Cap 6

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Elain

Haviam pousado em algum lugar entre as árvores e um pequeno riacho que cortava a floresta ao meio, havia inúmeras folhas secas no chão e os pinheiros se estendiam metros de altura acima deixando apenas poucos feixes de luz penetrarem entre eles.

O cheiro de pinho enchia seus pulmões, mas não pode evitar um arrepio se espalhar por sua espinha, nunca havia estado em uma floresta tão fechada e escura, pode ouvir o barulho de galhos quebrando em algum lugar próximo e seu coração saltou pela boca. Ela se encolheu rapidamente e agarrou o braço de Azriel, se mais algum barulho soasse ela seria capaz de escala-lo, olhava para todos os lados a procura de algo que pudesse atacá-la.

Ele a trouxe para mais perto segurando seu ombro e sussurrou:

- Está tudo bem, não deixarei nada acontecer com você. - Ela sabia disso - Se não estiver pronta podemos voltar para casa.

- Não, tudo bem. Estou apenas um pouco assustada, quando era criança sempre ouvia histórias sobre criaturas além da muralha que procuravam jovens com carne macia para o jantar. - Era verdade, todas as histórias de terror que conhecia se passavam em um lugar como aquele.

- Garanto que não será o jantar de ninguém hoje. - Az disse lançando um sorriso, ele estava se divertindo com aquilo.

- Bom, por onde devemos começar? - Elain recuou alguns passos para poder encara-lo.

- Observando. Quero que me diga tudo que vê ao seu redor.

Franzindo o cenho e mordendo o lábio, ela girou em uma volta completa com seus calcanhares.

- Hm... Existem muitas árvores, tem pinhas e um punhado de folhas no chão, consigo escutar o rio correndo a alguns metros, também tem alguns cogumelos nascendo perto daquela pedra e uma lesma bem gorducha. - Respondeu apontando para onde o animal deslizava.

- Ótimo, isso é bom, mas não me disse os pequenos detalhes.

- Quais?

- Acima de você tem um casal de esquilos, um gaio azul está a quatro metros daqui, as folhas estão arrastadas e existem alguns galhos quebrados, o que indica que algum animal provavelmente grande passou por aqui não faz muito tempo, posso dizer isso porque a terra está úmida entre as folhas. - Era incrível como em poucos segundos ele havia notado coisas que jamais perceberia - Nosso trabalho hoje será rastrear o animal que deixou estás marcas.

*

Algumas horas se passaram e a musculatura das coxas queimavam após todo aquele tempo de caminhada. Azriel havia mostrado todos os sinais, havia fezes, alguns ramos mastigados e um tufo de pelos marrom claro preso em uns espinhos, ao que tudo indicava estávamos seguindo um cervo adulto.

*

Em uma pausa pararam a beira do rio, Elain se jogou no chão entre algumas rochas, estava tão cansada que poderia dormir ali mesmo se fechasse os olhos. O encantador de sombras foi até à margem lavar as mãos e olhar ao redor.

Era tudo incrivelmente silencioso, o único barulho que tomava conta de seus ouvidos era a correnteza, ela girou a cabeça para olhar o que havia na outra ponta perto de uma queda d'água e lá estava seu prêmio, o cervo abaixado bebendo água na beira do rio.

Ela se arrastou pelos cascalhos tentando não fazer barulho para observá-lo entre as pedras quando uma mão agarrou seu ombro e a parou.

Azriel levantou um dedo até a boca, um sinal para que permanecesse em silêncio. Era um animal lindo, sua galhada era enorme e imponente, até que suas orelhas giraram e ele ergueu seu pescoço em um rápido movimento, mas não tão rápido, um puma saltou em sua garganta antes que tivesse a chance de correr e lhe arrancou a vida.

Corte de flores e sombrasWhere stories live. Discover now