006 - Realidade.

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Com a promessa de Sasori de fazer uma pintura em tons claros, decidi fazer algo para mostrar para ele também. Agora que ele sabe que sou apreciador das artes, preciso o impressionar.

É sábado a tarde e eu estou no meio do meu quarto em cima de vários sacos plásticos, na posição de meditação, enquanto modelo argila. É tão prazeroso e bom fazer isso. Hidan, Itachi e Obito estão aqui também. Os três atentos à frente da minha janela, esperando movimentação na janela alheia.

— Que saco! Não aguento mais esperar pelo seu vizinho bonitinho, Deidara. E você aí, todo despreocupado com as mãos nessa gosma. Sinceramente! Por que fui topar isso? - Hidan reclama pela quinquagésima vez desde que chegou aqui.

— Eu avisei o que aconteceria hoje, e, mesmo assim, você insistiu em vir aqui - bufo.

Ficamos com fome e decidimos comer alguns biscoitos. Estamos todos sentados no chão da sala, despreocupados. Com exceção, é claro, do maluco do Hidan, que está quase que grudado à janela da sala. É o que dizem: "me diga com quem andas que te direi quem és.". Acho que não posso reclamar de ter um amigo assim. Pelo menos ele é engraçado, quando quer.

— Ali! Olhem lá! Eu sabia que vir até aqui não era perda de tempo! - o albino grita de repente. Eu e os dois Uchiha nos aproximamos dele em um pulo. Na varanda de Sasori agora estavam ele e mais 4 amigos. 2 deles eu já tinha visto, no dia da mudança, os dois grandões. Outros dois eram estranhamente familiares...

— RIN!? - Obito grita ao meu lado. Tenho certeza que ele vai acabar me matando de algum jeito em qualquer dia.

— Eu já sou meio surdo e você ainda fica gritando no meu ouvido, hum - digo.

— Ah! Desculpa, Dei. É que foi uma surpresa imensa ver a Rin na casa do seu vizinho. - Ele tenta "examinar" meu ouvido.

— Rin não é aquela garota que você é doidinho desde que tinha 5 anos? - Hidan pergunta em certo tom de provocação.

— É... - Obito responde com pesar.

— E aquele é o Nagato, tenho certeza... Mas vocês precisam confirmar para mim. - Itachi diz, forçando a vista por trás dos óculos. Nagato? Nosso Nagato?

— Deus! É mesmo o Nagato, primo do Naruto por parte de mãe... você e ele estudaram juntos não foi, Ita? - pergunto ao de olhos ônix.

— Sim, sim. Estudamos uns 3 anos juntos, continuamos bons amigos... por isso aquela garota de cabelos lilases e o garoto ruivo eram familiares... são Konan e Yahiko. - Ele conclui. É claro! Aqueles dois... mesmo que eu só os tenha visto de longe, tinha certeza de que conhecia eles...

— Quem quer apostar que eu consigo o número de um deles? - Hidan diz de repente.

— Eu aposto, mas não pode ser a Rin. - Obito diz.

— Fechado, e vocês?

—  Vai fundo, seu maluco. - Digo e Itachi ri baixo e depois concorda. Hidan sai da casa, arrumando seu cabelo impecavelmente penteado para trás antes disso, e vai em direção a varanda da casa ao lado. Eu e os primos Uchiha acompanhamos sua movimentação pela janela. O albino cumprimenta todos ali e fico tentando adivinhar de quem ele vai pedir o número. Na hora de cumprimentar Rin, ele fez questão de olhar diretamente para a janela onde estávamos, onde encontrou um Obito vermelho como um pimentão de raiva por Hidan ter beijado a mão da garota. Não sei por qual motivo ele está assim se Hidan nem sequer gosta de garotas.

Para minha imensa surpresa, ele pede o número do grandão de cabelo castanho. Cara, fala sério, ele seria a última pessoa dali que eu achei que o Hidan pediria o número. Achei que pediria do outro que parecia mais simpático. E pior: o cara entregou. Coitado, depois de conhecer o Hidan vai querer se jogar de uma ponte. Eu penso em me explodir sempre que ouço a voz dele. O albino volta saltitante para minha casa.

— Consegui, seus descrentes! - ele grita com um sorriso, o celular na mão.

— Você pagou aquele cara ou o quê? - Obito pergunta em tom meio divertido meio infeliz.

— Não, não paguei. Você tem uma péssima imagem de mim, sabia? - ele faz drama.

— Todos temos. - Respondo, dando de ombros. - Mas por que aquele grandão? Ele parecia sério e... sei lá.

— Ele me chamou a atenção. E fala sério ele estava usando um Rolex! UM ROLEX! Vocês têm noção disso? Eu posso ter encontrado meu velho da lancha! - Ele fala entusiasmado até demais. - Brincadeira.

— Você é doido. Mas um Rolex para simplesmente visitar o amigo? Estranho. - Itachi reflete.

— Na verdade, todos estão bem arrumados, acho que vão sair - Hidan diz.

Sair? Sasori No Akasuna vai sair de casa para algum lugar que não seja o mercado? Essa eu pago para ver!

— Sabe para onde vão? - pergunto ao albino.

— Não... mas posso descobrir - Hidan disca no celular e consigo ver pela janela o moreno atender ao celular.

"Oi, aqui é o Hidan, que pegou seu número a 5 minutos, Kakuzu não é? Ótimo. Posso te perguntar algo? Pode parecer uma pergunta estranha mas... para onde estão indo? Vi que estão bem arrumados mas fiquei com vergonha de perguntar. A festa no centro? Sério? Uau, eu estava pensando em ir. É, acho que apareço lá sim. Tudo bem, tchau, falo contigo depois." O Hidan é muito atirado, e quem aguenta? Eu.

— Festa no centro, eu estava querendo ir porém sem carona não dá, por causa do meu toc.- Ele diz em infelicidade.

— Nós vamos, Obito está de carro. Liguem para seus pais, hum - digo e vou em direção a escadas, pretendendo ir até meu quarto me arrumar.

Desço depois de 20 minutos, eu era o único que precisava se arrumar, visto que estava sujo de argila.

— Todos deixaram? - pergunto me referindo aos pais deles, todos respondem que sim e logo saímos de casa, eu já havia mandado uma mensagem para minha mãe, que disse para eu me divertir.

Não sei onde eu estava com a cabeça quando decidi vir para essa festa, que mais parecia um festival. Festas comunitárias sempre estão cheias de gente mas a situação dessa era absurda! Como eu em sã consciência vou achar o Sasori nesse mar de gente.

— Ok, estou indo para casa. - Itachi diz ao meu lado e logo agarro seu braço, ele não vai me abandonar dessa vez.

— Acho que é isso que a gente encontra quando morre. - Diz Hidan com os olhos quase brilhando de entusiasmo. Daqui a pouco tudo vai perder o brilho para ele. É só se tocar do tanto de sujeira que esse lugar tem.

Ok, não surta, Deidara. O plano é simples: Andar pela festa e acabar esbarrando no Sasori, e então poder ter uma desculpa para conversar com ele por horas, e então um felizes para sempre. O único problema aqui é: Isso não é um filme, é a realidade. Começo a suar frio quando Hidan sai de perto do nosso grupo para comprar comida e arrasta Obito consigo. Acho que Itachi percebe meu nervosismo porque segura minha mão forte.

— Dei, tudo bem? - apenas dou um aceno de cabeça em positivo, mas ele não solta minha mão. Estou paralisado, droga, por que eu vim para este lugar?

— Ita... acho que é um ataque de pânico.

O garoto da casa ao lado.Where stories live. Discover now