Capítulo 32 - O tempo voa.

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- Terminamos por aqui, Harvey.

Donna foi para o quarto de hóspedes e trancou a porta. Ela parou de lutar contra as lágrimas, sentou na cama e chorou abraçada com um travesseiro. 
Harvey depois que percebera o quão errado ele tinha sido na discussão com Donna, pôs as duas mãos na cabeça e sentou na cama, "que merda, Harvey", sussurrou para si mesmo. Donna nunca teve crises de ciúmes para com ele, nem quando meses atrás uma de suas exs apareceu na rua, sabia que ela confiava nele de verdade, e que este não era o ponto chave da mágoa dela; desde sempre Donna sempre soube de tudo dele, antes mesmo de eles terem um relacionamento, ter deixado ela de fora das suas crises parecia uma boa ideia no começo mas agora ele conseguia perceber que não era tão boa ideia assim; mas aí lembrou de como se sentiu envergonhado e impotente ao pedir ajuda, não queria que a mulher que ele amava o visse como um fraco e o olhasse com pena, essa tinha sido a razão prima de ele não contar para ela; "é isso, preciso falar como me senti", Harvey disse antes de sair da suíte.

- Donna, abre aqui! - Harvey bateu na porta do quarto mas ela não abriu de primeira; ele podia ouvir o fungado dela; bateu mais forte na porta, fazendo o barulho ecoar pelo apartamento silencioso.

- Você vai acordar as crianças- Donna disse ao abrir a porta e enxugar os olhos.

- Eu preciso que você me escute!

- Se você veio falar mais coisas pra me magoar eu prefiro que você poupe o nosso relacionamento - Donna falou olhando nos olhos dele 

- Desculpe, eu não devia ter dito aquilo… mas preciso que você esteja disposta a me ouvir.

Donna ficou em pé com um ombro encostado na parede e de braços cruzados, Harvey sentou na cama olhando para ela.

- Eu sei que desde sempre você faz parte da minha vida- Harvey começou- antes de nós termos alguma coisa….você sempre soube de tudo...sempre foi natural compartilhar com você….algumas coisas você sabia sem eu mesmo dizer - Harvey sorriu e Donna balançou os ombros convencida - Pois bem, estamos há quase 10 anos juntos e realmente eu pensei que estaria fazendo o certo de te poupar de mais um desgaste emocional quando a gente passou meses sofrendo, certo? - Donna balançou a cabeça concordando em partes - Mas a verdade, Donna, é que eu não queria que você me visse como um fraco e impotente que precisava de ajuda para dormir e lidar com as emoções…. Eu queria evitar que você me olhasse ou sentisse pena de mim - Harvey concluiu, seus olhos estavam marejados mas ele não se permitiu chorar.

- Harvey…. - Donna falou em um tom baixo - Eu jamais veria você como um fraco ou impotente…. Veja o tanto de coisa que você aguentou sozinho desde a doença de Harriet… Você, sozinho, via a cada momento o câncer tomar conta do corpo dela - a essa altura as lágrimas ja desciam pelas bochecha de Specter- Eu sempre tive você como o mais forte dessa situação!

- Por isso que eu não queria te contar que passava mal toda vez que ficava longe de Harriet…..

- Eu entendo….mas me doeu ter que descobrir da forma como eu descobri….Você podia ter dito quando ja se sentia melhor - Paulsen explicou.

- Eu sei… me desculpe! 

- Como que os ataques de pânico começaram? - Donna perguntou, ainda estava em pé e de braços cruzados, demonstrando que ainda estava com raiva - Só se você quiser falar, claro!

- Bem… o primeiro aconteceu no dia que eu retornei ao trabalho …. Achei que tinha sido excesso de cafeína…. E depois aconteciam quando eu chegava no escritório ou antes de alguma audiência…. Mas o gatilho era sempre quando eu pensava que não estava perto de Harriet caso algo acontecesse.

- Sinto muito que você passou por isso sozinho… - a ruiva disse, mas não perdeu a oportunidade de cutucar - Podíamos ter passado por isso juntos.

- Donna… - Harvey ficou de pé e se aproximou dela, pondo as duas mãos no quadril da ruiva - Eu já me expliquei… - a boca de Harvey estava muito próxima da boca dela, e apesar de querer muito beija-lo se manteve inerte.

Everything is changed!Where stories live. Discover now