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13° Capítulo - Judeus não são permitidos.

Ouvindo isso, Anne chora mais ainda, seus berros ficam intensos e sua mãe tenta nina-la, porém sem sucesso. A jovem olha desesperada para a parteira.

— Rebeca, isso é normal?

— Sim Ester. — Afirma a jovem parteira. — A senhora é mãe de primeira viagem e aos poucos irá se acostumar.

Os olhos azuis se voltam para a bebe.

— Calma minha filha, porque chora tanto?

Anne abre os olhos azuis e vê sua mãe, aos poucos admira o hospital clássico, com paredes brancas e cortinas amareladas, os leitos antigos de ferro possuía lençóis claros. A bebe vendo que acabou novamente reencarnando, se frustra e seu choro volta com mais intensidade.

Anos depois...

— Filha, fico feliz que queira ajudar na livraria. — Comenta o belo homem moreno de olhos escuros, seu bigode casado com o terno marrom e o chapéu da mesma cor, o deixava mais velho que sua idade. — No futuro, ela será sua.

— Eu sei pai! — Afirma a jovem Anne terminando de arrumar os livros na prateleira. — Eu gosto demais da nossa livraria, comigo aqui iremos vender muito.

Nesse momento dois soldados armados entram no negócio da família, a jovem nota que a cor do uniforme era cinza e ambos calçavam botas negras, as autoridades olham aquele lugar e se aproximam do balcão ordenando:

— Documentos, por favor! — Pai e filha acham estranho tal atitude, mas decide não contraria-los, já que são autoridades do poderoso Adolf Hitler. Eles entregam os documentos e os soldados olham novamente, porém dessa vez, seus olhares demonstravam nojo e revolta. — Judeus não são permitidos.

— Como assim? — Questiona o pai de Anne. — Sempre trabalhamos aqui, essa livraria era de meu avô.

— Senhor... — O soldado olha novamente para o documento. — Isaias...as coisas mudaram, o nosso líder Hitler já não quer mais uma raça tão imundo como vocês. — Pai e filha ficam incrédulos com aquelas palavras e nesse momento os dois soldados os tiram a força. — SAIAM AGORA.

Aos poucos os judeus são expulsos de locais públicos, festas, empregos e de suas próprias casas, Anne não compreende o que está acontecendo, mas a garota não imaginaria que o pior estava por vim.

Em um belo dia, sua família é expulsa enquanto almoçavam, os mesmos soldados que os expulsaram de sua livraria estavam agora expulsando-os de sua própria residência. Anne e muitos judeus são levados de trem até um campo de concentração, todos são recebidos por música.

— Não parece tão ruim. — Exclama Ester olhando para a filha e o marido. — Tem até música?

— Querida, espero mesmo que você esteja certa. — Isaias abraça a esposa e a filha dizendo. — Vamos ficar juntos, Hitler prometeu que as famílias não seriam separadas.

— ANDEM LOGO. — Grita um soldado jovem, ele puxa Anne obrigando-a a desce, seus pais a acompanham e o mesmo a empurra. — VOCÊS JUDEUS SÃO TÃO LERDOS, ANDEM.

Assim que todos saem do trem, a orquestra para de tocar e um homem se aproxima, pelas suas vestes cinzas e sua pose, demonstrava autoridade e poder, a jovem nota que todos os outros soldados o obedecia.

Os judeus se aglomeram em duas filas, deixando apenas um corredor largo, aonde tal homem passava e olhava com desprezo para todos.

— ANDEM. — Ordena alto e em bom som. — MULHERES NA DIREITA, HOMENS NA ESQUEDA E AS CRIANÇAS AO MEU LADO. — Os soldados obedecem e começam a separar violentamente as famílias, todos gritam e pedem misericórdia. Isaias assim como os outros chefes de família tenta proteger os seus, mas acaba apanhando dos soldados e é arrastado para a esquerda, o caos se instala ali e depois de tanto sofrimento, a organização retorna. — AS MULHERES ENTRARÃO PELO PORTÃO A FRENTE E OS HOMENS ENTRARÃO PELO PORTÃO DO OUTRO LADO, NÃO É PERMITO QUE TENHA MISTURA DE SEXO. — Os olhos verdes se voltam para as centenas de crianças, todas de aproximadamente 5 a 14 anos e um sorriso macabro surge. — Agora vocês pequeninos. — Exclama o soldado em tom baixo, deixando apenas as crianças ouvirem. — Viram comigo, eu tenho uma surpresa deliciosa para vocês.