Sorri.

- Ainda mais perigoso.

- Eu posso ir de esgoto. - Ri, desejando não querer atirar cada cupcake na cara do velho.

- O Theo vai te levar. - O policial decidiu e eu arregalei os olhos apavorada.

- O meu carro sumiu. - O Theo justificou encarando o pai.

Ainda bem que ele abriu esse bico de galinha dele pra falar alguma coisa logo.

- As suas chaves do carro estão na sua mão. - O pai do Theo encarou ele indignado.

- Eu vim a pé. - Argumentou o garoto sorrindo falso.

Alguém devia ensinar como mentir pra ele...

- Então, você leva a Eliza andando até o colégio. - O pai do Theo me encarou com um sorriso de pilantra.

Ô tiozinho, que droga você tá fazendo? Você não é o Rodrigo Faro! E ISSO NÃO VAI DAR NAMORO.

- Pai com todo respeito... - O Theo declarou encarando o pai e depois se virou pra mim. - Querida, com o menor respeito possível: você é insuportável. Eu prefiro ficar no banheiro com o Adam e ter que encarar aquela horrenda tatuagem de banana que ele fez em minha homenagem, do que passar 1 minuto com você. - Ele falou simples e eu assenti escondendo o meu sorriso.

Essa deve ser a primeira coisa de útil que o Theo já fez na vida dele.

[...]

- Abaixa o volume dessa porra, seu pedaço de merda voador! Tomara que esse carro vire e você seja o culpado da minha morte. - Insultei e desejei.

O Theo não se deu ao trabalho nem de me encarar por um segundo antes de colocar o volume da música no máximo.

Eu apertei as folhas do trabalho que eu estava TENTANDO estudar e fechei os olhos com força.

Peguei a minha água da mochila e então notei que estava tremendo, muito provavelmente de ódio.

Eu queria ter as minhas pernas tremendo agora por causa de uma dedada ou chupada, não por causa de um guaxinim atropelado que todo mundo insiste em dizer que é um gostoso.

Esse pensamento apenas me fez perceber que eu não brincava de dj desde que cheguei aqui nos Estados Unidos.

A minha primeira siririca aqui tem que ser especial...

Levei a minha garrafa de água até a boca e senti o carro acelerar de um jeito absurdo.

Nem o meu ex conseguia meter tão rápido assim.

Metade da água que estava na minha garrafa voou para o meu rosto, cabelo e roupa.

Senti a água deslizar pelos meus peitos e molhar a minha camiseta branca. O líquido penetrou o meu nariz me fazendo engasgar e começar a tossir desesperadamente.

Me segurei em qualquer coisa que vi pela frente apenas pra conseguir parar de tossir, e quando levantei o rosto vi que era o Theo que eu estava segurando. O ombro do Theo estava sobre a minha mão e o seu olhar incomodado estava em mim.

Ele fez aquilo de propósito.

Eu conseguia ver isso no brilho divertido do seu olhar.

Peguei a minha garrafa e joguei toda água que restava nela bem na calça do Theo.

Que essa água entre nos buracos mais inimagináveis do seu corpo.

Vi a sua expressão mudar de desgosto pra surpresa.

Ele abriu a boca em choque, acompanhando os seus olhos que se arregalaram e por fim soltou um barulhinho em protesto pela água quase gelada.

O carro desviou um pouquinho da estrada e eu arregalei os olhos rezando pra tudo que era santo nesse mundo.

Eu tava brincando quando pedi pra esse carro virar e o Theo ser o culpado da minha morte!

Eu quero morrer engasgada por um peixe dourado na praia, e não por causa de um idiota, doido, desgraçado e arrombado que não aguentou o pensamento de ter mijado nas calças.

Logo o Theo conseguiu colocar o carro de volta na estrada e me encarou com ódio, antes de pegar a garrafa vazia da minha mão e jogar com força na minha cabeça.

A garrafa bateu na minha testa com força e saiu voando pela janela do carro, antes de bater na cabeça de uma criança na rua.

O Theo acelerou o carro e eu encarei ele com ódio.

Puxei o Theo pela sua correntinha de prata no pescoço e ele me encarou em pânico tentando manter o carro na estrada.

- Você tá tentando nos matar? - Ele disparou.

- Você é ridículo! - Insultei segurando a minha garganta que ainda doía.

- Você é patética. - Ele devolveu o insulto com a mesma intensidade.

Soltei a sua corrente e ele não se importou em me dar um outro olhar enquanto dirigia calmamente.

Encarei o meu trabalho no meu colo e vi as páginas encharcadas.

Eu vou cortar o pau do Theo em pedacinhos...

continua...

O IntercâmbioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora