Capitulo 6

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Observava a concentração irritante de Engin naquela arma d'água, como ele curvava para ter uma boa visão de seu alvo em sua frente. O carinha da barraca mascava um chiclete que estava me agonizando pelo barulho que fazia. Pırıl e Ceren estavam tentando a todo custo acertar as argolas nas garrafas, eram péssimas naquilo.

— Você vai ficar aí parado com essa cara de julgamento ou irá me ajudar nisso aqui? - me virei procurando aquela voz e encontrei-a atrás de mim com um martelo de brinquedo na mão.

— Você não é boa nisso Selin - encarei minha irmã - Quando você vai acertar no jacaré, ele já saiu. Desista.

Ouvi ela bufar e sorri, era bom irritar Selin. Sabia que ela não sairia dali até acertar um jacaré que seja. Continuei observando todos ali concentrados em brinquedos.

— Serkan... - ouvi Selin me chamar, ignorei - Olha que está vindo ali - encarei ela. Selin indicou com o olhar pro meu lado e lá estava ela. Com uma calça moletom e uma regata com um cardigã por cima. Ela segurava um urso enorme nos braços, e do lado dela estava um homem alto de mãos dadas com ela. - Vai lá, vai falar com ela.

— Que? Você está louca Selin? A não ser que queira ver seu irmão de olho roxo né. - Desviei meu olhar me concentrando em Engin.

— Deixa de se bobo, pelo menos comprimenta sua vizinha, não vai fazer mal algum. Vai - senti meu corpo se empurrado de onde eu estava e quando vi estava apenas a cinco passos de Eda e sei lá quem.

Eda levantou o olhar me encarando e abriu um sorriso fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Cocei meu pescoço envergonhado, eu vou enforcar a Selin. 

— Oi Dr. Bolat, que surpresa ver você por aqui - disse ela enquanto segurava com força o urso em seus braços.

— Vim acompanhar aquelas crianças ali - apontei para onde meus amigos estavam que agora comemoram junto com o Engin o urso grande que ele conseguiu.

— Eles parecem bem animados - disse ela enquanto olhava pra eles. O homem ao seu lado me encarou e sorriu de lado - A esse é Efe, meu namorado, e esse é o Dr. Bolat, veterinário da Niebla.

Efe estendeu a mão e eu o comprimentei.

— Foi um prazer te ver de novo Dr, até mais - disse Eda rapidamente e saiu apertando mais o coitado do urso.

Soltei a respiração que eu nem sabia que estava prendendo. Oque foi isso? Ela estava nervosa? Por que eu mal conseguia pronunciar algo?

— SEKAN - senti um alto e forte corpo se enrolar ao meu me tirando do total transe que eu estava. Balca.

— Balca? Oque faz aqui?

— Estava do outro lado e passei aqui e vi vocês e decidi dar um Oi - disse ela ainda grudada em mim. Senti meu pescoço queimar e apostava que era eles nos encarando. Olhei pra onde eles estavam e não vi ninguém. Foi quando eu olhei pro outro lado e vi Eda nos encarando.

Por que ela estava mexendo comigo daquele jeito?

— Quem é ela? - a voz da Balca fez com que eu desviasse meu olhar.

— Quem? - indaguei não entendendo.

—Quem? A moça que você não tira os olhos, aquela bonitinha ali amassando o urso, quem é? - tirei meus olhos de Balca e voltei a encarar Eda que estava apertando o urso com os braços.

— Apenas uma colega - mudei de assunto, até porque era isso que Eda era, uma colega e minha vizinha.

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— Agora campeão, por favor, não assuste mais sua amiga, ok? - o pequeno coelho continuava me encarando. Olhei pra sua pequena dona em minha frente, Liz, e sorri com a menina que escondia o sorriso.

— Obrigada Dr. Pimentinha, prometo não chegar mais aqui gritando, ele não me respondia, achei que ele tinha mo... - segurei a mão dela.

