Engoli o resto das panquecas com força, quase rasgando a garganta.
Sebastian fez um sinal para um garçom, disse algumas coisas para ele e apontou com o queixo em direção a mulher.
Desviei o olhar dele assim que o garçom saiu, escondi meu rosto atrás do cardápio, pedi aos céus que ninguém notasse minhas bochechas vermelhas. Eu era ingênua, mas sabia bem quando duas pessoas estavam flertando.
O garçom entregou um champanhe na mesa da mulher, então apontou para Sebastian que observava toda a cena.
Limpei os cantos dos lábios uma última vez e me levantei.

— Para aonde vai? — Perguntou.

— Quero voltar para o quarto. Acho que esse creme não me fez bem.

Vejo suas sobrancelhas se juntarem discretamente.
Herald me escoltou de voltar para o quarto, assim que fiquei sozinha soltei um suspiro que mal sabia estar guardando.
Saí daquele salão antes que Sebastian me deixasse sozinha na mesa para ir atrás da mulher da mesa ao lado.
Olhei ao redor, o quarto com a piscina ainda não fora desbravado. Caminhei até lá, era uma banheira de hidromassagem, coloquei a mão na água, estava perfeita para um banho.

Marília com certeza não colocaria um biquíni sabendo o lugar que vinhemos, então usei apenas minhas peças íntimas, deixei o roupão próximo a mim, caso Sebastian chegasse — duvido que seja tão cedo — eu teria como me cobrir.
Coloquei primeiro um pé no degrau, depois o outro e por fim entrei por completo. Tinha vista completa para as montanhas com neve, contraditório enquanto eu me aquecia na hidromassagem.
Apoiei minha cabeça na borda enquanto meus braços se movimentavam entre as bolhas de água. Fechei meus olhos.

Ainda não pensei que Sebastian poderia ficar com outras mulheres, já que nosso casamento era por pura conveniência. De qualquer modo, foi uma sensação estranha, quase a mesma de quando Gisele piscou para Ethan, a diferença era que ele não era um maníaco sádico.
Não, não era o mesmo.
Sebastian e Ethan eram duas pessoas distintas, eu amava o Ethan, nem mesmo o que aconteceu ontem mudaria isso.

° ° °

Despertei assustada, Sebastian olhava-me do outro lado do cômodo, apoiando-se na porta.
Me ajeito na hidromassagem, desviando o olhar.
Pela minha visão periférica eu o vi tirar a camisa, depois as calças, então minha respiração disparou. Não ousei olhar.
Quando nossos olhos se encontraram novamente, ele já estava apenas com o dorso para fora da água. Seu peitoral largo tinha algumas tatuagens por baixo dos pelos, o abdômen era definido, um "V" nos quadris fazia seta até sua parte íntima. Era tão bem esculpido quanto um deus grego. Por sorte ele usava um calção.
Sebastian apoiou seus braços na borda, do outro lado da hidromassagem de frente para mim.
Olho para as montanhas, controlando minha respiração descompassada.

— Queria saber o que se passa na sua cabecinha. — Indagou ele.

Olho para meus pés embaçados pelas bolhas.

— O pior a respeito de tudo.

Ele mostrou um sorriso malicioso.

— Duvido que seja algo ruim. — Rebateu.

Pigarreei.

— Se divertiu com a loira de mais cedo? — As palavras saltaram da minha boca.

— Por isso foi embora?

Balanço a cabeça.
Minhas bochechas pegam fogo.
Pisquei algumas vezes, buscando alguma forma de refutá-lo, mas todas levavam a uma coisa: ciúme.

— Não seja ridículo.

Ele solta os braços da borda, então passa a se aproximar de mim.
Eu comecei a suar, o lugar parecia abafado demais.
Olho para cima, Sebastian estavam a polegadas de distância de mim.

— Por acaso está com ciúmes?

Um sorriso amarelo surge nos meus lábios, balanço a cabeça de um lado para o outro.

— Ciúme de você? Já disse que o único sentimento que sinto por você é ódio. — Afirmo.

Ele ultrapassa o limite, coloca as mãos na borda da hidromassagem, a cada lado do meu corpo, seu joelho se posiciona entre as minhas pernas, puxo o peso do meu corpo para cima, pois facilmente ele tocaria na minha parte íntima com a perna.
Engulo a seco.
Seus olhos miravam meus lábios sem piedade.

— Quer saber o que eu fiz com ela? — Sussurrou.

Não movi um músculo sequer.

— A fodi até seus olhos revirarem nas órbitas. — Sua voz fica ainda mais grave. — Tudo isso pensando em você, na minha cabeça, era você rebolando em cima de mim.

O tapa ardeu minha mão, dessa vez foi mais forte, pois ele virou um pouco o rosto para o lado. Porém, agora Sebastian bufou em pura raiva segurando firme meu pulso.

— Se fizer isso mais uma vez juro que não vou me segurar! — Avisou puxando meu braço para cima.

— Não tenho medo de você, muito menos ciúme. — Cuspo as palavras. — Você quem deveria não tentar essas coisas comigo, eu nunca faria nada disso com você.

O empurro para longe. Saio da hidromassagem com o peito exasperado.

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