# 𝐭𝐞𝐧

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Aviso de gatilho: violência doméstica

Era comum que Geto acordasse em camas desconhecidas depois de uma festa simples, ainda mais as organizadas por Satoru Gojo.

Entretanto, estar deitado com você e o próprio Satoru do lado, o deixava inquieto. Não fazia nenhum sentido ele ter concordado com quaisquer das coisas que fizeram na noite anterior e não seria nada fácil conseguir tratar de uma forma tão banal o fato de ter transado com seu melhor amigo.

Suguru sentia o corpo grudado na cama, a ressaca corporal era tão pesada quanto a moral. Olhou para o lado e te viu dormindo tranquilamente, Satoru também, mas não parecia tão confortável como você. O platinado tinha alguns poucos espasmos e, se aproximando, Geto percebeu um caminho de sangue seco, do nariz até o lábio. O moreno suspirou pesado.

Era até "comum'' ver Gojo assim, mesmo que ficasse preocupado, Geto não podia fazer muita coisa. Levantou devagar, tentando fazer o mínimo de movimento brusco possível e vestiu a calça que achou jogada no chão. No banheiro, revirou algumas gavetas e achou um um pedaço de algodão, o molhando na pia. Voltou ao quarto e viu que você tinha mudado de posição, ficando abraçada ao travesseiro do moreno.

Em passos silenciosos, levou o algodão até o nariz de Satoru, passando levemente pelo sangue. Limpou o máximo que podia mas, assim que o platinado resmungou, ainda dormindo, Geto se afastou para não acordá-lo, afinal, não queria ter que conversar com o amigo logo de manhã. Não depois da noite anterior.

Suguru olhou para os lados atrás de alguma camiseta e só encontrou a de Satoru, pegou assim mesmo e saiu na ponta dos pés, com os tênis na outra mão, encostando a porta devagar. O restante da casa estava tão bagunçada quanto o quarto, peças de roupa, garrafas e copos jogadas por todos os cantos. A maioria das pessoas já tinham ido embora, mas algumas dormiam no chão ou nos sofás, o moreno apenas se esquivava de tudo.

Debruçou o corpo sob o balcão da cozinha, alcançando a mochila no armário, não podia deixar aquela quantidade de droga ali. A chave da moto e o capacete estavam no mesmo lugar, desceu as escadas até a garagem com tudo nas mãos. Não pensou muito no que faria, nem ao menos sabia o que fazer com a cabeça a milhão daquele jeito, apenas seguiu para casa.

Durante todo o caminho, Suguru tinha um único pensamento martelando sua cabeça já dolorida. Satoru. Aquilo, muito provavelmente, afetaria a amizade de anos que tinham e, como ele sempre foi a cabeça pensante entre os dois, se sentia responsável por ter permitido. Não era algo errado mas, ainda assim, tinha receio de como Gojo levaria toda a situação, afinal, às vezes ele era imprevisível até para Suguru.

Alguns bons minutos e chegou em casa. Casa. Suguru não conseguia sequer chamar aquele lugar de casa, nunca tinha sido e nunca seria seu verdadeiro lar. O carro estava na garagem e, como sempre, aquele silêncio horrível. Geto cresceu no silêncio, tanto dele quanto dos outros, nunca ouviu ou foi ouvido por ninguém.

Mas, ainda assim, preferia o silêncio. Quando algo, ou alguém, resolvia quebrar isso... nunca era algo bom.

— Billie?

Suguru deixou as chaves da moto no balcão e subiu as escadas de dois em dois degraus, parando assim que chegou à porta da irmã.

— Não sabia que vinha hoje. – a mais nova abaixou a tela do notebook e tirou os fones de ouvido. — Que cara é essa?

— Qual cara? – ele se deitou ao pé da cama, apoiado nos braços.

— Tá acabado. – Suguru riu. Pelo que tinha visto no espelho, realmente estava com a feição cansada.

𝐍𝐄𝐄𝐃 𝐓𝐎 𝐊𝐍𝐎𝐖, satosugu + readerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora