# 𝐭𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲 𝐭𝐰𝐨

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Aviso de gatilho: menção à transtorno alimentar, violência doméstica e psicológica

Terminou de estacionar o seu carro em uma das poucas vagas livres no estacionamento e logo saiu para começar a andar em direção ao hospital. O prédio se localizava em uma região que você não frequentava, na verdade nunca foi. O bairro de Suguru era do outro lado da cidade, a mais de quarenta minutos de Beverly Hills, então você não conhecia nada ali.

Ao entrar na recepção, viu quase todas as cadeiras ocupadas, pensou ser pela escassez de ambulatórios na região, o que chegava a superlotar um único centro hospitalar.

Passou os olhos pelo ambiente, tentando achar Geto, mas não conseguiu, então pegou o celular do bolso de trás da sua calça jeans e mandou duas mensagens, avisando que tinha chegado e que o procurava.

Ele não demorou para responder, explicando que estava no corredor que levava para os quartos. Bloqueou o celular e começou a se guiar pelas placas do lugar até finalmente conseguir chegar até lá, demorando um pouco por se perder algumas vezes.

Você o encontrou, sentado no chão, com as costas na parede, os braços apoiados nos joelhos e a cabeça baixa, de forma que ele não percebesse a sua aproximação. Ele somente te notou quando parou bem na frente dele, o olhando com um sorriso leve no rosto, tentando

— Oi, baby... – disse calma, se agachando para ficar na altura dele.

— Oi... – Geto respondeu, tentando forçar um leve sorriso, mas não foi o suficiente para que você não percebesse o tanto que ele estava cansado.

Não sabia se, depois da madrugada de ontem, ele realmente tinha descansado, mas as olheiras mais fundas e o semblante abatido entregaram que não. Mesmo você sendo uma pessoa observadora, Geto não era alguém que demonstrava muito, o que tornava tudo mais difícil. Ele estava muito cansado fisicamente, isso era notório para qualquer um, mas, quanto mais tentava, mais difícil ficava para perceber qualquer sentimento.

— Você tá aqui desde cedo, não é? – perguntou, o que o fez assentir, visivelmente cansado. — A sua irmã tá lá dentro? – indicou com a mão a porta atrás de você.

— Uhum, sai um pouco pra tomar um ar, mas tenho que voltar. Não gosto de deixar a Billie sozinha.

Ele ameaçou levantar mas você impediu, colocando as suas mãos nos joelhos dele, e aproveitou para usar de apoio e voltar a ficar de pé. Geto te olhou confuso, mas você só sorriu de leve, colocando uma das mãos no bolso de trás da calça.

— Eu posso ficar com ela, vai tomar um café e tenta descansar um pouco. – você disse e depois se inclinou.

Até ameaçaria um conforto físico, mas não tinham tanta intimidade assim, além de Geto não ter o mínimo que fosse de clima para isso.

Não deixando que ele argumentasse, se virou e começou a andar até o quarto, abrindo a porta devagar para não causar barulho. Geto te observou sumir atrás da porta e encostou a cabeça na parede, voltando a fechar os olhos.

Quando você o avisou que estava indo até o hospital, uma pequena parte dele duvidou um pouco que você realmente iria. Mas, depois de tudo o que aconteceu na madrugada do dia anterior e no como você não hesitou, nem por um segundo, em ajudá-lo a achar e cuidar de Satoru, mostrou como você se importava muito mais com as pessoas do que parecia.

A fachada que você construiu ao seu redor ao longo dos anos, mostrava uma versão diferente na maioria das vezes, mas, agora, tanto Geto, quanto Satoru, estavam descobrindo o que tinha por baixo da sua imagem.

Ao entrar no quarto, sorriu ao ver Billie. Ela realmente era a cópia do irmão, praticamente a versão feminina dele. Os cabelos pretos e longos, idênticos aos de Suguru, até mesmo o rosto era similar e os olhos tão escuros quanto. Ela só era bem mais magra do que deveria para alguém com essa idade e altura.

𝐍𝐄𝐄𝐃 𝐓𝐎 𝐊𝐍𝐎𝐖, satosugu + readerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora