C A P Í T U L O 6

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- Desculpa, desculpa, eu sinto muito - Falo desesperada ao ver seu rosto cheio de fúria olhando para mim.

- Está vendo só? Viu só o que você fez no meu rosto?! - Ele fala dando passos firmes na minha direção.

Eu nunca tinha visto nada igual. Uma parte do seu rosto era totalmente deformada. Eu estava aterrorizada, como foi que isso aconteceu? Esse acidente foi tão desastroso que matou sua família e praticamente arrancou uma parte do seu rosto. Eu estava enjoada, não por nojo. Mas sim por pena. Como uma pessoa escapa da morte e fica nesse estado? Imagino a dor que ele carrega.

Estou paralisada com as mãos na boca, olhando para sua face deformada. Senti mais medo quando vi o ódio nos seus olhos. Agora sim eu morreria. Não queria. Corri pelo quarto, mas ele me pegou e me jogou na cama.

- Você vai pagar por tudo o que você fez.

- Por favor, eu imploro, por favor. Não fui eu. Eu não fiz nada. Você tem que aceitar em mim. Por favor! - Chorei como nunca havia chorado. Meus olhos estavam fechados na maior força, e não conseguia abrir. Só estava esperando a dor. Mas se passaram alguns minutos e não senti nada. Abri os olhos com dificuldade e não havia ninguém no quarto. Suspirei aliviada, mas as lágrimas ainda rolavam pelo meu rosto.
E nesse dia, depois de tanto tempo, me ajoelhei e agradeci a Deus por não ter sido morta dessa vez.

Depois de olhar para seu rosto, percebi que precisava continuar tentando provar que eu era inocente e sair desse lugar. Eu não podia desistir. Não depois de tudo que passei.

                                       •••

Estava sentada no canto do quarto quando o vejo saindo da escuridão. Me levanto rapidamente e encosto minhas costas na parede. Ele para a minha frente e me encara. Ele tinha posto a máscara novamente no seu rosto. Não gosta de mostrá-la, por isso nunca tirava-a.

- Só vou te perguntar mais uma vez. - Fala em um tom suave, mas parecia nervoso. Concordei com a cabeça. - Por que matou minha família?

Suspiro. As lágrimas ameaçaram cair.

- Olha... Eu não sei como vou te convencer do contrário. - Dou um passo na sua direção. Ele continua imóvel. - Olha nos meus olhos. Uma única vez. Você vai saber que eu nunca faria uma coisa dessas. E eu não sou quem você acha que sou. - Me aproximo até onde eu consiga ver seus olhos. - Olhe para mim. Veja. - Digo em quase um sussurro.

Ele tirou a máscara e seus olhos estavam marejados. Ele havia chorado. Nunca havia visto seus olhos desse jeito. Meu coração dói com essa cena.
Ele olha nos meus olhos por bastante tempo até se afastar de mim e ir embora dali. Não fiz nada. Só fiquei olhando para o escuro, de onde ele havia sumido.
Eu vi bondade nos seus olhos naquele momento. Será que ele vai me deixar ir? Será que enfim ele percebeu que tudo que ele fez foi um erro? Que eu não era quem ele estava procurando?! Há um fio de esperança.

Estava quase me agachando para sentar quando o vi voltando.

- Seu nome é Kate.

- Sim - Me recomponho.

- Kate Winslet.

- Não. - Sinto um ponto de desespero. - Meu nome é Kate Roux. Nunca tinha ouvido o sobrenome Winslet na minha vida.

- E porque devo acreditar em você? - Sua voz está fria.

- Porque é a verdade! - Lágrimas escorrem pelo meu rosto. - Eu sinto muito por tudo que você passou, eu espero que quem fez isso, pague. Mas você não pode fazer com que eu carregue toda a culpa de uma coisa que eu não fiz! Por favor. - Estou chorando ainda mais, não consigo ficar de pé, escorrego contra a parede e sento no chão.

- Preciso de provas.

- Vá falar com a minha mãe, pergunte para ela sobre a filha que ela tem, ela sabe tudo sobre mi... Mãe... Minha mãe! - Me levanto desesperada até ele. - Onde está minha mãe, você fez algo para ela?! - Tento bater nele, mas segura minhas mãos.

- Garota pare com isso agora, ou então te prendo nas algemas. - Parei assim que ele terminou de falar. Fui para a cama e me sentei chorando.
- Não aconteceu nada com a sua mãe. Mas pode acontecer.

- Não - Me ajoelho aos seus pés. - Por favor, minha mãe não. Eu juro por tudo que é mais sagrado, eu não sou essa mulher. Por favor - Imploro entre soluços.

- Levanta daí garota! - Continuei agarrando suas pernas enquanto chorava. Mas soltei assim que ele chutou meu estômago. E foi embora dali enquanto eu tossia forte por conta do chute.
Eu estava enganada. Achei que acreditaria em mim e me deixasse ir embora. Mas isso nunca vai acontecer.

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