O garoto da casa ao lado.

010 - Almas irmãs.

— A lua está bonita - digo me voltando novamente para o céu.

— As estrelas também. - O ruivo responde e eu sorrio.

— Você conhece, é? - me viro para ele, que tem os olhos focados no céu.

— Conheço - ele responde e eu me viro novamente para olhar a minha amada lua. Ficamos um tempo em silêncio, um silêncio confortável. Uma brisa gostosa passa por nós e leva meu cabelo na grama. É tão estranho pensar no meu eu de antes, aquele que odiou Sasori por uns 2 dias, agora.

— Ei, Sasori - ele responde com um "hum" - eu odiava você. Odiava mesmo. Porque você falou dos brownies do Itachi com desgosto - brinco.

— Aqueles bolinhos estavam deliciosos. E eu sinto muito por aquilo. De verdade. Tinha sido um dia difícil, mesmo que isso não seja desculpa. - A voz dele sai baixa.

— Tudo bem, eu entendo.

— Deidara... posso te contar umas coisas? Preciso desabafar.

— Claro.

— Naquele dia eu e minha avó havíamos discutido.

— Você tem certeza de que quer contar? Você não precisa, sabe - digo, achando que ele estava tentando explicar seus motivos, mas eu não queria saber, não me importava.

— Tenho. Confio em você. Bem, se você for um idiota, o transformo em marionete.

— Que horror, Sasori. - Digo, aterrorizado.

— Enfim, tínhamos brigado porque ela disse que eu estava sendo insensível. Meus pais morreram e...

— Sinto muito, hum.

— Tudo bem. Ela disse que estava sendo insensível porque supostamente não dei importância para algumas fotos deles. Eu só não estava pronto para rever as fotos, sabe.

— Entendo.

— Desculpa falar essas coisas para você...

— Ah, não, não. Tudo bem. Hum. Pode me falar o que você quiser. Pode desabafar, Saso - coro pelo apelido criado repentinamente por meu subconsciente. - Hum... desculpa.

— Pode me chamar assim se quiser. Posso te chamar de "Dei"? - ele pergunta.

— Claro, - sorrio - pode sim, Saso.

Ficamos em silêncio novamente, processo os apelidos. É fofo. Olho para a lua e faço uma confissão secreta. "Não é meu primeiro amor mas até agora é o único inesquecível. O primeiro amor que foi correspondido, fale com os superiores aí em cima para não deixar ele ir embora precipitadamente, por favor. Ele acabou de chegar, sabe." e depois fecho meus olhos, desejando profundamente que minha meu pedido seja concedido.

— Saso, você tem o hábito de ler? - pergunto sem o olhar.

— Não leio com muita frequência mas gosto muito. Por quê? - ele responde.

— Já leu Anne de Green Gables?

— Não, nunca.

— Bom, ela, Anne, é órfã, sabe, e é adotada por Marilla e Matthew. E então ela começa a morar em Avonlea, na propriedade Green Gables. E na cidade ela faz uma amiga, Diana. Anne faz Diana jurar algo, sabe. Elas juraram que seriam melhores amigas para sempre. Anne considera Diana uma alma irmã. Almas irmãs são aquelas pessoas em que suas almas estão conectadas.

— Interessante.

— Acho que somos almas irmãs.

— Acha?