— Não fique nervosa. Prometo ser gentil. — Sua voz saiu manhosa.

Sebastian desenhou o contorno dos meus lábios com a ponta do dedão. A todo momento eu me perguntava por que não conseguia me mover dali.

— Não me toque... — Ameaço.

Um meio sorriso aparece em seus lábios.

— Posso fazer o que quiser com você aqui, ninguém vai dar a mínima para os seus gritos.

Segurei minha respiração.
O nó na minha garganta aumentou.
Sebastian se aproxima ainda mais, sentia o tecido de sua calça roçar na minha coxa nua, a sensação era como se mil agulhas estivessem pinicando meu corpo ao mesmo tempo.
Sua mão desceu até a minha nuca, seus dedos agarraram meus cabelos puxando para baixo, inclinando minha cabeça para cima me obrigando a olhá-lo.

A mão de Sebastian contornou pescoço o apertando com um pouco de força. Quase gritei, mas me contive.
Uma mistura de medo e prazer se apoderou do meu corpo, o calor entre as minhas pernas aumentou enquanto o sorriso malicioso em seus lábios alargou.

— Me solta, Sebastian.

Ele aproximou o rosto até a lateral da minha cabeça, encostando seus lábios no lóbulo da minha orelha que aqueceu imediatamente. Então ele sussurrou:

— Vai chegar um dia que você vai implorar por mim, então quando você estiver aos meus pés... vou fazer você esquecer seu nome.

Ele me largou lá, virou as costas para mim e saiu do quarto.
Caí de joelho no chão, com as pernas fracas.
Pisquei algumas vezes.
Minha respiração estava ofegante, a mesma sensação que Ethan me fez sentir naquele dia de apoderou de mim ainda mais forte, porém agora tinha medo, receio, mas de uma maneira boa, de uma maneira que me fazia querer desbravar mais.
Levei as mãos até o pescoço, meu corpo inteiro ardia.
Procurei por algum banheiro, entrei e apoiei minhas mãos na pia ainda ofegante. Fiz uma concha com as mãos e joguei água em todo o meu colo, nem parecia estarmos em meio a neve.
A água escorreu pelo meu decote. Apertei os olhos.
Olhei meu reflexo no espelho, meu pescoço ainda tinha as marcas dos dedos de Sebastian.

° ° °

Não consegui pregar os olhos a noite inteira, fiquei bolando na cama pensando no que aconteceu mais cedo. Podia sentir as mãos de Sebastian ao redor do meu pescoço. Arrepios passavam pela minha espinha até minha cabeça.
Agarrei o lençol colocando debaixo da minha cabeça.
Ele sumiu o resto da tarde, jantei sozinha no quarto, mas, na verdade, a comida não parecia tão interessante.
Balanço a cabeça.
Continuava sendo o Sebastian, o homem que parece odiar a todos, o homem cujo trouxe-me para outra prisão.
Ouço a porta ser aperta por fora.
Finjo estar dormindo, porém, abro uma brecha para olhar ao redor com um dos olhos.

Sebastian adentrou o quarto segurando uma garrafa, seu terno sumiu, agora usava apenas a camisa social com os botões abertos.
Ele cambaleava pelo quarto enquanto tirava os sapatos, jogou para um canto qualquer e deixou a garrafa em cima da mesa de cabeceira, por fim se jogou na cama ao meu lado.
Minha respiração voltou a ficar ofegante. Ele iria querer terminar o que começou mais cedo?

— Sei que está acordada. — Murmurou ele com uma voz embolada. — Não sabe fingir estar dormindo.

Abro os olhos, mas permaneço de costas para ele.

— Essa situação toda é estranha. — Admitiu ele. — Alguns meses atrás eu nem tinha namorada, agora estou na mesma cama que minha esposa.

Ouço sua mão bater na testa.

— Eu nem queria uma namorada.

— Então por que se casou? — Pergunto.

— Conveniência.

— Pra quem? Você não precisa se casar, está na cara isso. — Permaneço de costas para ele.

— Meu pai precisava ver isso antes de morrer.

Pisco algumas vezes.
Tudo isso era por conta de seu pai? Sebastian não parecia ser esse tipo de cara. Viro para encará-lo, ele estava com os olhos vermelhos e o canto da sobrancelha sangrando, pelo visto Sebastian gostava de arrumar brigas quando bebia.

— Qual a doença do seu pai?

— Câncer no pulmão. Foi diagnosticado há dois anos. Estágio final.

Seguro meu queixo. Deveria ser doloroso para todos ele.
Os olhos azuis dele encontram os meus.

— Não faça essa cara, odeio pena. — Cuspiu as últimas palavras. — Deveria ter de si mesma.

Reviro os olhos.

— Consegue ser estúpido a qualquer momento.

O canto de sua boca contrai.
Respiro fundo soltando o ar pela boca.
Levanto da cama, procuro algum pano, umedeço com água da torneira, volto para o quarto e jogo no rosto dele.

— Ai... — exclamou ele.

Ele não pegou o pano de lá, nem sequer moveu um músculo.
Tiro o pano de sua face, ele parecia bêbado demais para tentar qualquer gracinha comigo. Começo a limpar o local do ferimento. Ele engole o ar pelos dentes enquanto faz careta, não tive pena, limpei com força.

— Você é péssima com isso. — Tentou tirar o pano da minha mão.

— Quieto! — Ele me obedece segurando o riso. — Esse com certeza era meu sonho de lua de mel.

Ele desistiu colocando as mãos em cima do estômago.

— Canta para mim, Jade.

— Não.

Sebastian abriu os olhos e segurou minha mão com delicadeza.

— Canta para mim, por favor.

Umedeço os lábios e assenti.
Cantei uma música calma enquanto ele parecia adormecer, mal sentiu eu limpando seu ferimento.
Quando acabei de cantar pude vê-lo respirando fundo, sinal de que caiu no sono.
Olho por alguns instantes para seu rosto, parecia que o corte em sua sobrancelha o deixava ainda mais bonito e perigoso, assim como a tatuagem de cruz na sua têmpora. Desço o olhar, através da pouca visão de seu dorso pude ver que ele tinha mais tatuagens, porem minha vista não estava tao clara por conta de sua camisa.

Apaguei a luz do abajur e virei de costas para ele, segurando firme a borda do lençol, pensando em tudo que aconteceu nesse dia.

Perverso Where stories live. Discover now