— Respira - ela soltou o ar e levantou o olhar me encarando - não tem problema, sabe que se sentir que tem algo errado, venha correndo tá bom? estarei aqui esperando. - apertei seu pequeno nariz redondinho e dei um beijo em sua cabeça. Ela logo saiu saltitante com seu coelho na grande caixa.

Sentei na cadeira de frente pra maca e respirei fundo quando percebi meu pai me encarando na porta.

— Essa garotinha te adora, Dr. Pimentinha - falou ele, fazendo com que eu gargalha-se com o apelido que ela tinha me dado.

— Eu também adoro ela Dr. Kemal, ela é uma criança adorável - falei me virando e prestando atenção no computador em cima de minha mesa.

Observei pelo canto do olho meu pai puxar uma cadeira e sentar em minha frente. Fechei a aba das fichas e o encarei.

— E a moça? A cachorrinha dela já deu à luz? Selin disse que vocês a encontraram semana passada no parque - fechei os olhos com força apenas imaginando a vontade de estou de esganar a Selin agora. Abri os olhos encarando meu pai com as sobrancelhas erguidas esperando uma resposta minha.

— Sua filha é uma grande linguaruda - me levantei - ela te contou que foi ela que me empurrou pra cima da Eda? Que estava com o namorado ao lado? Isso ela não fala, passei a maior vergonha na frente dela. Fiquei sem reação, nem tive o que falar com ela.

— Serkan - vi meu pai se endireitar na cadeira - eu apenas perguntei pela cachorra dela.

Encarei meu pai que tinha uma expressão irônica no rosto. Bufei. Acho que falei demais.

— Tá interessado nela?

— Que? NÃO, absolutamente NÃO.

Balancei a cabeça negativamente enquanto meu pai ria em minha frente. Claro que não. Nem conheço ela e bom, ela namora.

O dia passou rápido demais, a clínica estava com um movimento leve. Fechei a clínica junto com meu pai e fomos em direção a minha casa.

Estacionei o carro na garagem e vi a movimentação na  frente da casa de Eda. Sai do carro junto com meu pai quando vi ela com Efe e mais duas pessoas ali. Subi as escadas de madeira encontrando Selin deitada no pequeno sofá que tinha no deck.

— Pensei que estivesse estudando - puxei as pernas dela sentando no sofá e os colocando em cima de mim.

— Eu estava, mas estava mais concentrada na festinha da vizinha, eles estavam fofocando alto demais e eu me interessei pela fofoca - Selin disse com a expressa mais leve que existe e ouvi a risada de nosso pai.

— Fofoca não dá futuro Selin - Papai disse encarando Selin que prontamente ergueu as sobrancelhas.

— Como não? O tanto de programas de fofocas que tem? Eles devem ganhar uma grana boa viu, vou pesquisar mais sobre - disse Selin se sentando, ela deve estar brincando.

Selin levantou o olhar encarando eu e nosso pai que também a encarava.

— O que foi? Estou falando a verdade - Disse ela.

Após a bizarra conversa com a minha querida irmã, nós nos divertimos preparando um jantar. É bom demais morar sozinho, mas é melhor ainda estar rodeado de pessoas que nos amam.

— Mamãe amava fazer massa com a gente, você lembra Serkan? - disse Selin limpando o rosto cheio de farinha. Parei o que estava fazendo e senti meu peito bater rapidamente - Desculpas eu...

— Tudo bem - olhei pra ela saindo do transe - Eu me lembro de tudo que envolve ela - sorri rápido para minha irmã que se aproximou e depositou um beijo em minha bochecha.

Não era e nunca vai ser fácil em falar de nossa mãe, sei que Selin sente também, Papai mais ainda. E não forçamos um ao outro a falar sobre oque ocorreu. Estávamos no nosso tempo, e cada um respeitava isso. Tinha todo apoio de Papai e de Selin. Eu pensava nela o tempo todo, cada minuto, cada segundo. Nunca vou esquecer o dia em que ela morreu em meus braços.
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BOA NOITEEEEE!!!!!! Um capítulo assim do nada e espero que estejam curtindo. Deixem seus votos e comentem bastante. ♥️😊

The Neighbor Where stories live. Discover now