O Balrog

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Nós corremos. Eu me mantinha perto de Legolas e dos hobbits, enquanto acompanhava o resto do grupo. Os orcs eram muitos para que pudéssemos combatê-los, mas já estávamos próximos da saída de Moria. 

Os gritos dos orcs nos acompanhavam, agudos e ampliados pela caverna. De vez em quando eu via alguém olhando para trás, e logo não resisti em fazer o mesmo. Imediatamente me arrependi de ter olhado. Eles eram centenas.

Corríamos no escuro, com apenas a luz de Gandalf, branca e pura, nos guiando. Olhei para cima. Mais orcs vinham do teto. Eu nem sabia mais para onde olhar. Eles estavam em todas as direções.

De todas as direções. E foi quando percebi que estávamos totalmente cercados. Não havia saída. Estávamos fechados em um círculo. Eu estimaria cerca de quinhentos orcs a nossa volta. Era impossível lutar.

Mesmo assim, me preparei para lutar. Eu não cairia sem levar o máximo possível dessas criaturas para o inferno. 

Mas não foi necessário. Porque de repente, as criaturas pararam de avançar, estacadas em seus lugares. E então, elas fugiram. Fugiram de um barulho horrível. Parecia um rosnado, mas muito alto, e ecoava por toda a mina. Uma luz alaranjada nos atingiu.

- Que diabrura é essa? - Boromir perguntou, em voz baixa.

O olhar de Gandalf não mostrava surpresa. Apenas aceitação, e determinação. Como se ele já estivesse preparado para isso.

- É o Balrog. - Ele disse, lentamente - Um demônio do mundo antigo. - Legolas tinha os olhos arregalados ao meu lado, e pude perceber algo neles. Medo. Eu sabia que meus olhos expressavam o mesmo. Pois os balrogs eram criaturas terríveis, corrompidas por Melkor, e destinadas a seu serviço.

- Seu poder é maior do que qualquer um de vocês. Corram! - Gandalf anunciou. E então, saímos correndo de novo, em disparada.

Os rosnados agora haviam se transformado em rugidos cheios de ódio. Eu sentia medo, mas agora tinha finalmente entendido as palavras de Gandalf. Senti o anel esquentar em meu dedo, como se ecoasse meus pensamentos. Gandalf tinha algo em mente. E fosse o que fosse, não era bom.

Logo a câmara escura se abriu em uma caverna ampla, iluminada pela luz laranja do fogo. Um caminho de pedra estreito passava por cima de um abismo, formando escadas e curvas.

- Gandalf. - Aragorn o chamou, e eu me aproximei.

- Guiem todos. A ponte está próxima. - Gandalf disse, e ao receber nosso silêncio, continuou - Façam o que eu digo! Agora as espadas são inúteis!

Continuamos, começando a descer pela escada de pedra. Avançamos por mais algum espaço, antes de encontrar um buraco na escada. O abismo se estendia no meio, a luz do fogo emanando dele.

- Vá. Ajude os outros a pularem. - Eu disse a Legolas. Ele pareceu querer discutir, mas ao ver meu olhar, pulou para o outro lado.

A porta por onde tínhamos passado alguns minutos antes tremeu. Uma luz amarela começou a emanar dela. Tínhamos pouco tempo. 

Gandalf foi o próximo a pular. Legolas o apoiou para que não caísse, e o mago abriu espaço para que os próximos pudessem saltar.

Então, uma flecha bateu na pedra aos meus pés, seguida de várias outras. Os orcs tinham voltado, atirando de cantos escuros bem acima de nós. Precisávamos nos apressar.

Legolas começou a atirar nos orcs, enquanto Boromir agarrou Merry e Pippin, pulando junto com eles. Assim que passaram para o outro lado, mais um pedaço da ponte ruiu. O buraco estava muito maior agora.

- Sam! - Eu chamei, segurando o hobbit pela manga. Eu e Aragorn o seguramos, e o jogamos para o outro lado. Aragorn se virou para Gimli, mas o anão se afastou.

O Retorno do AnelOnde histórias criam vida. Descubra agora