[Presente]

Yibo não saiu do quarto enquanto Xiao monitorava a instalação do sistema de segurança da porta. Ele ouvia o barulho de furadeira, vozes que explicavam as coisas e muitas perguntas de seu namorado aos técnicos, que prontamente o respondiam. Yibo conhecia esse tipo de sistema muito bem, não havia muito o que desvendar. Xiao estava aprendendo a colocar a senha nele e o policial apenas estava esperando todos os homens irem embora para ele mesmo modificar o código de entrada e saída para um que apenas ele e Xiao tivessem visualizado.

Não que Yibo achasse que isso era suficiente. Ele ainda estava ansioso e assustado e não acreditava que um mero alarme e trava na porta daria segurança para Xiao. Ele não se importava muito consigo mesmo, na verdade, ele nunca se preocupou muito com sua vida desde que teve algum tipo de consciência, então claro que toda a sua paranoia girava em torno do homem que ele amava.

Xiao o observou enquanto Yibo o ensinava sobre mudar o código e ele apenas assentia, dizendo que entendia tudo. Quando eles mudaram a senha para uma menos óbvia do que o aniversário de Xiao, os dois se sentaram na sala e Yibo colocou a mão sobre a testa, acariciando o local. Ele não sentia dor, mas se sentia extremamente lamentável.

Por outro lado, Xiao se via numa situação extremamente complexa, onde não sabia exatamente como proceder. O médico sabia que o seu namorado estava estressado, nervoso e com medo e não tirava as suas razões para isso, mas queria de alguma forma fazê-lo entender que nada aconteceria – ou pelo menos eles tentariam de tudo para que não acontecesse. Eles estavam juntos, afinal. Nem um, nem outro estavam mais sozinhos na vida.

Xiao se aproximou de Yibo no sofá e sentou-se ao seu lado. O policial não o olhou, mas sentiu a mão de seu namorado sobre a sua mão esquerda. Os dedos longos e pálidos acariciaram os seus dedos marcados e pousaram ao redor da aliança que Yibo já usava. Ambos tinham uma no dedo anelar esquerdo agora. Ouvindo um suspiro pesado de Xiao, Yibo finalmente o olhou e entrelaçou as mãos dos dois.

"Eu sei que está preocupado". Xiao o falou. "Mas vai ficar tudo bem."

"Eu não tenho tanta certeza." Yibo disse. "E tudo isso é minha culpa. Você não tinha que estar passando por nada disso."

"Nem você deveria. Nem eu e nem você. Você não é um criminoso, amor, nada disso é sua culpa. Por favor, pare de se torturar."

Xiao se aproximou mais e abraçou o corpo do namorado, apoiando o rosto em seu ombro. Yibo não se afastou, mas manteve-se tenso no abraço. Ele apenas sentiu a mão carinhosa de Xiao em suas costas e sua boca beijando o seu ombro e pescoço. Com os olhos fechados, Yibo murmurou:

"Me desculpa..."

"Não me peça desculpas, amor..."

"Sua segurança, sua vida..."

"Eu nunca me senti tão seguro. Eu tenho você comigo o tempo todo. Eu estou bem."

Yibo virou um pouco o rosto e viu os olhos avermelhados de Xiao lhe encarando. Eles estavam curvados em um sorriso incerto, trêmulo. Yibo sabia que ele estava segurando o choro ali ao seu lado.

"Não sei o que fazer. Eu estou pela primeira vez perdido. Essa investigação nunca esteve tão próxima e tão distante de uma solução... eu nunca estive tão perto de entender o que aconteceu comigo e com minha família, ao mesmo tempo em que eu não sei se quero descobrir... e isso é porque eu tenho agora uma outra vida, uma outra realidade. Antes, eu estava sozinho e eu simplesmente não ligava. Agora, eu tenho você... não posso te perder. Não posso arriscar você."

Xiao aproximou o rosto do de Yibo e beijou o canto de sua boca. Próximo dele, ele o respondeu:

"Não há nada para arriscar, eu estou com você para tudo. Tudo o que vier, tudo o que acontecer."

In The EmbersWhere stories live. Discover now