Cap 3

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Elain

Ela não conseguia respirar, era como ser apunhalada em seu peito com uma adaga quando ela finalmente notou o fio dourado no pescoço da sacerdotisa, seu colar.

Havia sido doloroso a forma como ele a rejeitara, aquela noite após o solstício tinha deslisado sorrateiramente pelas escadas quando seu poder lhe avisou que o encantador de sombras estava no andar de baixo. Ela queria vê-lo, passará dias pensando em um presente que seria bom o suficiente para fazê-lo sorrir já que era algo que acontecia com tanta frequência. E francamente, ela o observava desde o momento em que colocou seus olhos nele, mesmo quando ainda era humana sua presença era tão agradável, Azriel era um mistério que ela desvendou com facilidade, ela sabia exatamente o porque era tão recluso, tão protetor, sabia exatamente com que demônios ele lidava em sua mente.

A lembrança do som de sua risada gutural fazia seus ossos estremecerem, a memória do toque demorado de suas mãos em seu pescoço, ele a queria, e ela o queria, sabia disso, poderia ser feérica a pouco tempo mas ela já havia sentido o cheiro da excitação antes, sabia de seu desejo, ela foi permissiva e sonhava a muito tempo com seus lábios se tocando ou acariciando cada parte da superfície de seu corpo, ela o desejava mais do que gostaria, mas quando consentiu, quando finalmente achou que ele a queria tanto quanto ela queria ele, Azriel não o fez, foi como um balde de água gelada, mágoa inundou seu coração. Estava mais do que claro que não havia possibilidades de o encantador de sombras nutrir algum sentimento por ela e agora a prova estava estampada em sua frente, no pescoço de outra fêmea para ser mais exata.

Naquela noite após a rápida saída de Azriel, ela passará o resto da noite em seu quarto sentindo-se rejeitada e tola por ter imaginado que ele a cobiçava, poderia jurar ter sentido seu cheiro se intensificando enquanto seu olhar caia sob sua boca e sabia o que aquilo significava. Não poderia imaginar o motivo do qual ele tenha se afastado e batido em retirada a deixando sozinha naquela sala, mas agora ela sabia, talvez estivesse apaixonado pela feérica sentada ao seu lado e ela deveria ter interpretado errado seus sinais.

Mas mesmo assim, aquele maldito canalha! Entregar seu presente a outra pessoa? jamais havia imaginado que Azriel seria o tipo de macho que faria aquilo, que agiria como se aquilo não significasse nada. Como se o presente não tivesse sido pensado especialmente para ela, machos feericos ou homens humanos, todos eram iguais. A raiva crescente em seu peito subia como uma erva daninha no jardim do seu coração, era difícil conter a vontade de esticar sua perna por de baixo da mesa e chuta-lo com toda sua força entre as pernas e acabar com qualquer possível futura geração de mini Illyrianos que ele pretendia trazer ao mundo algum dia.

Seus sentimentos dançavam em uma valsa acelerada, raiva e magoa, ela queria gritar com ele e cuspir sob a mesa todas aquelas palavras sujas e vulgares que surgiam em sua mente. Mas não faria aquilo, não mostraria seu lado obscuro agora e principalmente em um dia especial para sua irmã, era tão boa em esconder seus sentimentos ruins que a maioria das pessoas não imaginaria que poderia ter tais pensamentos.

Ela engoliu em seco e vestiu sua máscara habitual, doce e inocente voltando-se a Gwyn. Sabia que a feérica não havia culpa e que mal deveria saber que seu presente anteriormente havia pertencido a outra pessoa, mas ainda assim, uma havia uma pontada se ciúme de crescia ruidosamente dentro de seu estômago que a fazia se questionar do porque não era boa o suficiente e aquilo a atormentava, sempre tentou ser boa para todos ao seu redor, acreditava fielmente na bondade e na capacidade de ver o lado positivo das coisas, mas após tudo, após a perca de sua maldita mãe, do seu querido pai, de seu antigo noivo, de sua família, após ver o terror da guerra, era difícil não ser assombrada por uma vontade de descontar sua fúria no mundo.

Gwyn Berdara era astuta, tinha fogo nos olhos e algo famíliar em seus traços... Tão familiar... O tom de ruivo, sua pele oliva, até mesmo seu nariz levemente arrebitado e reto. Algo dentro de si sussurrava algo que a fez se virar para o macho que estava sentado ao seu lado, ela o encarou com afinco, pode se dizer até que por dois ou três minutos enquanto Lucien estava ocupado conversando com Morrigan, aquilo cheirava a mistério e se tinha algo que amava era descobrir segredos.

Corte de flores e sombrasWhere stories live. Discover now