"Não quero isso."

"Mas eu quero."

"Eu quero que você se sinta bem. Não quero que fique nervoso, não quero que tenha medo. Não quero que durma e acorde pensando na sua segurança ou na minha. Você merece coisa melhor e eu sei que eu estou sendo um..."

Yibo só parou de falar quando ouviu um soluço e viu que Xiao baixou o rosto, encostando a testa em seu ombro. Ele tentou levantá-lo, mas Xiao fez que não com a cabeça e começou a chorar baixinho abraçado ao seu corpo.

"Amor...?"

Xiao ficou calado por muitos minutos, sempre movendo a cabeça negativamente e sem soltar o seu namorado. Ele chorou por um longo tempo, longos e dolorosos minutos que fizeram Yibo sentir seu coração pesado. O policial acariciou a lateral do rosto de seu companheiro e esperou todo o tempo até ele se acalmar um pouco. E foi Xiao quem começou a falar quando isso aconteceu:

"Yibo... eu sei por que você está assim. Sei porque tem medo. Eu entendo perfeitamente... e eu sei que eu tenho culpa nisso."

"Culpa? Amor, do que você está falando? Você não tem culpa de nada."

"Eu tenho sim." Xiao ergueu seu rosto, exibindo a face toda vermelha e molhada. Ele tremia um pouco e Yibo não soube dizer se ele estava em uma crise ou apenas triste. "Eu tenho culpa porque eu agi com você muito mal no começo do nosso relacionamento."

Yibo o encarou sem entender.

"Meu bem, do que você está falando?"

Xiao passou a mão pelo rosto e fungou um pouco e Yibo se virou um pouco para ele, segurando a sua mão.

"Eu sei que eu fui frio com você. Sei que eu fui desagradável e fiz você sentir que havia um sentimento distante meu por você. Sei que eu demorei para assumir que eu te amo e que eu sou uma pessoa um pouco difícil. E eu ainda tenho meus problemas para lidar, os remédios..."

"Amor, isso não tem nada a ver, por favor."

"Tem sim." Xiao o corrigiu. "Tem, porque se eu tivesse te deixado mais seguro, se eu tivesse te demonstrado que meu sentimento era mais sólido, você não iria ficar hesitando o tempo todo em estar comigo. Não iria achar que estando comigo, você me prejudica. Yibo, você não me faz mal, estar com você não ameaça a minha segurança."

"Amor, entenda que eu não estou falando de nossa relação. Eu estou falando de gente perigosa que pode... que pode fazer com você o que sabe lá fizeram com meus pais. Eu não duvido de seus sentimentos. Não é sobre isso, Xiao, eu sei que você me ama. E eu te amo também, é por isso que eu estou morto de medo. É por isso que eu não consigo ter paz."

"Mas e se fosse eu? Se fosse minha vida, se eu tivesse pessoas atrás de mim e não você, você iria aceitar que eu dissesse que você ficaria melhor sem mim?"

"Isso é diferente."

"Por que?"

Yibo entreabriu a boca e a fechou. Xiao deu uma risada curta e falou:

"Amor, eu sinto muito não ter te dado a segurança de que eu estou com você em qualquer situação desde o começo. Eu sinto muito se eu te fiz achar que você carrega esse relacionamento e todo o fardo dele nas costas. Você tem sido minha âncora desde o começo, você me faz tão feliz... Nada, Yibo, nada mesmo vai me fazer sentir seguro se eu não estiver ao seu lado, mesmo numa situação como essa."

Yibo puxou levemente o rosto de Xiao e o deu um beijo breve, o abraçando em seguida. Ele beijou a lateral de seu rosto várias e várias vezes, apertando o seu corpo devagar.

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