Perguntas/Respostas

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- Posso te fazer uma pergunta dra?
- Sim!
- Você já amou?

Quais perguntas mais esse paciente vai me fazer?

- Sim! Já amei.

Julio se voltou os olhos para mim, se sentando no divã.

- Eu sei! - Quer dizer, com certeza todos nós já amamos.

Notei um ato falho, o que ele quis dizer com o que eu sei?

- Entendi! Me fale mais sobre esse amor que você perdeu?

- Ela era uma grande mulher todas as vezes ao longo dos tempos em que vivemos juntos ela me surpreendia com seu coração enorme e sua inteligência surpreendente.

- Como assim ao longo dos tempos?

- Todas as vidas que vivemos juntos.

- Como assim, pode me explicar mais? - Eu tinha entendido, mas gostaria de ter certeza.

- Todas as vidas que vivemos ao longo de mais de 800 anos. Em cada reencarnação que nos encontramos.

Engoli suspeitando. Júlio acredita em reencarnação e acha ter vivido um amor. Anotei:

Paciente tem a ilusão de ter vivido outras vidas, apresenta alucinações com suposta vivências reencarnatorias.  Psicose?

- Diga me mais sobre isso?

- Eu sofro porque encontrei mais uma vez meu amor e todas as vezes, todas as vidas que a encontro é quase sempre a mesma coisa até ela se lembrar de tudo da muito trabalho, mas vale todo o esforço do mundo.

- Mas você também bem de outras vidas? Quem você já foi?

- Eu sou eu mesmo, mesmo espirito mesmo corpo ao contrário dela que ainda troca de corpo, porque esse envelhece, padece e morre.

- E você não envelhece?

-Somente até certo tempo, a tecnologia do meu planeta aplicada a nós pleidianos nós permite viver até milênios. Vivemos por longos tempos ao consideram pela curta vida humana.

- Pode me explicar o que são pleidianos?

- São raças de seres muito evoluídos moralmente e tecnologicamente que visitam seu planeta dês de mais de 8 mil anos atrás, nós observamos seu mundo sua evolução, vocês são nossos irmãos filhos do criador e nosso papel é auxiliar vocês nesse processo de evolução.

Paciente tem alucinações delírio de que viveu outras vidas. Pode ser alguma característica de uma ceita religiosa. Devo pesquisar mais sobre o assunto para poder manter um diálogo compreensível com o mesmo.

Sai do consultório tarde aquele dia, fiquei pesquisando sobre o caso de Júlio e tentando analizar de acordo com a literatura disponível da psicanálise.
Sai, fechei meu consultório. Ouvi um barulho no final do corredor.

- Alguém? Posso ajudar?

Ninguém respondeu, enruguei a testa. Algo está muito estranho.
Acabei de fechar o consultório e peguei minha lanterna de choque que está sempre na minha bolsa; caminhei em direção a saída de montei na minha moto. Assaltos são muito comum aqui em São Paulo, mas não vi ninguém liguei a minha moto e sai. Durante a viajem tive a impressão de estar sendo seguida, mas estou tão cansada que não vou ficar preocupada com nenhuma paranóia.




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